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IR E VIR - Governo do Estado de São Paulo

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Quan<strong>do</strong> mãe enterra filho, é guerra, e isso vai ser cobra<strong>do</strong>. Eu vou fazen<strong>do</strong>aqui para to<strong>do</strong>s os meus alia<strong>do</strong>, porque você sabe que o gueto nunca vai sernega<strong>do</strong>. Gueto é igual Varsóvia na Europa. Você sabe que os caras quer viraqui e escravizar nós <strong>de</strong> novo pra Copa, e tá erra<strong>do</strong>. Corta a luz e água das favelase taca fogo, para <strong>de</strong>pois po<strong>de</strong>r ganhar dinheiro <strong>de</strong> novo com os ingressos <strong>do</strong> jogo,e isso nós não vai <strong>de</strong>ixar, vai cobrar a cada linha, porque você sabe que o bagulhoé uma rinha, e só tem galo <strong>de</strong> briga aqui, não tem frango. Se for reintegração <strong>de</strong>posse, <strong>de</strong>volve as encruzilhadas para Exu e as matas para Oxóssi.Freestyle (improvisação poética) <strong>de</strong> Augusto Oliveira, no Sarau <strong>do</strong> Ocupa, em 5/9os olhos sisu<strong>do</strong>s da universida<strong>de</strong>,mas mu<strong>do</strong>u <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ia quan<strong>do</strong>conheceu os saraus <strong>de</strong> perto. “Vique eles não precisavam <strong>de</strong>ssalegitimação, que eles são legitima<strong>do</strong>spor eles mesmos”, conta.Ao contrário: as universida<strong>de</strong>s éque per<strong>de</strong>m quan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong>conhecer “uma literatura escritapor pessoas que, em muitoscasos, nunca frequentaram oufrequentarão uma universida<strong>de</strong>,mas que não <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> terum gran<strong>de</strong> valor na literaturacontemporânea”.“Se for reintegração <strong>de</strong>posse, <strong>de</strong>volve as encruzilhadaspara Exu e as matas paraOxóssi”, <strong>de</strong>clama AugustoOliveira, 21 anos, assumin<strong>do</strong>o microfone da Ocupa paraimprovisar seu apoio à causasem-teto. Mora<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>Tira<strong>de</strong>ntes, na zona leste,Oliveira é um mestre <strong>do</strong> freestyle,a poesia improvisada nahora da fala.No reduto <strong>do</strong>s saraus,poeta é to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que quiserfalar, com verso próprio oualheio. Tem poeta que improvivimentos<strong>de</strong> moradia, <strong>de</strong>cidiua<strong>do</strong>tar a cultura como arma <strong>de</strong>luta. “Com os saraus, as senzalastomaram <strong>de</strong> assalto a literatura,que até então era feita na casagran<strong>de</strong>”,analisa.Sarau é tu<strong>do</strong>“Os saraus da periferiafazem uma total <strong>de</strong>ssacralização<strong>do</strong> que se tinha como conceito<strong>de</strong> sarau poético, conceitua<strong>do</strong>como uma reunião em casa particular,realiza<strong>do</strong> noturnamentee pela elite, trazi<strong>do</strong> pelos portuguesescom a vinda da FamíliaReal para o Brasil”, analisa a pesquisa<strong>do</strong>raAline Deyques Vieira,que analisou a literatura da periferiapaulista em sua dissertação<strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> O Clarim <strong>do</strong>sMarginaliza<strong>do</strong>s - A LiteraturaMarginal/Periférica na LiteraturaBrasileira Contemporânea(Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro, 2011). Quan<strong>do</strong> resolveuestudar o universo literárioperiférico, Aline tinha a pretensão<strong>de</strong> “legitimar” a literaturaproduzida na periferia perante68

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