ACTAS DAS I JORNADAS as vias do Algarve da ... - Calçadinha
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.V CAMINHOS DA TERRA E DO MAR NO ALGARVE MEDIEVAL<br />
LUÍS FILIPE OLIVEIRA<br />
Universi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong><br />
resumo<br />
A<br />
Através <strong>do</strong> recurso às informações disponíveis,<br />
sejam el<strong>as</strong> de natureza histórica, arqueológica, ou<br />
toponímica, procurou-se traçar um panorama <strong>do</strong>s<br />
principais eixos de comunicação que serviam a<br />
região durante a época medieval. Ain<strong>da</strong> que os <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />
conheci<strong>do</strong>s e aproveitáveis não sejam muitos, nem<br />
<br />
de carácter inter-regional, em direcção às terr<strong>as</strong> <strong>do</strong><br />
norte, e conhecer, também, aquel<strong>as</strong> que serviam os<br />
núcleos urbanos <strong>do</strong> litoral.<br />
<br />
de mau piso e de trânsito difícil durante o Inverno,<br />
levou a que se valoriz<strong>as</strong>sem, num segun<strong>do</strong> momento,<br />
<strong>as</strong> deslocações feit<strong>as</strong> por mar, por rio, ou através<br />
<strong>do</strong>s canais <strong>da</strong> ria. Diversos testemunhos sugerem,<br />
de facto, a importância d<strong>as</strong> ligações marítim<strong>as</strong>,<br />
<strong>as</strong> quais contavam, aliás, com a protecção de um<br />
santo <strong>da</strong><strong>do</strong> às lides <strong>do</strong> mar e há muito <strong>as</strong>socia<strong>do</strong><br />
a um <strong>do</strong>s promontórios <strong>da</strong> região.<br />
A reconstituição <strong>da</strong> rede de estrad<strong>as</strong> e de caminhos<br />
que serviam a região durante a I<strong>da</strong>de Média não<br />
é uma tarefa fácil. Situa<strong>do</strong> numa d<strong>as</strong> estrem<strong>as</strong> <strong>do</strong><br />
1 , o <strong>Algarve</strong><br />
não era uma zona de p<strong>as</strong>sagem, sobretu<strong>do</strong> desde<br />
que foi anexa<strong>do</strong> pelos reis de Portugal e perdeu <strong>as</strong><br />
antig<strong>as</strong> ligações com a An<strong>da</strong>luzia e com o norte<br />
de África. Não era, também, um destino muito<br />
<br />
<br />
poucos foram os monarc<strong>as</strong> que se demoraram pela<br />
região 2 . Por isso, os itinerários régios não rendem<br />
a cópia de detalhes que oferecem para os espaços<br />
percorri<strong>do</strong>s pela Corte com maior <strong>as</strong>sidui<strong>da</strong>de, e<br />
só a espaços servem de guia para conhecer os<br />
eixos viários <strong>da</strong> região 3 . Por outro la<strong>do</strong>, essa lacuna<br />
<br />
inventário d<strong>as</strong> menções dispers<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> fontes, pois<br />
isso exige, em regra, uma grande m<strong>as</strong>sa <strong>do</strong>cumental,<br />
que infelizmente não existe, devi<strong>do</strong> à ausência de<br />
grandes fun<strong>do</strong>s monásticos e episcopais. Antes<br />
d<strong>as</strong> notíci<strong>as</strong> <strong>do</strong>cumentais <strong>do</strong> século XVI, mais ric<strong>as</strong><br />
e mais abun<strong>da</strong>ntes 4 , os itinerários usa<strong>do</strong>s pelos<br />
cavaleiros <strong>da</strong> reconquista são, talvez, aqueles que<br />
proporcionam <strong>da</strong><strong>do</strong>s mais completos sobre os<br />
caminhos existentes no território algarvio.<br />
Para conhecer o traça<strong>do</strong> d<strong>as</strong> vi<strong>as</strong> medievais há<br />
que convocar, por isso, outros contributos, desde<br />
1<br />
Para a análise <strong>da</strong> marginali<strong>da</strong>de que caracterizou o <strong>Algarve</strong> durante a I<strong>da</strong>de Média, veja-se A. H. de Oliveira Marques, “Para a História <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong> Medieval”,<br />
Act<strong>as</strong> d<strong>as</strong> I Jornad<strong>as</strong> de História Medieval <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong> e <strong>da</strong> An<strong>da</strong>luzia, Loulé, 1987, pp. 55-60; José Mattoso, “O <strong>Algarve</strong> na História Regional Portuguesa<br />
<strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Média”, in O <strong>Algarve</strong> na perspectiva <strong>da</strong> Antropologia Ecológica, Lisboa, 1989, pp. 13-21; Luís Filipe Oliveira e José Mattoso, O <strong>Algarve</strong>, in José<br />
Mattoso, Suzanne Daveau e Duarte Belo, Portugal – O Sabor <strong>da</strong> Terra, Lisboa, 1997, sobretu<strong>do</strong> <strong>as</strong> pp. 5-13.<br />
2<br />
Cf. A. H. de Oliveira Marques, “Para a História…”, p. 56; Rita Costa Gomes, A Corte <strong>do</strong>s Reis de Portugal no Final <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Média, Lisboa, 1995, pp. 247-248.<br />
3<br />
Na reconstituição <strong>da</strong> rede viária medieval feita a partir <strong>do</strong>s itinerários régios (cf. Júlia Galego, João Carlos Garcia e Mª Fernan<strong>da</strong> Alegria, Os Itinerários<br />
de D. Dinis, D. Pedro e D. Fernan<strong>do</strong>. Interpretação Gráfica, Lisboa, 1988, p. 50 ), é bem significativa a ausência de caminhos algarvios. Num trabalho mais<br />
recente sobre o povoamento <strong>do</strong> Sul (cf. Stéphane Boissellier, Le peuplemente Médiéval <strong>da</strong>ns le Sud du Portugal, Paris, 2003, pp. 243-254 e map<strong>as</strong> 23 e<br />
24), pouco mais se adiantou.<br />
4<br />
Além d<strong>as</strong> descrições geográfic<strong>as</strong> de Fr. João de S. José e de Henrique Sarrão (cf. Du<strong>as</strong> Descrições <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong> <strong>do</strong> Século XVI, apresentação, leitura e not<strong>as</strong><br />
de Manuel Vieg<strong>as</strong> Guerreiro e de Joaquim Romero de Magalhães, Lisboa, 1983), tenham-se em conta os <strong>da</strong><strong>do</strong>s proporciona<strong>do</strong>s pelos livros de Visitação. Entre<br />
outros, veja-se Visitação <strong>da</strong> Ordem de Santiago ao <strong>Algarve</strong> 1517-1518, transcrição de Fernan<strong>do</strong> Calapêz e de António Vieg<strong>as</strong>, Loulé, 1996.<br />
32 AS VIAS DO ALGARVE