ACTAS DAS I JORNADAS as vias do Algarve da ... - Calçadinha
ACTAS DAS I JORNADAS as vias do Algarve da ... - Calçadinha
ACTAS DAS I JORNADAS as vias do Algarve da ... - Calçadinha
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
arqueólogos espanhóis, apontam para a existência<br />
de uma rede viária romana, que inclui restos de<br />
pontes, parecen<strong>do</strong> obedecer à mesma lógica<br />
de escoamento <strong>do</strong>s minerais e ao seu sequente<br />
<br />
paralelo ao rio m<strong>as</strong> procurava pôr em contacto <strong>as</strong><br />
zon<strong>as</strong> mineir<strong>as</strong> <strong>da</strong> serra com os embarca<strong>do</strong>iros<br />
localiza<strong>do</strong>s n<strong>as</strong> margens <strong>do</strong> rio 19 .<br />
As villae localizad<strong>as</strong> n<strong>as</strong> margens teriam entre si<br />
ligações terrestres, m<strong>as</strong>, é evidente que seria mais<br />
<br />
terrestre. Insiste-se, como nos diz Cláudio Torres, em<br />
encontrar uma calça<strong>da</strong> ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> que seria a grande<br />
<br />
serra algarvia nunca foi atravessa<strong>da</strong> por nenhuma<br />
via em época romana. Apen<strong>as</strong> caminhos de pé posto,<br />
de uso vicinal e controlad<strong>as</strong> pel<strong>as</strong> comuni<strong>da</strong>des<br />
serran<strong>as</strong> que existiriam na serra algarvia 20 . De facto,<br />
a ligação entre Baesuris e Pax Iulia parece-nos mais<br />
<br />
<strong>da</strong>qui para a capital <strong>do</strong> conventus por uma ligação<br />
<br />
de excluir a existência de uma informação erra<strong>da</strong>,<br />
no que a esta questão diz respeito, <strong>da</strong> p<strong>as</strong>sagem<br />
<strong>do</strong> Itinerário Antonino: Baesuris Pace Iulia per<br />
compendium. Se entendermos por per compendium<br />
pelo caminho mais curto, na acepção que A. Viana<br />
utilizou, este será certamente pelo rio.<br />
<br />
rápid<strong>as</strong>, mais barat<strong>as</strong> e segur<strong>as</strong> que <strong>as</strong> terrestres,<br />
foi certamente pelo rio que se processou o tráfego<br />
de merca<strong>do</strong>ri<strong>as</strong> pesad<strong>as</strong> e de matéri<strong>as</strong>-prim<strong>as</strong><br />
vind<strong>as</strong> de grandes distânci<strong>as</strong>.<br />
No que respeita às vi<strong>as</strong> de comunicação terrestres<br />
existentes, o percurso principal era o que ligava<br />
a ci<strong>da</strong>de de à capital regional, Pax Iulia<br />
(Beja). Esta estra<strong>da</strong> saía de Mértola através <strong>da</strong><br />
p<strong>as</strong>sagem que existiu até à déca<strong>da</strong> de 70 <strong>do</strong> século<br />
XX no Cerro <strong>do</strong> Fura<strong>do</strong>uro e <strong>da</strong> qual apen<strong>as</strong> existe<br />
<br />
A via ain<strong>da</strong> é reconhecível arqueologicamente na zona<br />
<br />
19<br />
GALÁN BENDALA, M., 1988, p. 40, fig. 2.<br />
20<br />
TORRES C., 1992, pp. 190-191.<br />
de calça<strong>da</strong> com lajes de xisto ou cortes longitudinais<br />
feitos na rocha b<strong>as</strong>e; segue depois em direcção às<br />
povoações de Corte Gafo de Baixo e Monte Mosteiro.<br />
Neste local atravessaria os vaus existentes na Ribeira<br />
de Terges e Cobres, seguin<strong>do</strong> depois para Salva<strong>da</strong> e,<br />
<br />
De Mértola seguia uma outra variante que p<strong>as</strong>sava<br />
na Acha<strong>da</strong> de S. Seb<strong>as</strong>tião e se juntava à estra<strong>da</strong> que<br />
ligava a Pax Iulia. Este caminho secundário<br />
acompanhava a margem <strong>do</strong> Guadiana até ao<br />
<br />
de Évora. Neste ponto ligava-se à via principal, que<br />
p<strong>as</strong>sava junto ao Rossio <strong>do</strong> Carmo, e prosseguia<br />
para o interior. Na p<strong>as</strong>sagem <strong>da</strong> ribeira de Terges e<br />
Cobres não existe qualquer vestígio de ponte, pelo<br />
que a p<strong>as</strong>sagem para a outra margem se devia fazer<br />
pelos vaus, que dependiam d<strong>as</strong> époc<strong>as</strong> <strong>do</strong> ano e <strong>da</strong><br />
quanti<strong>da</strong>de de água que a ribeira levava. Nos vaus,<br />
a p<strong>as</strong>sagem era facilita<strong>da</strong>, pois são zon<strong>as</strong> onde<br />
<strong>as</strong> águ<strong>as</strong> d<strong>as</strong> ribeir<strong>as</strong>, apesar de poderem levar<br />
<br />
a largura d<strong>as</strong> margens (estes locais de travessia<br />
ain<strong>da</strong> são usa<strong>do</strong>s nos di<strong>as</strong> de hoje). A travessia<br />
estava também facilita<strong>da</strong> pelo facto dest<strong>as</strong> zon<strong>as</strong><br />
propiciarem a acumulação de c<strong>as</strong>calheir<strong>as</strong>, crian<strong>do</strong><br />
p<strong>as</strong>sagens naturais. Vários são os locais que<br />
permitem a p<strong>as</strong>sagem <strong>da</strong> ribeira de Terges e Cobres,<br />
nomea<strong>da</strong>mente a ligação pela Amen<strong>do</strong>eira <strong>da</strong> Serra,<br />
Porto <strong>da</strong> Salva<strong>da</strong> (na margem Sul) seguin<strong>do</strong> na<br />
direcção <strong>do</strong> Monte <strong>do</strong> Pica Milho, a margem norte<br />
<strong>da</strong> ribeira são visíveis marc<strong>as</strong> <strong>do</strong>s ro<strong>da</strong><strong>do</strong>s deixad<strong>as</strong><br />
na rocha. Deve salientar-se, no entanto, que este<br />
<br />
ser enquadra<strong>do</strong> cronologicamente, pois como se<br />
referiu anteriormente, eles são utiliza<strong>do</strong>s, na sua<br />
maioria, como local de p<strong>as</strong>sagem até aos nossos<br />
di<strong>as</strong>, poden<strong>do</strong> por isso ser o vestígio de uma época<br />
posterior, o que não invali<strong>da</strong>, antes pelo contrário,<br />
a vantagem destes locais para ultrap<strong>as</strong>sagem<br />
deste obstáculo natural. Para além desta p<strong>as</strong>sagem<br />
existem mais du<strong>as</strong> de característic<strong>as</strong> semelhantes:<br />
a <strong>do</strong> Monte Mosteiro, atravessan<strong>do</strong> a ribeira no Vale<br />
de Russins, e ain<strong>da</strong> uma outra, designa<strong>da</strong> por Água<br />
Salga<strong>da</strong>. Est<strong>as</strong> p<strong>as</strong>sagens não apresentam quaisquer<br />
vestígios de rod<strong>as</strong> de carros ou carroç<strong>as</strong>.<br />
Para além desta via de maior envergadura existiam<br />
50 AS VIAS DO ALGARVE