11.07.2015 Views

VI. As artes e as confluências interculturais ou, destarte, a diferença ...

VI. As artes e as confluências interculturais ou, destarte, a diferença ...

VI. As artes e as confluências interculturais ou, destarte, a diferença ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Carlos H. do C. Silv<strong>as</strong>ensibilidade existem <strong>as</strong> <strong>artes</strong> como a pintura, a escultura, a arquitectura, e, um p<strong>ou</strong>co menos eintermédia, a música. Para a aristocracia da sensibilidade, existe apen<strong>as</strong> uma arte: a literatura,resumo de tod<strong>as</strong>, transcendentalizando-<strong>as</strong> através da ideia.» Mal-grado esta «hierarquia», nãodeixa de ser relevante aquele plano mais comunicável <strong>ou</strong> vital d<strong>as</strong> <strong>artes</strong>. Sobre o papel d<strong>as</strong>subcultur<strong>as</strong> num <strong>ou</strong>tro entendimento, posto que também aplicável à relação de conteúdosestéticos, cf. Dick HEBDIGE, «The Function of Subculture», in S. DURING (ed.), The CulturalStudies Reader, ed. cit., pp. 441-450.166A palavra de ordem poderia ser a de SCHUMACHER, Small is Beautiful: A Study of Eco no -mics <strong>as</strong> if People Mattered, Londres, Abacus, 1974, aqui traduzida na importância em rede dospequenos grupos, da medida «humana» de uma escala, entretanto universalizável. Sobre atensão gerada pel<strong>as</strong> mútu<strong>as</strong> influênci<strong>as</strong>, cf. Harold BLOOM, The Anxiety of Influence, NovaIorque/Oxford, Oxf. Univ. Pr., 1993, e vide também Geoffrey HARTMAN, The UnmediatedVision, Nova Iorque, Harc<strong>ou</strong>rt, Brace & World, 1966.167Escute-se o que concluem Alexandre MELO e Fernanda CÂNCIO, «Cen<strong>as</strong> da Vida Mun -dana, do pós-guerra aos nossos di<strong>as</strong>», in Panorama da Cultura Portuguesa no século XX, ed.cit., vol. 3, p. 346: «Ao individualismo de extroversão, veiculado pela exibição da pose e a suspen -são dos conteúdos, sucede uma introversão do individualismo em que a pose se torna a expressãosupostamente ajustada a uma filiação identitária ancorada em códigos de inclusão étnica, cl<strong>as</strong>sista<strong>ou</strong> sexual» – e acrescentam, já na perspectiva do que prevê a flexibilidade d<strong>as</strong> relações da sensibilidadeestética <strong>as</strong>sim «transaccionável»: «Ao individualismo extrovertido, sedução na vertigemda superfície, sucede um individualismo incorporado, ancorado em filiações identitári<strong>as</strong> eaberto a vocações comunitári<strong>as</strong>. A emergência da singularidade – individual <strong>ou</strong> de grupo – comomodo de afirmação social e factor de multiplicação d<strong>as</strong> diferenç<strong>as</strong> implica uma nova conceptualizaçãoque <strong>as</strong>senta em idei<strong>as</strong> flexíveis, negociáveis e alternantes.» Se este é o domínio do impériodo efémero, como salienta G. LIPOVETSKY, L’empire de l’éphémère, Paris, Gallimard, 1987,pp. 33ss., não é menos correcto ver tal «império» abrir-se em multíplices reinos de tais diálogosde sensibilidade e de prátic<strong>as</strong> também entre si divergentes.168Não apen<strong>as</strong> a transposição do in der Welt sein da condição humana, <strong>as</strong>sim pensada, m<strong>as</strong>um «enraizamento» ao local, mesmo quando «global», traduzido pela arte de habitar… Cf. M.HEIDEGGER, «Bauen, Wohnen, Denken», in ID., Vorträge und Aufsätze, ed. cit., t. II,pp. 109-36.169Ainda B. STIEGLER, De la misère symbolique, t. 2: La cat<strong>as</strong>trophè du sensible, ed. cit. supra.Ter, entretanto, presente a linguagem artística da primordial civilização: Jack GOODY,Domestication of the Savage Mind, Cambridge, Cambr. Univ. Pr., 1977…170Saliente-se a «filosofia do surrealismo» (cf. Ferdinand ALQUIÉ, Philosophie du surréalisme,Paris, Flammarion, 1955, pp. 166ss.: «L’imaginaire…») em torno do simbólico texto de AndréBRETON e Paul ÉLUARD, L’immaculée conception, Paris, Séguers, 1961 reed., em que se tornaclara a diferenciação de níveis de experiência (não apen<strong>as</strong> de conhecimento): cf., entre <strong>ou</strong>trosestudos, Jean MILET, Ontologie de la différence – Une exploration du champ épistémologique,Paris, Beauchesne, 2006, pp. 298ss.: «Une exploration ultime des “plans de rationalité”»; evide ainda Mariapaola FIMIANI, Lévy-Bruhl. La différence et l’archaïque, ed. cit., pp. 82ss.,sobre o diverso «sentimento que dá existência»…171Cf. Álvaro de CAMPOS, «P<strong>as</strong>sagem d<strong>as</strong> Hor<strong>as</strong>», in F. PESSOA, Obra Poética, ed. Maria Alie -277

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!