o seu traça<strong>do</strong> para se deslocarem ao litoral, o <strong>Algarve</strong>, ou ás grandes feir<strong>as</strong> <strong>do</strong> Baixo Alentejo, C<strong>as</strong>tro Verde e Garvão. Antes de me debruçar sobre o trajecto deste itinerário, convém esclarecer que de Baesuris a Pax Ivlia por Arannis e Salatia não existe uma via m<strong>as</strong> sim um conjunto de pelo menos quatro estrad<strong>as</strong> ou troços de estra<strong>da</strong> que formam este Iter. A Estra<strong>da</strong> ou, melhor, este sistema viário, iniciava- -se a Norte de C<strong>as</strong>tro Marim. Baesuris era então uma ilha, e a via partia de sítio seco. Muito possivelmente iniciava-se onde começava a que se dirigia a Pax Iulia per compendium. Ou seja aquela que seguia em grande parte pela margem <strong>do</strong> Guadiana ou n<strong>as</strong> su<strong>as</strong> proximi<strong>da</strong>des, p<strong>as</strong>sava por Mértola e seguia até Beja. Desse ponto a via contornava o sapal que então chegava até Altura, sapal e conjunto de esteiros que ain<strong>da</strong> hoje atinge S. Bartolomeu de C<strong>as</strong>tro Marim e de que a Alagoa é o último vestígio. P<strong>as</strong>sava pela Lota, dirigia-se às imediações de Cacela e seguia até à Conceição. Depois desta povoação havia que ultrap<strong>as</strong>sar um obstáculo de certa envergadura, o largo sapal <strong>da</strong> foz <strong>do</strong> Almargem. Há quem preten<strong>da</strong> que a via atravessava esta zona alagadiça a direito, pelo local onde hoje se encontra a ponte de caminho de ferro 1 no mínimo, de desconhecimento <strong>da</strong> toponímia. Sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> local onde hoje se localiza a povoação <strong>da</strong> Conceição, a via ia vencer o sapal um pouco a montante <strong>da</strong> actual EN 125. Na encosta que bordeja a margem esquer<strong>da</strong> <strong>do</strong> Almargem, existe um antigo caminho conheci<strong>do</strong> localmente por Calçadinha, topónimo regista<strong>do</strong> na folha 608 <strong>da</strong> Carta Militar, e que se dirige, sobre um pequeno talude/dique para a ponte, em cavalete, que franqueia aquele curso de água. Ao contrário de V<strong>as</strong>co Mant<strong>as</strong> (Mant<strong>as</strong> 1997:316) e de Sandra Rodrigues (Rodrigues 2004: 87 e 90), considero esta ponte como romana. 1º Porque <strong>as</strong> pontes em cavalete são mais típic<strong>as</strong> <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> romano que <strong>do</strong> medieval. 2º Porque <strong>as</strong> aduel<strong>as</strong> <strong>do</strong>s arcos são tipicamente roman<strong>as</strong>. 3º Porque o topónimo calçadinha refere, precisamente o caminho que até ela conduz. O surto de urbanização, que atacou a área compreendi<strong>da</strong> entre o Almargem e a ci<strong>da</strong>de de Tavira, impede que ain<strong>da</strong> possamos localizar, no terreno, qualquer vestígio <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>. Temos a estra<strong>da</strong> entraria no local onde hoje é Tavira e que há época não era habita<strong>do</strong>, pelo Alto de São Brás, descia ao sítio onde hoje é o Jardim <strong>da</strong> Alagoa e p<strong>as</strong>sava a vau para a margem direita <strong>do</strong> Séqua que seria atingi<strong>da</strong> por altur<strong>as</strong> <strong>da</strong> estação <strong>da</strong> Ro<strong>do</strong>viária. A Ponte Velha de Tavira não tem qualquer vestígio de construção romana, nem na b<strong>as</strong>e, nem nos arcos e muito menos no tabuleiro. Saben<strong>do</strong> que ela já existia ao tempo <strong>da</strong> conquista cristã <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e examinan<strong>do</strong> bem o seu estilo, concluímos que ela é de construção islâmica, muito possivelmente almóa<strong>da</strong>. A Estra<strong>da</strong> seguia <strong>da</strong>qui pela Bela Fria até ao actual Alto <strong>do</strong> Cano, dirigia-se <strong>da</strong>í para a zona <strong>da</strong> Atalaia e seguia pela antiga estra<strong>da</strong> de Santa Luzia dirigin<strong>do</strong>- -se para Balsa. Da Atalaia saía outra via que também se dirigia a Balsa, junto desta via, no presente conheci<strong>da</strong> como caminho d<strong>as</strong> salin<strong>as</strong>, foi destruí<strong>do</strong> um cemitério romano (Anica, 1993). De Balsa esta via dividia-se em <strong>do</strong>is percursos: Um dirigia-se para Norte pelo Marco e iria até Santa Catarina <strong>da</strong> Fonte <strong>do</strong> Bispo, outro dirigia-se até às proximi<strong>da</strong>des de Moncarapacho, contornan<strong>do</strong> <strong>as</strong>sim o grande golfo e sapal que constituía a parte porém, bem como o <strong>da</strong> que sai de Faro para Santa Catarina <strong>da</strong> Fonte <strong>do</strong> Bispo, por Moncarapacho, será apresenta<strong>do</strong>, em pormenor, pelo Dr. Luís Fraga <strong>da</strong> Silva, também ele sócio <strong>do</strong> Campo Arqueologico de Tavira. Iniciarei, <strong>as</strong>sim, a descrição desta parte <strong>do</strong> Itinerário, a via de Ossonoba e Balsa para Pax Ivlia (Fraga, 1 Rodrigues, S. As vi<strong>as</strong> Roman<strong>as</strong> <strong>do</strong> <strong>Algarve</strong>, Faro, 2004. p. 43 42 AS VIAS DO ALGARVE
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