Obra Completa - Universidade de Coimbra

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ções irreflectidas, levianas, que logo se revogam sem
motivo apreciavel.
N'este fundo morbido de irregularidades, de contradicções,
de irrequietação psycho-motriz, desenha-se
muitas vezes uma trama complicada de terrores absurdos,
de inquietações vagas, de pequeninos escrúpulos
religiosos, de sobresaltos mysticos, de appetites
pueris, de preconceitos e superstições extravagantes,
de obsessões e apprehensões ridiculas, que provocam
interrogações intermináveis, de imposições e impulsões
abstrusas, de duvidas cruciantes a respeito de tudo e
de todos (loucura da duvida).
O degenerado não pode ir de noite a um logar
do interior domestico, porque tem medo de passar
por um corredor escuro (scotophobia de AZAM); não
sobe a uma grande altura, nem atravessa uma praça
deserta, porque tem o terror dos espaços (agoraphobia
de WESTPHAL) ; toca no dinheiro e nas aldrabas das
portas com uma repugnancia receiosa e umas cautelas
systematisadas (delirio do toque), e não se senta nos
logares públicos dos passeios, porque tem o terror dos
contágios (piorbid fears de BEARD), não entra numa
casa com o pé esquerdo, porque este simples facto lhe
infunde um terror supersticioso e_ agoirento; a queda
dum corpo metallico irrita-o e desperta-lhe o terror
dos alfinetes (belonephobia); a permanencia num logar
circumscripto, como uma cellula de penitenciaria, suffoca-o
(clithrophobia, claustrophobia de BALL e VERGA);
o numero de uma porta que lhe esqueceu e em cujo
conhecimento não pode ter, apparentemente, interesse