Questionando um mito - Organização Internacional do Trabalho
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Custos <strong>do</strong> trabalho e reprodução social em cinco países latino-americanos<br />
No setor de comércio e serviços, a proporção entre o que as empresas deixam<br />
de pagar e o que gastam com as licenças é menor, enquanto na indústria e no<br />
setor financeiro, o gasto está abaixo <strong>do</strong>s 15% da economia com salários.<br />
Não foi possível obter informação sobre produção e vendas das empresas<br />
nesse perío<strong>do</strong> que permitissem comprovar se o fato de não substituir as<br />
trabalha<strong>do</strong>ras com licenças afetou a produção, ou se a decisão de não contratar<br />
substitutos estaria relacionada exclusivamente a <strong>um</strong>a menor demanda <strong>do</strong>s<br />
bens e serviços produzi<strong>do</strong>s por essas empresas na conjuntura específica em<br />
que foi aplica<strong>do</strong> o questionário e/ou devi<strong>do</strong> a <strong>um</strong> excesso de estoques<br />
(Todaro, 2002).<br />
Na pesquisa realizada no México, obteve-se a informação de que, <strong>do</strong> total<br />
de licenças-maternidade concedidas durante <strong>um</strong> ano, apenas em 52% <strong>do</strong>s<br />
casos a ausência das trabalha<strong>do</strong>ras foi suprida através da contratação de <strong>um</strong><br />
substituto ou mediante o pagamento de horas extras. Permanece, então, a<br />
incógnita sobre a forma de substituição <strong>do</strong> trabalho correspondente aos 48%<br />
restante das licenças. Não sabemos se isso ocorre mediante a intensificação<br />
<strong>do</strong> trabalho de <strong>um</strong>a parte <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, ou se resolve com a contratação<br />
de trabalha<strong>do</strong>res/as não identifica<strong>do</strong>s como substitutos diretos, o que poderia<br />
acontecer quan<strong>do</strong> se trata de postos que não requerem <strong>um</strong>a qualificação<br />
especial. Também não se sabe em que medida não há substituição e se os<br />
emprega<strong>do</strong>res optam por <strong>um</strong>a "economia de salário" acompanhada de <strong>um</strong>a<br />
diminuição correspondente da produção de bens e serviços (Rendón, 2002).<br />
Nas empresas mexicanas que realizaram substituições, a quantidade de gastos<br />
efetua<strong>do</strong>s para substituir as trabalha<strong>do</strong>ras com licença-maternidade foi<br />
semelhante ao valor <strong>do</strong>s salários que deixaram de ser pagos a essas<br />
trabalha<strong>do</strong>ras, ou seja, não representaram <strong>um</strong> custo adicional. Por sua vez,<br />
as substituições de trabalha<strong>do</strong>res com licença por outras causas<br />
(principalmente <strong>do</strong>enças e acidentes de trabalho) implicaram <strong>um</strong> gasto<br />
adicional, de 29% no caso das licenças masculinas e de 5% no das femininas.<br />
Isto se explica pelo fato de ausências por maternidade serem cobertas<br />
basicamente mediante substitutos contrata<strong>do</strong>s em horário normal de trabalho,<br />
enquanto as ausências ocasionadas por outras causas, que são inesperadas,<br />
freqüentemente terem de ser supridas com horas extras, cujo custo é pelo<br />
menos o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> que se paga em horário normal.<br />
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