23.01.2015 Views

Franz Kafka com Felice Bauer, em Budapeste, 1917. - Academia ...

Franz Kafka com Felice Bauer, em Budapeste, 1917. - Academia ...

Franz Kafka com Felice Bauer, em Budapeste, 1917. - Academia ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O Processo, de <strong>Franz</strong> <strong>Kafka</strong> – Uma interpretação<br />

Um dos diálogos mais interessantes é o travado por Joseph K. <strong>com</strong> um hom<strong>em</strong><br />

simples, o porteiro, marido da servente do Tribunal. De modo cumulativo,<br />

este diálogo revela para o leitor sua desorientação <strong>com</strong>pleta. Trava sua luta<br />

contra uma Corte “física” quando enfrentava uma “metafísica”.<br />

Cansado de um dia frustrante, <strong>com</strong> interrogatórios in<strong>com</strong>preensíveis, “K.”<br />

pretendeu sair da Corte o mais rápido possível.<br />

“Quero ir <strong>em</strong>bora, <strong>com</strong>o se chega à porta de saída”<br />

“O senhor já não se perdeu” indaga-lhe o porteiro.<br />

“Mostre-me o caminho” diz-lhe K. Ao que o porteiro, revelando sua surpresa,<br />

mostra o caminho por entre portas e corredores.<br />

“Jamais encontrarei o caminho neste labirinto” é o que lhe diz “K”. O porteiro,<br />

de modo condenatório, replica: “Há só um caminho.” 39 Ao ouvir esta<br />

observação “K” t<strong>em</strong> “um princípio de desmaio”. É a mesma observação que se<br />

vai repetir na conversa fatal <strong>com</strong> o Padre, na sombria catedral onde é condenado.<br />

Só há um caminho, uma porta, feita para cada um de nós atravessar, ao encontro<br />

da “Lei”.<br />

“K” nada entendeu. N<strong>em</strong> no princípio, n<strong>em</strong> no fim. Mas entreviu sua culpa.<br />

Neste momento, <strong>com</strong> um desmaio, mais adiante <strong>com</strong> a morte para a qual<br />

caminha, colaborando <strong>com</strong> os dois verdugos.<br />

Sentindo-se mal na conversa <strong>com</strong> o porteiro, queriam levá-lo à enfermaria.<br />

40 Negou-se. Não desejava ir mais adiante porque, quanto mais longe,<br />

“pior para ele”. 41 Atribuiu o “desmaio” ao “cheiro” da Corte porque, normalmente,<br />

não sofria nunca desses ataques. Tudo o que necessitava não era de enfermaria,<br />

era sair dali. Um pouco de ar e um pouco de apoio para chegar até lá<br />

fora. A esse pedido um funcionário observa, rindo: “Vê, diz para a moça, acertei<br />

<strong>em</strong> cheio. É somente aqui que este senhor se sente mal.” 42 Isto é, quando<br />

confronta a si mesmo e a sua consciência.<br />

39 The Trial, op. cit., pp. 81-82.<br />

40 The Trial, p. 85.<br />

41 The Trial, p. 85.<br />

42 The Trial, p. 86.<br />

169

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!