<strong>VI</strong> AS ARTES E AS CONFLUÊNCIAS INTERCULTURAIS...ELEMENTOS«ESTÉTICOS»GÉNEROSCONVENCIONADOS«ESTILOS»DOMINANTESINTER-RELAÇÕESCULTURAISArtes do «espaço» Artes plástic<strong>as</strong> Bel<strong>as</strong>-Artes Artes «decorativ<strong>as</strong>»Espaço, luz... Arquitectura Modelo clássico Concepções urban<strong>as</strong>Volume e forma...EsculturaBarroquismo formal<strong>ou</strong> não«máscara»Figura e cor...Pintura«impressionismo» entrefiguração e «abstracção»«cor local»Artes do «tempo» Artes rítmic<strong>as</strong> Arte total (Ópera) Artes aplicad<strong>as</strong>Som e pausa.. Música Formalismo <strong>ou</strong> nãoOutr<strong>as</strong> «gam<strong>as</strong>musicais»...Corpo e movimento...Bailado, dança«expressionismo» <strong>ou</strong>gesto convencionalNovos ritmosPalavra e silêncio...PoesiaRomantizaçãotendencialExperiênci<strong>as</strong>de «tradução»...Palavra e sentido Literatura Narratividade, o épico«cri<strong>ou</strong>los», dialectoslocais...Representação e acçãoTeatro«dramatismo»e tragédia <strong>ou</strong> nãoSituações de «mimo»de «performance»...Artes «técnic<strong>as</strong>» Artes «mecânic<strong>as</strong>» Arte do virtualArtesde «performance»Olhar e sombra... Fotografia «retratismo» DocumentalismosMovimento e vida... Cinema «dinamismo» Construção «histórica»Imaginação e artifícioTecno-arte,computatorial...«concretismo»,conceptualismo...«Instalações»,experimentos...Os «elementos estéticos» determinam-se a partir de um referencial antropológico de b<strong>as</strong>e: seguindo ao longo dos «sentidos» <strong>ou</strong> da sua matéria imaginal(G. Bachelard) desde a visão (também intelectiva) até às estesi<strong>as</strong> do som, da210
Carlos H. do C. Silvapa lavra e do sabor… Note-se que, na «paleta» dos contactos portugueses, a in -ter culturalidade ger<strong>ou</strong> form<strong>as</strong> adstrit<strong>as</strong> de atenção aos cheiros, sabores etacto, sobretudo no diálogo com o Oriente, traduzido em condut<strong>as</strong> artístic<strong>as</strong>indo-portugues<strong>as</strong>, etc. <strong>As</strong> form<strong>as</strong> mais «holístic<strong>as</strong>» do sentir, não só n<strong>as</strong> si -nes tesi<strong>as</strong> da literatura simbolista…, m<strong>as</strong> n<strong>as</strong> <strong>artes</strong> técnic<strong>as</strong> e reconstrutiv<strong>as</strong> atédo ambiente vivido (c<strong>as</strong>o da fotografia, do cinema… e ainda da «performance»vivida do teatro, etc.), remete para o modelo simbiótico da criativida de, ondeciência e arte, bem <strong>as</strong>sim cultura e religião… se afectam mutuamente.A nomenclatura d<strong>as</strong> vári<strong>as</strong> <strong>artes</strong> segue a convenção da História da Arte, so -bre tudo na mais do que criticável destrinça entre «<strong>artes</strong> plástic<strong>as</strong>» comosendo «do espaço», por contr<strong>as</strong>te com <strong>as</strong> «<strong>artes</strong> do tempo», já que tod<strong>as</strong> el<strong>as</strong>(incluindo o que se opt<strong>ou</strong> por «<strong>artes</strong> mecânic<strong>as</strong>»…) são de performance e integramritmos de uma temporalidade vivida. Seria até aqui oportuna a compa -ração com a cl<strong>as</strong>sificação hierárquica proposta por F. Pessoa: Nível vital:dança, canto e representação (teatro); Nível intermédio: pintura, escultura e ar -quitectura; e Nível superior: música, literatura, (e poesia)… («Do Orpheu e dosensacionismo», in Obr<strong>as</strong> em Prosa, ed. cit., p. 428).A referência complementar ao «estilo», aqui por jeito, dominante, adentrocada um dos géneros, há-de ser lida em termos «impressionist<strong>as</strong>», <strong>ou</strong> seja,cha mando a atenção para o traço distintivo que, depois, terá de ser tido emcon ta na inter-relação cultural. Donde que (na última coluna vertical doesquema) se apontem algum<strong>as</strong> dess<strong>as</strong> áre<strong>as</strong> de consequência de interferênciae transformação da própria identidade cultural por via desse diverso jeitoestético.<strong>As</strong>sim, se <strong>as</strong> alterações de concepção arquitectónica não se cingem ao «edifício»,m<strong>as</strong> supõem o diálogo de maneir<strong>as</strong> diferentes de pensar-viver o espaço,tanto urbano como paisagístico, de uma arquitectura do ambiente, etc., im -porta salientar os modos como tais soluções própri<strong>as</strong> <strong>ou</strong> alhei<strong>as</strong> interferemna cidade, no local do habitar da nossa cultura. Também no que se refere àpaleta d<strong>as</strong> cores e à figuração do olhar pictórico, mesmo quando tal arte sequeira como não-visual, surreal, etc., muito importa aduzir o cotejo com<strong>ou</strong>tr<strong>as</strong> cultur<strong>as</strong> óptic<strong>as</strong>, ainda quando não tenham o mesmo grau <strong>ou</strong> estilode elaboração da pintura, podendo analogamente advertir-se do mesmo apropósito da escultura. Afinal, a «máscara» que tanto e tão intensamente fazsinal, a partir, sobretudo, do originário da experiência ritual mágico-artística,211