Edinei Arakaki Guskumaeram o patriarcalismo, o patrimonialismo e o feudalismo. Max Weber distinguiu trêstipos i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, a saber: a autorida<strong>de</strong> legitimada pela tradição, a carismáticae a legal. A autorida<strong>de</strong> legal foi assim <strong>de</strong>scrita por Blau (1970, p. 45):O terceiro tipo <strong>de</strong> Weber, a autorida<strong>de</strong> “legal”, é legitima<strong>do</strong> por uma crença nasupremacia da lei. Este tipo assume a forma <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> normas sociais,formalmente estabeleci<strong>do</strong>, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> a organizar a conduta na busca racional <strong>de</strong>finalida<strong>de</strong>s específicas. Em tal sistema, a obediência é <strong>de</strong>vida não a uma pessoa– quer seja um chefe tradicional ou um lí<strong>de</strong>r carismático – mas a uma série <strong>de</strong>princípios impessoais.Nota-se que para Weber, as organizações formais <strong>de</strong>veriam se estruturar em torno<strong>de</strong> leis, que, a princípio, seriam racionais e voltadas para o atendimento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s, não sen<strong>do</strong>cabível a prevalência <strong>de</strong> interesses pessoais a reger as relações funcionais e hierárquicas.Para Maximiano (2006), todas as organizações formais, isto é, aquelas cujaestrutura e funcionamento são baseadas em regulamentos, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radasorganizações burocráticas. Tais organizações apresentam três características principaisque formariam o chama<strong>do</strong> tipo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> burocracia cria<strong>do</strong> por Max Weber:formalida<strong>de</strong>, impessoalida<strong>de</strong> e profissionalismo.Segun<strong>do</strong> Motta (1991), o formalismo da burocracia expressa-se no fato <strong>de</strong> quea autorida<strong>de</strong> se origina <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> normas racionais, escritas e exaustivas, que<strong>de</strong>finem com precisão as relações <strong>de</strong> man<strong>do</strong> e subordinação, além <strong>de</strong> distribuir asativida<strong>de</strong>s a serem executadas <strong>de</strong> forma sistemática, visan<strong>do</strong> os objetivos previamentetraça<strong>do</strong>s.A estrutura organizacional da CMSP possui diversas características que<strong>de</strong>finem o caráter formal das burocracias, que serão a seguir relacionadas ten<strong>do</strong> comobase a conceituação teórica <strong>de</strong>senvolvida por Motta (1991):a. A autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> normas racionais-legais, ou seja, a autorida<strong>de</strong> burocráticaé baseada em um sistema <strong>de</strong> normas legais cuja obediência é imposta por leis,regimentos ou atos. A norma legal <strong>de</strong>fine o po<strong>de</strong>r da autorida<strong>de</strong> burocrática, cujascompetências são <strong>de</strong>talhadas a fim <strong>de</strong> se <strong>de</strong>limitar o alcance da sua influência.b. As normas são escritas e exaustivas, <strong>de</strong> forma a cobrir todas as áreas da organização,preven<strong>do</strong> a maioria das ocorrências e enquadran<strong>do</strong>-as <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um comportamentopré-<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>. Essa característica da organização burocrática almeja<strong>de</strong>terminar o comportamento <strong>do</strong>s seus membros, na medida em que os mesmossejam obriga<strong>do</strong>s a pautar as suas ações conforme as diretrizes, normas organizacionais,méto<strong>do</strong>s, rotinas ou regimentos previamente existentes, resultan<strong>do</strong> emuma previsibilida<strong>de</strong> das suas atitu<strong>de</strong>s que colaboram para uma maior precisão no<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s trabalhos. O processo legislativo da CMSP configura-se numexemplo em que as normas se apresentam positivadas, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>, a priori, ser regimentalmenteseguidas ao longo <strong>do</strong>s trabalhos.c. Existência <strong>do</strong> caráter hierárquico que implica na relação <strong>de</strong> subordinação entreto<strong>do</strong>s os membros da organização, ou seja, ocorre a subordinação mútua das auto-102 RPP São <strong>Paulo</strong> v.2 n.3 p.98-111 jul./<strong>de</strong>z. 2012
Aspectos teóricos sobre a estrutura organizacional da Câmara Municipal <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>rida<strong>de</strong>s em um sistema em que to<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem prestar contas a um nível hierárquicosuperior, sen<strong>do</strong> que no caso da CMSP o último nível hierárquico é representa<strong>do</strong>pela Mesa Diretora. Essa característica <strong>de</strong>fine os níveis <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> verticalmente,apresentan<strong>do</strong> uma forma piramidal quan<strong>do</strong> da representação gráfica da organização.Será verifica<strong>do</strong> a existência <strong>de</strong>ssas formas piramidais nos organogramas daCMSP nos anos <strong>de</strong> 1948 e 2012, o que comprova o seu caráter burocrático relativoà sua estruturação hierárquica.d. O mo<strong>de</strong>lo burocrático apresenta uma divisão horizontal <strong>do</strong> trabalho, na qual asativida<strong>de</strong>s são distribuídas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os objetivos a serem alcança<strong>do</strong>s, em umprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamentalização que visa agrupar as diferentes ativida<strong>de</strong>s em áreascom características semelhantes. Na CMSP é clara a divisão em duas vertentes, aadministrativa e a relacionada ao processo legislativo, fato esse constata<strong>do</strong> na estruturaorganizacional <strong>de</strong>finida pela Resolução nº 3 <strong>de</strong> 1948 e que se manteve até 2012.Maximiano (2006) afirma que as relações pessoais que integram as organizaçõesburocráticas são governadas pelos cargos que tais pessoas ocupam e pelos direitose <strong>de</strong>veres investi<strong>do</strong>s nesse cargo. Aquele investi<strong>do</strong> em um cargo que possua autorida<strong>de</strong>tem o seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>limita<strong>do</strong> pela legislação, e a obediência <strong>do</strong>s seus eventuaissubordina<strong>do</strong>s não lhe é <strong>de</strong>vida pessoalmente, mas ao cargo que ocupa. Esses aspectoscaracterizam o caráter impessoal das organizações, em que o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> cada indivíduonão é <strong>de</strong>riva<strong>do</strong> da sua figura pessoal, como ocorre na li<strong>de</strong>rança carismática, e nemé proveniente <strong>de</strong> um direito familiar ou hereditário, como no po<strong>de</strong>r tradicional, massim da norma cria<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> cargo que institui as atribuições <strong>do</strong> mesmo.O profissionalismo, em uma organização burocrática, se relaciona ao fato <strong>de</strong>que o direito <strong>de</strong> ocupar um cargo nesse tipo <strong>de</strong> sistema social se baseia na qualificaçãoe capacida<strong>de</strong> técnica <strong>do</strong> indivíduo, impedin<strong>do</strong> que motivos parciais e subjetivosinterfiram nesse processo <strong>de</strong> escolha. Esse aspecto é observa<strong>do</strong> na CMSP quan<strong>do</strong> seanalisa o processo <strong>de</strong> formação <strong>do</strong> corpo <strong>de</strong> funcionários estatutários cujo direito àinvestidura no cargo público se <strong>de</strong>u por meio <strong>de</strong> concurso <strong>de</strong> provas e títulos, em queeram mensura<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma objetiva e imparcial a capacida<strong>de</strong> e qualificação técnica<strong>do</strong>s candidatos.Em alguns momentos o profissionalismo e o caráter impessoal acima menciona<strong>do</strong>spo<strong>de</strong>m se sobrepor, conforme aponta Motta (1991, p. 33):Um aspecto essencial através <strong>do</strong> qual se expressa o caráter impessoal das burocraciasrefere-se à forma <strong>de</strong> escolha <strong>do</strong>s funcionários. Nos sistemas não burocráticos,os administra<strong>do</strong>res são escolhi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com critérios eminentementeirracionais. Fatores como linhagem, prestígio social e relações sociais <strong>de</strong>terminarãoa escolha. O novo rei ou o senhor feudal é escolhi<strong>do</strong> porque é filho primogênito<strong>do</strong> último soberano. Na empresa familiar, o filho suce<strong>de</strong> o pai por direitohereditário. Esse mesmo filho, parentes e afilha<strong>do</strong>s são coloca<strong>do</strong>s em postos <strong>de</strong>relevo <strong>de</strong>ntro da empresa, sem serem levadas em consi<strong>de</strong>ração sua competênciae sua habilitação para o cargo.RPP São <strong>Paulo</strong> v.2 n.3 p.98-111 jul./<strong>de</strong>z. 2012 103
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