11.07.2015 Views

VI. As artes e as confluências interculturais ou, destarte, a diferença ...

VI. As artes e as confluências interculturais ou, destarte, a diferença ...

VI. As artes e as confluências interculturais ou, destarte, a diferença ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Carlos H. do C. Silvaarte não é tão espontânea como ingenuamente se pretende (vide na tradição portuguesa osestudos de António DAMÁSIO, The Feeling of what Happens – Body, Emotion and the Makingof Consci<strong>ou</strong>sness, Londres, Vintage, 2000, pp. 234ss.: «The Neurology of Consci<strong>ou</strong>sness») e,por <strong>ou</strong>tro lado, como há possibilidades artístic<strong>as</strong> de pl<strong>as</strong>mar diferentemente o humano aonível neuronal. Aliás, já isto tinha sido sentido desde há muito pelo uso empírico de drog<strong>as</strong><strong>as</strong>sociad<strong>as</strong> à criatividade artística e aos novos âmbitos de «teclado» sensível <strong>as</strong>sim descoberto.Não seria preciso lembrar a «distopia» de Ald<strong>ou</strong>s HUXLEY, Brave New World…, <strong>ou</strong> sequerHenri MICHAUX, Connaissance par les g<strong>ou</strong>ffres, Paris, Gallimard, 1967, <strong>ou</strong> <strong>ou</strong>tr<strong>as</strong> experiênci<strong>as</strong>vind<strong>as</strong> na interculturalidade com o Oriente, aquando da geração do LSD, etc., para re -tomar de dentro da experiência estética portuguesa, por exemplo, a poética de Clepsidra deCamilo PESSANHA, <strong>ou</strong> sobretudo de Wenceslau de MORAES, «Paisagens da China e do Japão»(1924)…, para já não falar do «Opiário» de Álvaro de Campos…, <strong>ou</strong> da própria adição culturalcomo <strong>ou</strong>tra forma de «hipnose» adentro de discursos fechados no horizonte da culturaportuguesa. Cf. Eduardo LOURENÇO, O Labirinto da Saudade – Psicanálise Mítica do DestinoPortuguês, Lisboa, Dom Quixote, 1992 5 .201Sempre a arte foi não tanto um imaginar do diferente, m<strong>as</strong> um fingir do mesmo…– donde a sua extraordinária força de convencimento e a sua capacidade diferencial para umacordar de consciência. Por um lado, porque a «realidade» não está feita, <strong>ou</strong> perfeita, e tempela arte a sua realização espiritual, a obra que ganha alma e se eleva acima do irracionalnatural…; por <strong>ou</strong>tro, porque só por essa estratégia (bem aprendida do Oriente tibetano ebudista como upaya, «fingimento», e tal foi profundamente reflectida na poética pessoana…)e simulação se pode retornar à comunhão com o que é, já sem <strong>as</strong> identificações primeir<strong>as</strong> een ganador<strong>as</strong>. Arte como «arte de enganar» o engano, tão bem tem sido compreendida na tradiçãoportuguesa (desde a «Floresta de enganos»…), e nesse aprendizado intercultural com aarte de negociar com <strong>ou</strong>tros povos e idei<strong>as</strong>… Cf. Carlos H. do C. SILVA, «O Fingimento daRe ligião – Do tremendo f<strong>as</strong>cínio à sua crítica como memorial do divino» (Com. ao Colóquio«Pensar a Religião», Univ. Açores, org. Centro de Est. Filosóficos/Depart. História, Filos.Ciênc. Sociais, Univ. Açores, 25 de Maio de 2000), in Arquipélago (2006); e ID., «O virtualliterário como poética da realidade – Meditação a partir da lição do fingimento pessoano»(Confer. no Ciclo de Confers. «Olhares Luso-Br<strong>as</strong>ileiros sobre Literatura», Centro de Literat.e Cultura Portuguesa e Br<strong>as</strong>ileira, U.C.P., 18 de Maio de 2000), in José M. Silva ROSA (org.),Olhares Luso-Br<strong>as</strong>ileiros sobre Literatura (Ciclo de Conferênci<strong>as</strong>), Lisboa, C.L.C.P.B/Univ.Católica Ed., 2002, pp. 111-133.202Tal em Almada NEGREIROS, Ver, ed. Lima de Freit<strong>as</strong>, Lisboa, Arcádia, 1982; cf. tam bémLima de FREITAS, Almada e o Número, Lisboa, Arcádia, 1977; vide <strong>ou</strong>tr<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> emnosso estudo: Carlos H. do C. SILVA, «O Pitagorismo de Almada – Interpretação simbó lica<strong>ou</strong> mítica filosofia órfica?» (Comun. ao Colóquio Internac. «Almada Negreiros – A Des -coberta como Necessidade», Fac. de Letr<strong>as</strong>, Univ. do Porto/Fund. Eng. António de Almeida,12-14 Dezembro de 1996), in VV.AA., Almada Negreiros. A Descoberta como Necessidade,Act<strong>as</strong> do Colóquio Internacional, Celina SILVA (coord.), Porto, Ed. Fundação Eng. Antóniode Almeida, 1998, pp. 473-489. Cf. também J. A. FRANÇA, Almada. O Português sem Mestre,Lisboa, 1974.203Tal em Fernando PESSOA, Págin<strong>as</strong> Íntim<strong>as</strong> e de Auto-Interpretação, Lisboa, Ática, 1966…,m<strong>as</strong> também em José MARINHO, Aforismos sobre o que mais importa, Lisboa, IN-CM, 1994,pp. 359ss., e <strong>ou</strong>tros…283

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!