Obra Completa - Universidade de Coimbra

L
A parte a divergencia insignificante da divisão dos
períodos, vê-se que GERENTE segue fundamentalmente
as idêas do mestre; ambos admittem que o delirante
chronico não passará ao período expansivo sem ter
passado pelo depressivo, isto é, «quil ne gagnera Ie
ciei qu'après avoir passé par 1'enfer»
(MAGNAN).
Devo declarar que não tenho pretensões a fazer uma
discussão profunda da legitimidade do delirio chronico,
considerado como forma nosologica; seria um proposito
irrisorio este de tentar a apreciação rigorosa de
semelhante ponto biologico, que requer tão profundo
conhecimento dos alienados d'esta categoria.
Na impossibilidade praclica de realisar tal discussão,
limitar-me-hei a fazer alguns reparos que me suggeriram
as obras de GERENTE e KRAFFT EBING e o numero
diminuto de doentes que poude observar.
No trabalho de GERENTE, aliás muito apreciavel,
nota-se uma grande preoccupação do titulo Delire chronique
et son évolution, e é evidente que o auctor, na idêa
fixa de mostrar a evolução classica, omittiu algumas particularidades
symptomaticas, que são eminentemente
características dos degenerados.
Elle proprio o exprime, dizendo algures: «não nos
occupamos aqui senão da evolução do delirio vesanico,
e poremos de parte certas tendencias, certas impulsões
eróticas que existem com o delirio, mas sem d'elle
dependerem directamente; temos em reserva para um
trabalho ulterior, aquillo que se denomina—impulsões
nos vesanicos».
No hospital onde colhi a maxima parte das obser-