ACTAS DAS I JORNADAS as vias do Algarve da ... - CalÃ§adinha

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segmentos em terra batida Existem ainda segmentos que não apresentam empedrado e que, grosso modo, correspondem a zonas planas (troços em linha recta). Aí foram apenas detectados vestígios da provável delimitação do traçado da estrada no terreno, ou seja, uma outros segmentos Muito provavelmente, estes segmentos corresponderão à segunda fase da técnica utilizada na construção da via, o rudus. Nesta antiga estrada o calcetamento terá sido aplicado para vencer os obstáculos naturais, em zonas de declive acentuado, com solos de difícil trânsito e pisos irregulares que seriam facilmente alterados pelas torrentes das águas pluviais ou por outros agentes erosivos. Figura 6 Segmento da via que apresenta o que corresponderá à segunda fase da técnica de construção, o rudus. Figura 5 Segmento em terra batida. Figura 7 Aspecto/pormenor do troço B da “Calçadinha” de S. Brás de Alportel A maior parte destas vias têm características comuns, ou seja, eram construídas segundo modelos muito próprios. 66 AS VIAS DO ALGARVE
as técnicas de construção Para a sua construção o terreno era escavado, abrindo-se um fosso (sulcus), e depois procedia- -se ao seu enchimento, o qual era feito em três fases. A primeira camada ou statumen era formada por terra e pedras de várias dimensões bem compactadas; sobre essa colocava-se o rudus, constituído por uma massa de seixos ligados com argamassa e batidos com maços para obter uma superior, o pavimentum, com lajes de dimensões várias e de superfície abaulada para favorecer o escoamento das águas pluviais para as bermas. a “Calçadinha” de São Brás de Alportel no contexto das Vias Romanas do Algarve Central A natureza técnica da construção, na qual são observáveis lajes de média/grande dimensão, permite-nos inseri-la no modelo romano uma vez que a via apresenta: a) um percurso a meia encosta; rochoso; c) um certo abaulamento do empedrado superior delimitado por pedras em cutelo (margines); d) uma largura que ronda os 8 pés (2,50 m). Figura 8 Elementos constituitivos de uma calçada romana. (reproduzido de RODRIGUES, 2004:20) Na “Calçadinha” o calcetamento terá sido aplicado, para vencer os obstáculos naturais, em zonas de declive acentuado com solos de difícil trânsito e irregulares que seriam facilmente alterados pelas torrentes das águas pluviais ou por outros agentes erosivos. Assim, entre segmentos empedrados deparamo-nos com outros em terra batida que, grosso modo, correspondem a zonas planas e em linha recta. No âmbito das reparações efectuadas no século de construção empregues durante os séculos seguintes são análogas às utilizadas durante a época romana. Esta hipótese, recentemente colocada, baseia-se também noutros aspectos. É de salientar que junto ao troço A foi encontrada, na segunda metade do século XX, uma sepultura com espólio associado (BERNARDES e OLIVEIRA, 2002:26-27). Por outro lado, ainda nas proximidades do troço A, estruturas arqueológicas do período romano, cujos século IV-V d.C. (terra sigillata Hispânica, Clara D e um fragmento de ânfora), e que corresponderão, provavelmente, a uma estação viária “tipo mutatio” (estação de muda de animais e carros para viajantes). Outros aspectos que reforçam a hipótese deste antigo caminho ter origem em época romana são os antigos documentos que apresentavam os principais itinerários entre as várias cidades. Um deles, o Itinerário de Antonino, fonte clássica do século III d.C., refere a existência de algumas dessas estradas que atravessavam então o Algarve. A mais importante dessas vias seria a que percorria o litoral, desde Baesuris (Castro Marim) ao Promontorium Sacrum, passando pelas cidades ACTAS DAS I JORNADAS 67
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