ACTAS DAS I JORNADAS as vias do Algarve da ... - Calçadinha
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<strong>as</strong>sumir diferentes formatos (triangulares, re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>s<br />
ou quadrangulares) constituí<strong>do</strong>s em grandes blocos.<br />
9) Presença de opus caementitium sobretu<strong>do</strong> no<br />
intra-<strong>do</strong>rso <strong>do</strong>s arcos.<br />
10) Cornija no arranque <strong>do</strong>s arcos ou na parte<br />
externa <strong>do</strong> tabuleiro como que a marcar o arranque<br />
d<strong>as</strong> guard<strong>as</strong> <strong>do</strong> mesmo.<br />
11) Tabuleiro espesso e, a maior parte d<strong>as</strong> vezes,<br />
rectilíneo e plano, conferin<strong>do</strong> ao monumento um<br />
<strong>as</strong>pecto geral de grande solidez e robustez.<br />
Claro que qualquer um destes critérios por si só<br />
não é indica<strong>do</strong>r de se estar em presença de uma<br />
construção <strong>da</strong> época romana, até porque qualquer<br />
um deles pode estar presente em obr<strong>as</strong> de outr<strong>as</strong><br />
époc<strong>as</strong>. Assim, só quan<strong>do</strong> se encontram reunid<strong>as</strong><br />
vári<strong>as</strong> dest<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> é que poderemos com<br />
legitimi<strong>da</strong>de suspeitar <strong>da</strong> sua origem romana. Mais<br />
uma vez lembramos que para além de algum<strong>as</strong><br />
prátic<strong>as</strong> construtiv<strong>as</strong> roman<strong>as</strong> terem si<strong>do</strong> utilizad<strong>as</strong><br />
em diferentes époc<strong>as</strong>, muitos monumentos dess<strong>as</strong><br />
mesm<strong>as</strong> époc<strong>as</strong> reutilizaram materiais romanos<br />
que podem ou não estar relacionad<strong>as</strong> com uma<br />
pré-existência no local onde se encontra a ponte<br />
histórica em análise.<br />
Face ao exposto compreende-se que muit<strong>as</strong> pontes<br />
históric<strong>as</strong> <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong> considerad<strong>as</strong> tradicionalmente<br />
<br />
outr<strong>as</strong> époc<strong>as</strong> bem mais recentes 8 . Vejamos o c<strong>as</strong>o de<br />
três pontes históric<strong>as</strong> <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong> que, sistematicamente,<br />
têm si<strong>do</strong> conotad<strong>as</strong> com a época romana.<br />
nomea<strong>da</strong>mente a famosa crónica <strong>da</strong> conquista <strong>do</strong><br />
<strong>Algarve</strong>, <strong>as</strong>segura-nos que em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIII<br />
a ponte já existiria. Em 1600, diz-se que na “ponte há<br />
c<strong>as</strong><strong>as</strong>, em que vivem mora<strong>do</strong>res” 10 . O monumento<br />
encontrava-se parcialmente destruí<strong>do</strong> pouco depois,<br />
provavelmente em consequência de mais alguma<br />
violenta cheia, de tal forma que, de acor<strong>do</strong> com uma<br />
inscrição que se encontra sobre o portal <strong>da</strong> fortaleza<br />
de Caban<strong>as</strong>, o então Governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong> e conde<br />
Val de Reis “man<strong>do</strong>u fazer”, a par <strong>da</strong>quela Fortaleza, a<br />
ponte de Tavira, em 1656 11 . Ora, a expressão “man<strong>do</strong>u<br />
<br />
Na ponte actual é bem visível a parte que “man<strong>do</strong>u<br />
Figura 1<br />
A ponte de Tavira nos finais <strong>do</strong> Século XVII (Panorama. Jornal Literário<br />
e Instrutivo, 2ª série, vol. II, nº 80, Julho, 8, 1843).<br />
A ponte velha de Tavira é, de acor<strong>do</strong> com a tradição,<br />
obra romana. Porém, <strong>as</strong> su<strong>as</strong> característic<strong>as</strong> formais e<br />
técnic<strong>as</strong>, os <strong>da</strong><strong>do</strong>s arqueológicos e a <strong>do</strong>cumentação<br />
histórica contradizem essa ideia. Obr<strong>as</strong> concluíd<strong>as</strong> em<br />
1992 9 com vista a reforçar a ponte, depois de uma<br />
grande cheia a ter seriamente debilita<strong>do</strong>, permitiram<br />
<br />
que aparece <strong>as</strong>socia<strong>do</strong> aos seus alicerces não vai<br />
além <strong>da</strong> época medieval. A <strong>do</strong>cumentação histórica,<br />
Figura 2<br />
A ponte de Tavira por volta de 1800 em desenho de Sande de V<strong>as</strong>concelos.<br />
8<br />
O equacionamento deste problema já foi feito por Sandra Rodrigues (2004), que p<strong>as</strong>sa em revista de forma crítica a cl<strong>as</strong>sificação cronológica de boa<br />
parte d<strong>as</strong> pontes algarvi<strong>as</strong> tradicionalmente identificad<strong>as</strong> com a época romana.<br />
9<br />
Sobre os trabalhos de reabilitação <strong>do</strong> monumento veja-se Appleton & Silva, 2002.<br />
10<br />
A informação é de Henrique Fernandes Sarrão na sua “História <strong>do</strong> reino <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong>”.<br />
11<br />
O traço <strong>da</strong> obra esteve a cargo de Mateus <strong>do</strong> Couto e de Pedro de Santa Colomba (cf. Mant<strong>as</strong>, 1997, p.316).<br />
16 AS VIAS DO ALGARVE