52 <strong>Logweb</strong> | edição nº<strong>85</strong> | Mar | 2009 |Multimo<strong>da</strong>lParceriaGovernos de Brasil e Holan<strong>da</strong> se reúneme a logística é uma <strong>da</strong>s pautasNo dia 2 de março último, nasede <strong>da</strong> FIESP – Federação<strong>da</strong>s Indústrias do Estado deSão Paulo, na capital paulista,estiveram reunidos representantesdo Brasil que, ao lado deChina e Índia, tem se destacadoentre as economias emergentesno mundo, mas que ain<strong>da</strong>necessita de inúmeras melhoriasem infraestrutura, e empresáriose membros do governo <strong>da</strong>Holan<strong>da</strong>, referência mundialquando o assunto é logística.O país dispõe de uma enormerede de vias de navegaçãointerna, com conexões paraoutros países europeus, bemcomo uma extensa rede detransporte rodoviário. Alémdisso, de acordo com um estudodo IMD Business School, é oterceiro país no mundo emquali<strong>da</strong>de de transporte aquático.Em 2007, no Índice deDesempenho Logístico do BancoMundial, a Holan<strong>da</strong> ficou no topo<strong>da</strong> lista em termos de eficiênciae efetivi<strong>da</strong>de de alfândega eoutros procedimentos aduaneiros;quali<strong>da</strong>de de transporte einfra-estrutura de TI paralogística; facili<strong>da</strong>de e baixo custode embarque de mercadorias enível de profissionalização <strong>da</strong>indústria logística nacional –todos estes são aspectos queinteressam muito ao Brasil.Na ocasião, o primeiroministro,Jan Peter Balkenende,destacou que a Holan<strong>da</strong> é o nonoexportador de serviços no mundo,e um dos maiores investidorestambém. Outro ponto muitoenfatizado por ele é que, pelofato do aeroporto de Schiphol –o terceiro maior <strong>da</strong> Europa emtransporte de cargas – ficarpróximo ao porto de Roterdã – omaior do continente –, as cargaspodem chegar a países comoFrança e Alemanha em questãode horas.Complementando, Dirk’t Hooft,Lula: “os empresários brasileiros não podem ter medo detransformar suas empresas em multinacionais”diretor do Holland InternationalDistribution Council, explicou que,além <strong>da</strong> interligação entre osportos, aeroportos e estra<strong>da</strong>s dopaís, a facili<strong>da</strong>de de ligaçãoentre os países <strong>da</strong> Europa éfun<strong>da</strong>mental para a logísticaholandesa. “Com a criação <strong>da</strong>União Européia, no início dosanos de 1990, as fronteirascaíram e passamos a usarnossos CDs para atender a to<strong>da</strong>a Europa”, lembrou.De acordo com Hooft, alogística equivale a cerca de10% do PIB nacional e a 10% <strong>da</strong>força de trabalho <strong>da</strong> Holan<strong>da</strong>.“A logística tem uma importânciamuito grande no desenvolvimentodo comércio, e quandochegamos ao Brasil, no períodocolonial, já éramos um paíscomercial, porque isso está nasveias dos Países Baixos”, garante.No entendimento do presidente<strong>da</strong> FIESP, Paulo Skaf, apartir do encontro os dois paísespoderão fortalecer ain<strong>da</strong> mais oslaços econômicos, culturais,sociais, etc. “Há um imensopotencial para o desenvolvimentode projetos conjuntos”, destacou,lembrando que, do totalimportado pelo Brasil no anoBalkenende: “os PaísesBaixos são um dos maioresinvestidores internacionaisdo mundo”passado, menos de 1% veio dosPaíses Baixos.Pelo lado brasileiro, a subchefede Articulação e Monitoramento<strong>da</strong> Casa Civil e coordenadorado PAC – Programa deAceleração do Crescimento,Miriam Belchior, falou sobre osinvestimentos previstos emlogística pelo programa que foilançado no início de 2007 para,dentre outras coisas, superar osgargalos em infraestrutura.“Esse ano o PAC ganha outroFotos: Kenia Hernandes/FIESPpapel, que é aju<strong>da</strong>r a superar acrise econômica mundial”,acrescentou.Miriam disse que no setorrodoviário o programa tem ointuito de melhorar a malhanacional, os eixos de integraçãocom países vizinhos, cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong>integração com outros mo<strong>da</strong>is econstruir novas rodovias em áreasem desenvolvimento. “Foraminvestidos US$ 3,5 bilhões naterceira fase do Programa deConcessão Federal, que inclui aBR-116 e outras. O prazo deconcessão de rodovias federais éde 25 anos”, revelou.No que diz respeito ao setorferroviário, ela informou que háparcerias com o setor privadopara construção e administraçãode ferrovias. A Norte-Sul, que éfun<strong>da</strong>mental para escoar aprodução de vários portos do País,terá a concessão do eixo-sulrealiza<strong>da</strong> no segundo semestre de2009, assim como a FerroviaLeste-Oeste.Já o TAV – Trem de Alta Veloci<strong>da</strong>de,que ligará São Paulo, Campinase Rio de Janeiro, ain<strong>da</strong> estáem estudo e a previsão é que oleilão para concessão seja feitono segundo semestre. “A projeçãode investimentos é de US$ 11bilhões e o prazo para conclusão é2014, ano <strong>da</strong> Copa do Mundo noBrasil”, informou Miriam.A coordenadora do PACcontou que serão investidos,ain<strong>da</strong>, US$ 1,5 bilhão em 28aeroportos do País, e frisou queum dos desafios importantesnesse setor é aperfeiçoar aregulação. “Nesse sentido, oBNDES vem fazendo váriosestudos”, comentou. De acordocom ela, há investimentosprogramados para os aeroportosde Viracopos, em Campinas, SP, eGaleão, no Rio de Janeiro, doisdos mais importantes do Brasil.No entanto, ain<strong>da</strong> não há previsãode concessão desses projetos.
| edição nº<strong>85</strong> | Mar | 2009 | <strong>Logweb</strong>53Miriam também comemorouo fato de que agora alegislação permite investimentosinternacionais nos Portos, eque serão destinados US$ 603milhões para o ProgramaNacional de Dragagem, numprazo de cinco anos. “Já houvelicitação de três portos, cominvestimentos internacionaisem consórcio com empresasnacionais”, relatou.Na visão do presidente LuísInácio Lula <strong>da</strong> Silva, tambémpresente ao evento, a competênciaadministrativa dosportos <strong>da</strong> Holan<strong>da</strong> e tudo o quevem sendo feito nos portosbrasileiros significam parceriasque estão por vir entre os doispaíses. “A vin<strong>da</strong> do primeiroministroBalkenende, soma<strong>da</strong>com a vontade <strong>da</strong>s empresasholandesas que aqui estão,certamente irá permitir que osdois países possam conseguirótimos resultados juntos”,enfatizou.Para Lula, há uma chanceenorme de os investimentos dosPaíses Baixos no Brasilcrescerem muito. “Todo mundosabe <strong>da</strong> confiança que asempresas holandesas têm noBrasil, já que algumas estãoaqui há muitos anos, sãoextremamente sóli<strong>da</strong>s e têmgrande suporte financeiro. Porisso digo que os empresáriosbrasileiros não podem ter medode transformar suas empresasem multinacionais”, argumentou,embalado por Skaf:“enquanto o Brasil podecontribuir com o biocombustível,ensino técnico e superior dequali<strong>da</strong>de, os holandesespodem aju<strong>da</strong>r muito transmitindosua experiência em logísticae infra-estrutura”.Seguindo o mesmoraciocínio, Saturnino Sérgio <strong>da</strong>Silva, vice-presidente e diretordo Departamento de Infra-Estrutura, Logística e Telecomunicação<strong>da</strong> FIESP, afirmou que arelação de negócios com aHolan<strong>da</strong> pode crescer bastante eganhar muito destaque.“Consideramos a Holan<strong>da</strong> aporta de entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> Europa, equeremos transformar o Brasilna porta de entra<strong>da</strong> doMercosul”, projetou.Ele lembrou que depoisdos anos de 1970, os investimentosem infra-estruturacaíram muito no Brasil, e sóforam retomados há poucosanos. Por isso, disse que alogística ficou fragiliza<strong>da</strong>, masgarantiu estar otimista comuma melhora desse quadro.“Na Holan<strong>da</strong> eles trabalhamcom logística há muito tempoe, inclusive, já sabem o queirão fazer nessa área nospróximos anos, devido aoplanejamento estratégico.É isso que precisamos lutarpara que aconteça aqui. Temosmuito o que aprender com elesnas questões portuária eaeroportuária. Nesse sentido,temos tentado trocar informaçõese tecnologias”,concluiu. ●NotíciasRápi<strong>da</strong>sAGV LogísticafaturaR$ 230 milhõesA AGV (Fone: 19 3876.9000)divulgou faturamento recordeem 2008 e ampliou suaatuação em setores estratégicos,como Saúde Humana,Saúde Animal, NutriçãoAnimal, Químico, ServiçosBancários, Tecnologia, Varejoe Bens de Consumo. “Com adiversificação de negócios epela parceria com o fundoEquity International, cresceremosem 2009, com segurançafinanceira”, avalia VascoOliveira Neto, presidente <strong>da</strong>AGV Logística. O ano de 2008encerrou-se para a AGV commovimentação de 1,4 milhõesde tonela<strong>da</strong>s de mercadorias.