Obra Completa - Universidade de Coimbra

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prostrado o mundo greco-latino numa hesitação pusillanime.
Esta hesitação persistiu em todo esse longo periodo
de fusão ethnica, de genese, de lenta elaboração social,
d'onde provieram as nacionalidades modernas.
Nem os commentadores arabes, tão progressivos no
estudo da therapeutica, nem os trabalhadores da eschola
de Salerno, fundada por Carlos Magno, emprehenderam
estudo algum tendente ao aperfeiçoamento da psychiatria;
amordaçava-os uma philosophia hvbrida, feita de
PLATÃO e ARISTÓTELES, de SANTO AGOSTINHO e dos Padres
e heresiarchas gregos, da Biblia e do Koran (LEFÉVRE).
Assim os trabalhos da eschola de Cós em pathologia
mental, as poderosas observações dos alexandrinos e
a profunda reconstituição galenica desappareceram da
scena scientifica, como envoltos nas ruinas d'uma grande
catastrophe.
O louco era o possesso d'uma influencia satanica,
como na velha eschola de Alexandria, ou como na alta
antiguidade anterior á systematisação hippocratica, em
que o doente era um inspirado cercado de respeitos,
venerado e feliz, tido como um poderoso medianeiro
entre o homem e a divindade irritada (MOREL); entre
os sábios da Edade Media era bem sinistramente differente
a concepção do demonio e das suas relações com
o louco.
As idêas dominantes d'uma epocha determinam frequentemente
a forma da loucura, e por isso na meiaedade
a feição da doença era principalmente a religiosa,
que ainda hoje apparece episodicamente.