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ACTAS DAS I JORNADAS as vias do Algarve da ... - Calçadinha

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fazer” e que corresponde aos quatro arcos <strong>do</strong> la<strong>do</strong><br />

poente com os respectivos talhamares encima<strong>do</strong>s<br />

por balcões tão ao gosto d<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> <strong>do</strong> género <strong>do</strong>s<br />

séculos XVII e XVIII, como por exemplo acontece com<br />

a reconstrução <strong>da</strong> ponte velha de Silves nos inícios <strong>do</strong><br />

século XVIII. Os restantes três arcos, <strong>do</strong>s sete que a<br />

ponte tem, são inquestionavelmente mais antigos, m<strong>as</strong>,<br />

com to<strong>da</strong> a probabili<strong>da</strong>de, devem ser posteriores à tal<br />

ponte de mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XIII de que fala a crónica<br />

<strong>da</strong> conquista <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong>. A traça, a reduzi<strong>da</strong> erosão<br />

<strong>do</strong>s silhares, mesmo <strong>da</strong>queles que são fustiga<strong>do</strong>s<br />

pel<strong>as</strong> águ<strong>as</strong>, a largura <strong>do</strong> tabuleiro, são apen<strong>as</strong> alguns<br />

indícios que apontam para que esta parte <strong>da</strong> ponte,<br />

sen<strong>do</strong> mais antiga <strong>do</strong> que os mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XVII,<br />

deverá ser posterior aos mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> XIII.<br />

Figura 3<br />

A ponte de Silves nos finais <strong>do</strong> Século XVII (Panorama. Jornal Literário<br />

e Instrutivo, 2ª série, vol. II, nº 27, Julho, 1, 1842).<br />

A ponte velha de Silves também tem si<strong>do</strong><br />

recorrentemente atribuí<strong>da</strong> á época romana.<br />

Conforme recentemente demonstrámos, ela é<br />

obra medieval e moderna. O talhe <strong>do</strong>s blocos,<br />

mais pequenos e com marc<strong>as</strong> de canteiros, <strong>as</strong><br />

característic<strong>as</strong> d<strong>as</strong> aduel<strong>as</strong>, o grande vão <strong>do</strong>s seus<br />

arcos, tabuleiro pouco espesso e em cavalete e,<br />

<br />

robusto <strong>do</strong> que <strong>as</strong> pontes roman<strong>as</strong>, resultante em<br />

grande parte d<strong>as</strong> du<strong>as</strong> últim<strong>as</strong> característic<strong>as</strong>,<br />

aproximam-na claramente d<strong>as</strong> tipologi<strong>as</strong> d<strong>as</strong><br />

pontes medievais. Por outro la<strong>do</strong>, a ausência de<br />

característic<strong>as</strong> típic<strong>as</strong> d<strong>as</strong> pontes de fábrica romana<br />

já enunciad<strong>as</strong> reforçam desde logo essa convicção<br />

que é, de resto, comprova<strong>da</strong> pela <strong>do</strong>cumentação<br />

histórica. Referi<strong>da</strong> pela primeira vez em 1439, a<br />

ponte, construí<strong>da</strong> no século anterior, tinha caí<strong>do</strong><br />

em virtude de uma grande cheia. Em 1473, está de<br />

novo de pé m<strong>as</strong>, por volta de 1600, estão caí<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

arcos e o rio é p<strong>as</strong>sa<strong>do</strong> a vau. Em 1621, a travessia<br />

já se faz de novo pela ponte m<strong>as</strong>, ou porque a<br />

reconstrução <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is arcos não tivesse si<strong>do</strong> bem<br />

<br />

de novo estragos, em inícios <strong>do</strong> século seguinte o<br />

monumento necessita de profund<strong>as</strong> reparações e<br />

obr<strong>as</strong> de reconstrução, sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong>s de novo<br />

os tais <strong>do</strong>is arcos <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Em 2 de Março<br />

Figura 4<br />

A ponte de Silves em 1844 (Relação <strong>da</strong> Derrota Naval, Façanh<strong>as</strong> e<br />

Sucessos <strong>do</strong>s Cruza<strong>do</strong>s que Partirão <strong>do</strong> Escal<strong>da</strong> para a Terra Santa<br />

no Anno de 1189. Escrita em Latim por um <strong>do</strong>s Cruza<strong>do</strong>s, tradução e<br />

anotações de João Baptista <strong>da</strong> Silva Lopes, Lisboa, 1844).<br />

de 1716, é <strong>as</strong>sina<strong>do</strong> com Inácio Mendes o contrato<br />

de obr<strong>as</strong> que conferirá à ponte o <strong>as</strong>pecto actual.<br />

Dos cinco arcos <strong>do</strong> monumento, <strong>do</strong>is – os mais<br />

próximos <strong>da</strong> margem esquer<strong>da</strong> - serão com to<strong>da</strong> a<br />

<br />

sen<strong>do</strong> o que se lhes segue <strong>do</strong> século XV. Os <strong>do</strong>is<br />

restantes, os <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, já são resulta<strong>do</strong><br />

d<strong>as</strong> obr<strong>as</strong> <strong>do</strong> século XVIII 12. Como vemos, a ponte<br />

velha de Silves terá cerca de 600 anos, ain<strong>da</strong> que<br />

muitos <strong>do</strong>s elementos que hoje a compõem sejam<br />

bem mais recentes.<br />

Da antiga ponte de Aljezur, destruí<strong>da</strong> por forte<br />

<br />

12<br />

Para conhecer o desenvolvimento dest<strong>as</strong> diferentes f<strong>as</strong>es de reconstrução <strong>da</strong> velha ponte ver Bernardes e Gonçalves, 2005.<br />

<strong>ACTAS</strong> <strong>DAS</strong> I JORNA<strong>DAS</strong> 17

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