Questionando um mito - Organização Internacional do Trabalho
Questionando um mito - Organização Internacional do Trabalho
Questionando um mito - Organização Internacional do Trabalho
- No tags were found...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Prólogo<br />
Conseqüentemente, essa justificativa não faz senti<strong>do</strong> sequer <strong>do</strong> ponto de<br />
vista financeiro empresarial, além de contrariar princípios fundamentais de<br />
igualdade de direitos no trabalho.<br />
Segun<strong>do</strong>, cost<strong>um</strong>a-se assinalar, no entanto, que embora os custos associa<strong>do</strong>s<br />
à maternidade e ao cuida<strong>do</strong> infantil sejam baixos, eles poderiam desestimular<br />
a contratação de mulheres, devi<strong>do</strong> ao fato de que, durante a licençamaternidade,<br />
a empresa deve contratar <strong>um</strong>/a trabalha<strong>do</strong>r/a substituto/a. Os<br />
resulta<strong>do</strong>s da pesquisa da OIT evidenciam que esta arg<strong>um</strong>entação não<br />
corresponde à realidade <strong>do</strong>s fatos, já que o pagamento <strong>do</strong> salário da mulher<br />
que está em gozo da licença-maternidade não é ass<strong>um</strong>i<strong>do</strong> pela empresa,<br />
mas sim pela previdência social ou por alg<strong>um</strong>a outra instituição pública.<br />
Além disso, a pesquisa evidencia que, em muitos casos, as empresas não<br />
contratam substitutos/as. Portanto, o montante total <strong>do</strong> que se gasta pode<br />
ser menor <strong>do</strong> que a empresa deixa de gastar quan<strong>do</strong> deixa de pagar os salários<br />
das trabalha<strong>do</strong>ras com licença-maternidade.<br />
Terceiro, por essa e outras razões, a maternidade em si e os seus custos não<br />
podem ser aborda<strong>do</strong>s como <strong>um</strong> "problema" das mulheres e/ou da empresa,<br />
haven<strong>do</strong> portanto necessidade de <strong>um</strong>a abordagem econômica que reflita a<br />
perspectiva da sociedade como <strong>um</strong> to<strong>do</strong>.<br />
Quarto, o estu<strong>do</strong> revela que, quan<strong>do</strong> consideramos outros custos não salariais<br />
(além daqueles relaciona<strong>do</strong>s à maternidade e ao cuida<strong>do</strong> infantil) associa<strong>do</strong>s<br />
tanto a homens quanto a mulheres, o custo não salarial total das mulheres é<br />
entre 0,4% e 0,9% maior que o <strong>do</strong>s homens na Argentina, Chile e Uruguai,<br />
e 2% menor no México. No entanto, devi<strong>do</strong> ao fato de que o salário das<br />
mulheres é, em média, 20% inferior ao <strong>do</strong>s homens por hora trabalhada, o<br />
"sobrecusto" das mulheres torna-se absolutamente irrelevante.<br />
Quinto, ass<strong>um</strong>in<strong>do</strong> que, com o tempo, a diferença salarial entre homens e<br />
mulheres se reduza, isto deverá em princípio produzir <strong>um</strong>a queda relativa<br />
no peso <strong>do</strong>s custos não salariais relaciona<strong>do</strong>s à proteção da maternidade e<br />
ao cuida<strong>do</strong> infantil no custo total da mão-de-obra feminina.<br />
9