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VI. As artes e as confluências interculturais ou, destarte, a diferença ...

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<strong>VI</strong> AS ARTES E AS CONFLUÊNCIAS INTERCULTURAIS...Porém, antes de se analisarem alguns dados e c<strong>as</strong>os de tal prospectiva intercultural d<strong>as</strong> <strong>artes</strong> em Portugal, importa ainda o carácter polissémico e dosdiversos níveis da consideração do artístico: se, como género tradicional decerta expressão formal; se, como produção específica do objecto de arte 92 ,da obra-objecto, até no contexto popular e de negócio «mercantil» d<strong>as</strong> <strong>artes</strong>num comércio global 93 ; se, como tradução simbólica mais paradoxal e elitista94 ; se, enfim, como já do domínio de um conhecimento científico etranscientífico que ajude à mutação de consciência, à terapia psicológica,enfim, a uma função transformadora e espiritual 95 .Por isso, embora levantemos problem<strong>as</strong> nos campos d<strong>as</strong> <strong>artes</strong> plástic<strong>as</strong>, damú sica e d<strong>as</strong> <strong>artes</strong> rítmic<strong>as</strong>, bem <strong>as</strong>sim do teatro, do cinema, d<strong>as</strong> <strong>artes</strong>visuais, <strong>ou</strong> mesmo d<strong>as</strong> <strong>artes</strong> dit<strong>as</strong> decorativ<strong>as</strong> como a azulejaria, a tapeçaria,a <strong>ou</strong>rivesaria, etc., o importante parece ser captar a diferença de grelha, de«malha», d<strong>as</strong> matrizes culturais em presença, que apontam para <strong>ou</strong>tros modosde fazer sentir e consciencializar possibilidades e fruições da vida trazida porgrupos culturais diversos 96 . Sobretudo, apurar que tal diversidade, seja deinventividade civilizacional, seja de modelos ditos artísticos de realização, há--de ser criticamente reflectida a partir do fundo pluridimensional da culturapor tuguesa e da sua capacidade futura de se continuar a «fingir» nesta suaidentidade 97 .Como se poderia lembrar a propósito do próprio âmbito da poesia na interculturalidadedos povos de língua portuguesa, tal o c<strong>as</strong>o angolano, <strong>as</strong>sim sinte -tizado por Ana Paula R. Tavares, em «Poesia Angolana – Tradição e ruptura»:«Outros exemplos poderiam testemunhar d<strong>as</strong> interferênci<strong>as</strong> do ac<strong>as</strong>o nest<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>de fluidos contornos que constituem <strong>as</strong> maneir<strong>as</strong> própri<strong>as</strong> de um povo estar nomundo. Como não poderia deixar de ser, dos mesmos males e bens sofre uma poe -sia que se reclama tributária de um p<strong>as</strong>sado mais <strong>ou</strong> menos longínquo, consoantedeixa que <strong>as</strong> su<strong>as</strong> raízes se alimentem do contacto e d<strong>as</strong> troc<strong>as</strong> culturais dos diferen -tes povos, português aí incluído, que, durante séculos, se movimentaram e criaramcultura dentro dos horizontes geográficos hoje reconhecidos como Angola» 98 .E, apesar de discutível, esta «identificação» ainda geográfica da cultura, nãodeixa de ser significativa a flutuação d<strong>as</strong> maneir<strong>as</strong> de estar e de sentir que, no«in tercultural» poético, se vislumbra de dentro de tal cultura. O que se podedizer de <strong>ou</strong>tr<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> <strong>as</strong>sim de si mesm<strong>as</strong> abert<strong>as</strong> por tal pluridimensionalidade,que, aliás, também caracteriza certo «universalismo» europeu.208

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