ACTAS DAS I JORNADAS as vias do Algarve da ... - Calçadinha
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introdução<br />
Ain<strong>da</strong> que alguns autores admitam para a ci<strong>da</strong>de de<br />
Silves uma possível fun<strong>da</strong>ção Romana 1 , a ver<strong>da</strong>de é<br />
que até à presente <strong>da</strong>ta, não obstante a enorme área<br />
escava<strong>da</strong>, ou arqueológicamente acompanha<strong>da</strong>, no<br />
<br />
Centro Histórico (Programa Polis) 2 , ain<strong>da</strong> em curso, e<br />
muitos outros trabalhos antes realiza<strong>do</strong>s, os vestígios<br />
romanos são residuais e descontextualiza<strong>do</strong>s e a<br />
ocupação mais antiga remonta ao perío<strong>do</strong> islâmico,<br />
consistin<strong>do</strong>, na maior parte <strong>do</strong>s c<strong>as</strong>os, em estrutur<strong>as</strong><br />
habitacionais e negativ<strong>as</strong> (silos e foss<strong>as</strong>), est<strong>as</strong><br />
últim<strong>as</strong> escavad<strong>as</strong> no substracto geológico (Vieira e<br />
Chanoca, 2006 a; 2006 b).<br />
Também no decurso de obr<strong>as</strong> de construção civil,<br />
tiveram lugar em zon<strong>as</strong> mais baix<strong>as</strong> <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de,<br />
trabalhos arqueológicos em áre<strong>as</strong> de dimensão<br />
<strong>as</strong>sinalável e não se colocaram a descoberto níveis<br />
de ocupação romana. As ocupações mais antig<strong>as</strong><br />
remontavam ao século XI em <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s c<strong>as</strong>os –<br />
Biblioteca (Gonçalves e Santos, 2005:198), Teatro<br />
M<strong>as</strong>carenh<strong>as</strong> Gregório (Ramos,2004:4) e aos séculos<br />
XII-XIII no Empreendimento <strong>do</strong> C<strong>as</strong>telo (Duarte e<br />
Costa, 2006).<br />
To<strong>da</strong>via, a Arqueóloga R. V. Gomes, exumou tramo<br />
de muralha que <strong>as</strong>sentava sobre nível arqueológico<br />
que atribuiu ao perío<strong>do</strong> tar<strong>do</strong>-romano, um pouco a<br />
n<strong>as</strong>cente <strong>da</strong> Porta <strong>da</strong> Almedina (Gomes e Gomes,<br />
1992:288 e Gomes, 2002 b:332), e defende fun<strong>da</strong>ção<br />
romana para a ci<strong>da</strong>de de Silves (Gomes,2002a:93),<br />
ven<strong>do</strong> n<strong>as</strong> actuais ru<strong>as</strong> que cruzam junto à Sé, o<br />
car<strong>do</strong> maximus e o decumanos, que marcavam a<br />
organização urbana d<strong>as</strong> ci<strong>da</strong>des roman<strong>as</strong> <br />
<br />
vi<strong>as</strong> e na actual organização urbana <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de esses<br />
traços de ortogonali<strong>da</strong>de, antes vislumbramos um<br />
urbanismo com origem n<strong>as</strong> ci<strong>da</strong>des islâmic<strong>as</strong>,<br />
em que o planeamento é mínimo e se centra n<strong>as</strong><br />
<br />
a Mesquita Aljama e os Merca<strong>do</strong>s, e a situação<br />
estratégica e o relevo actuam como principais<br />
elementos condiciona<strong>do</strong>res <strong>da</strong> sua implantação.<br />
Assim, estamos perante um crescimento orgânico<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, altamente dependente <strong>do</strong> aumento<br />
<strong>da</strong> população, ain<strong>da</strong> que algum<strong>as</strong> regr<strong>as</strong> de<br />
planeamento se encontrem subjacentes 3 .<br />
perío<strong>do</strong> de<br />
permanência islâmica<br />
Ain<strong>da</strong> que algum<strong>as</strong> frentes de trabalho arqueológico<br />
se encontrem em curso, e pouca informação tenha<br />
si<strong>do</strong> divulga<strong>da</strong> sobre os acha<strong>do</strong>s, temos conhecimento<br />
de que se não colocaram a descoberto<br />
quaisquer vestígios <strong>da</strong> rede viária urbana relativa<br />
ao perío<strong>do</strong> de <strong>do</strong>minação islâmica 4 . Pelo contrário,<br />
<br />
lógic<strong>as</strong> efectuad<strong>as</strong> sob os actuais arruamentos,<br />
estrutur<strong>as</strong> habitacionais islâmic<strong>as</strong>, revelan<strong>do</strong> que a<br />
actual rede viária nem sempre coincide exactamente<br />
com os arruamentos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de islâmica. Porém,<br />
em du<strong>as</strong> intervenções ocorrid<strong>as</strong> em zon<strong>as</strong> que<br />
corresponderiam ao arrabalde Este <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, há<br />
vestígios de vi<strong>as</strong> urban<strong>as</strong>.<br />
Na intervenção arqueológica <strong>da</strong> “Biblioteca”, em que<br />
os elementos arquitectónicos de maior relevância se<br />
materializam em <strong>do</strong>is tramos de muralha liga<strong>do</strong>s por<br />
uma torre de ângulo, foram coloca<strong>do</strong>s a descoberto<br />
1<br />
Ver a propósito, artigo de Jorge de Alarcão (2005:294 a 297), sobre a localização <strong>do</strong> oppidum Cilibis.<br />
2<br />
Foram escavad<strong>as</strong> v<strong>as</strong>t<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> e realizad<strong>as</strong> mais de 150 son<strong>da</strong>gens arqueológic<strong>as</strong> na ci<strong>da</strong>de de Silves.<br />
3<br />
Ver a propósito: Ahmed Tahiri (2006), n<strong>as</strong> fontes jurídic<strong>as</strong>: Trata<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Hisba e Direito ao Merca<strong>do</strong>, Regulamento <strong>da</strong> Defesa, Regime<br />
Imobiliário e Regulamentação Tributária, Regime de Arren<strong>da</strong>mento de Vivend<strong>as</strong> e Terrenos, Trata<strong>do</strong>s de Construção, etc. E, ain<strong>da</strong>, Alfonso<br />
Gonzalez Carmona (2005) La Medina en formación. Los <strong>da</strong>tos de los textos jurídicos – Comunicação apresenta<strong>da</strong> no 3º Congreso La<br />
Medina en Formación: La Ciu<strong>da</strong>d en el Occidente Islámico Medieval. Nov<strong>as</strong> aportaciones de la arqueologia e relectura de fuentes, Silves,<br />
7 a 10 de Setembro de 2005.<br />
4<br />
As son<strong>da</strong>gens realizad<strong>as</strong> nalgum<strong>as</strong> ru<strong>as</strong>, nomea<strong>da</strong>mente na Rua <strong>da</strong> Arrochela, Rua Nova <strong>do</strong> Carmo e Rua <strong>do</strong> Pelourinho, revelaram a<br />
existência de foss<strong>as</strong>, que habitualmente se localizam sob os arruamentos, levan<strong>do</strong> a inferir tratar-se de ru<strong>as</strong> que à época já existiam,<br />
com um traça<strong>do</strong> semelhante.<br />
<strong>ACTAS</strong> <strong>DAS</strong> I JORNA<strong>DAS</strong> 81