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Questionando um mito - Organização Internacional do Trabalho

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Custos <strong>do</strong> trabalho e reprodução social em cinco países latino-americanos<br />

ac<strong>um</strong>ulação inferior de "capital h<strong>um</strong>ano" relacionada a sua menor experiência<br />

que, por sua vez, seria conseqüência de sua falta de estabilidade no merca<strong>do</strong><br />

de trabalho. Ou seja, supõe-se que as mulheres entrem e saiam <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

de trabalho e/ou tenham carreiras mais curtas por causa de seu<br />

comportamento reprodutivo. Esse enfoque relaciona também a segregação<br />

sexual com a falta de estabilidade das mulheres no trabalho, o que as levaria<br />

a escolher os empregos que exijam menos capacitação e experiência. Quan<strong>do</strong><br />

não se apela ao "gosto" (desta vez, das mulheres) para escolher suas<br />

ocupações, quan<strong>do</strong> a capacitação não pode explicar sua concentração em<br />

determinadas atividades (Becker, 1971).<br />

Esses modelos, fiéis à escola neoclássica, supõem liberdade individual de<br />

escolha e mantêm a noção de que os salários se estabelecem de acor<strong>do</strong> com<br />

a produtividade marginal. Não reconhecem nem se preocupam com as<br />

restrições impostas a partir de dentro e de fora <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de trabalho, que<br />

limitam a liberdade de escolha das mulheres. Tomam-na como da<strong>do</strong>, ou<br />

seja, naturalizam a posição que elas ocupam na organização social, que não<br />

apenas não questionam, como tentam legitimar.<br />

A crescente incorporação das mulheres ao merca<strong>do</strong> de trabalho e os avanços<br />

na cultura de igualdade – produto da existência, entre outros processos<br />

socioculturais, de <strong>um</strong> amplo movimento de mulheres que questiona as<br />

relações de trabalho – geraram as condições para a mudança da compreensão<br />

<strong>do</strong> significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho das mulheres e das próprias condições em que<br />

este é exerci<strong>do</strong> 2 . As transformações na estrutura da família e no conceito de<br />

prove<strong>do</strong>r, anteriormente associa<strong>do</strong> diretamente aos homens, tornam obsoletas<br />

as explicações da economia neoclássica.<br />

Essas transformações propiciam <strong>um</strong>a mudança de ênfase nas explicações<br />

sobre as diferenças de salário por sexo. Um <strong>do</strong>s arg<strong>um</strong>entos mais freqüentes<br />

é atribuir essas diferenças aos maiores custos não-salariais a que incorreriam<br />

2<br />

Os estereótipos a respeito de homens e mulheres no trabalho constituem <strong>um</strong> fator<br />

importante na permanência e reprodução das distintas formas de discriminação que afetam<br />

as mulheres atualmente, apesar da melhoria de <strong>um</strong>a série de indica<strong>do</strong>res relativos à inserção<br />

feminina no merca<strong>do</strong> de trabalho, entre eles, a redução de desigualdades em relação aos<br />

homens. Sobre a evolução da situação das mulheres no merca<strong>do</strong> de trabalho da América<br />

Latina, ver OIT (1999); Abramo, Valenzuela e Pollack (2000), e Abramo e Valenzuela (2001).<br />

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