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ACTAS DAS I JORNADAS as vias do Algarve da ... - Calçadinha

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<strong>as</strong> técnic<strong>as</strong><br />

de construção<br />

Para a sua construção o terreno era escava<strong>do</strong>,<br />

abrin<strong>do</strong>-se um fosso (sulcus), e depois procedia-<br />

-se ao seu enchimento, o qual era feito em três<br />

f<strong>as</strong>es. A primeira cama<strong>da</strong> ou statumen era forma<strong>da</strong><br />

por terra e pedr<strong>as</strong> de vári<strong>as</strong> dimensões bem<br />

compactad<strong>as</strong>; sobre essa colocava-se o rudus,<br />

constituí<strong>do</strong> por uma m<strong>as</strong>sa de seixos liga<strong>do</strong>s com<br />

argam<strong>as</strong>sa e bati<strong>do</strong>s com maços para obter uma<br />

<br />

superior, o pavimentum, com lajes de dimensões<br />

vári<strong>as</strong> e de superfície abaula<strong>da</strong> para favorecer o<br />

escoamento d<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> pluviais para <strong>as</strong> berm<strong>as</strong>.<br />

a “Calçadinha” de<br />

São Brás de Alportel<br />

no contexto d<strong>as</strong> Vi<strong>as</strong><br />

Roman<strong>as</strong> <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong><br />

Central<br />

A natureza técnica <strong>da</strong> construção, na qual são<br />

observáveis lajes de média/grande dimensão,<br />

permite-nos inseri-la no modelo romano uma vez que<br />

a via apresenta:<br />

a) um percurso a meia encosta;<br />

<br />

rochoso;<br />

c) um certo abaulamento <strong>do</strong> empedra<strong>do</strong> superior<br />

delimita<strong>do</strong> por pedr<strong>as</strong> em cutelo (margines);<br />

d) uma largura que ron<strong>da</strong> os 8 pés (2,50 m).<br />

Figura 8<br />

Elementos constituitivos de uma calça<strong>da</strong> romana.<br />

(reproduzi<strong>do</strong> de RODRIGUES, 2004:20)<br />

Na “Calçadinha” o calcetamento terá si<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>,<br />

para vencer os obstáculos naturais, em zon<strong>as</strong> de<br />

declive acentua<strong>do</strong> com solos de difícil trânsito e<br />

irregulares que seriam facilmente altera<strong>do</strong>s pel<strong>as</strong><br />

torrentes d<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> pluviais ou por outros agentes<br />

erosivos. Assim, entre segmentos empedra<strong>do</strong>s<br />

deparamo-nos com outros em terra bati<strong>da</strong> que,<br />

grosso mo<strong>do</strong>, correspondem a zon<strong>as</strong> plan<strong>as</strong> e em<br />

linha recta.<br />

No âmbito d<strong>as</strong> reparações efectuad<strong>as</strong> no século<br />

<br />

de construção empregues durante os séculos<br />

seguintes são análog<strong>as</strong> às utilizad<strong>as</strong> durante a<br />

época romana.<br />

Esta hipótese, recentemente coloca<strong>da</strong>, b<strong>as</strong>eia-se<br />

também noutros <strong>as</strong>pectos.<br />

É de salientar que junto ao troço A foi encontra<strong>da</strong>,<br />

na segun<strong>da</strong> metade <strong>do</strong> século XX, uma<br />

sepultura com espólio <strong>as</strong>socia<strong>do</strong> (BERNARDES e<br />

OLIVEIRA, 2002:26-27). Por outro la<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong> n<strong>as</strong><br />

proximi<strong>da</strong>des <strong>do</strong> troço A, <br />

estrutur<strong>as</strong> arqueológic<strong>as</strong> <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> romano, cujos<br />

<br />

século IV-V d.C. (terra sigillata Hispânica, Clara D<br />

e um fragmento de ânfora), e que corresponderão,<br />

provavelmente, a uma estação viária “tipo mutatio”<br />

(estação de mu<strong>da</strong> de animais e carros para<br />

viajantes).<br />

Outros <strong>as</strong>pectos que reforçam a hipótese deste<br />

antigo caminho ter origem em época romana são<br />

os antigos <strong>do</strong>cumentos que apresentavam os<br />

principais itinerários entre <strong>as</strong> vári<strong>as</strong> ci<strong>da</strong>des.<br />

Um deles, o Itinerário de Antonino, fonte clássica<br />

<strong>do</strong> século III d.C., refere a existência de algum<strong>as</strong><br />

dess<strong>as</strong> estrad<strong>as</strong> que atravessavam então o<br />

<strong>Algarve</strong>. A mais importante dess<strong>as</strong> vi<strong>as</strong> seria a que<br />

percorria o litoral, desde Baesuris (C<strong>as</strong>tro Marim)<br />

ao Promontorium Sacrum, p<strong>as</strong>san<strong>do</strong> pel<strong>as</strong> ci<strong>da</strong>des<br />

<strong>ACTAS</strong> <strong>DAS</strong> I JORNA<strong>DAS</strong> 67

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