a ativação das proteínas de coagulação inativas e os fatoresativos se esgotaram. Podem se desenvolver em 1 a 2 dias,porém mais comumente se desenvolvem em 5 a 7 dias apósa ingestão (Gfeller e Messonier, 2006). Segundo Sakate(2002), os compostos podem atravessar a barreira placentáriae podem ser excretados no leite. Os sinais clínicosrelacionam-se com hemorragia e podem incluir palidez demucosas, depressão, fraqueza, hematêmese, melena, hematúria,sangramento gengival ou por pequenos ferimentos,hemartrose, hemotórax, hemoperitônio, sangramento intracraniano(Gfeller e Messonier, 2006). Relata-se ainda aocorrência de hifema, ataxia, cólica e dispneia, além de arritmiase anorexia (Back, 2001).2.3- DIAGNÓSTICOO diagnóstico da intoxicação por esses pesticidas inclui ohistórico de exposição ao agente, a sintomatologia característicade toxicose por anticolinesterásicos e, em caso deóbito, as alterações post-mortem (Andrade, 2008).Em intoxicações por organofosforados, a dosagem do teorde colinesterase no sangue e uma redução de 25% na atividadeé indício de intoxicação por esses agentes ou outrosanticolinesterásicos, mas outros testes devem ser feitospara confirmar o diagnóstico (Gfeller e Messonier, 2006).O diagnóstico toxicológico de intoxicação por carbamatosé mais difícil, pois a maioria dos compostos é rapidamenteabsorvida e degradada. A dosagem de acetilcolinesteraseneste caso não é conclusiva por a inibição provocada peloscarbamatos é transitória e mais fraca que a provocada pelosorganofosforados (Fikes, 1990).A combinação desses diferentes critérios serve para diferenciarde outras condições como as infecciosas, metabólicas(hipoglicemia, uremia), trauma, condições neurológicas agudasbem como de outros tipos de intoxicações. Este últimogrupo pode ser mais difícil de distinguir, particularmenteno caso de opióides, intoxicação por nicotina, ingestão decogumelos contendo muscarine e mordidas de serpentesvenenosas, apesar de que uma anamnese cuidadosa e oexame físico irão conduzir geralmente ao diagnóstico apropriado(Hatch, 1998).As alterações post-mortem macroscópicas e microscópicas(histopatologia) encontradas na toxicose por organofosforadose carbamatos são inespecíficas, representadasprincipalmente por congestão em diversos órgãos e poredema pulmonar (Figura 1) de intensidades variadas. Ahemorragia também pode ocorrer (Andrade, 2008). Lesõesmacroscópicas podem estar ausentes em intoxicações gravespor organofosforados, mas são descritos edema e congestãopulmonares, cianose, congestão (Figura 2) e edemacerebral, hemorragias na musculatura esquelética (Figura 3).Lesões microscópicas evidenciam neurotoxicidade tardia,ocorrendo degeneração e desmielinização axonal no SNCe secundariamente necroses musculares (Fikes, 1990).Figura 1 - Edema pulmonar - cão.Fonte: Cornell UniversityFigura 2 - Congestão cerebral - cão.Fonte: Cornell UniversityFigura 3 - Hemorragias musculares - cão.Fonte: Cornell UniversityOs materiais de escolha para a pesquisa de organofosforadossão conteúdo estomacal, fragmentos de fígado, rim, pelee pêlos. Porém, alguns compostos possuem absorção emetabolismo rápidos, sendo possível a ocorrência de falsonegativos(Gfeller e Messonier, 2006). Os materiais devem22 V&Z EM MINAS
sem adequadamente acondicionados com identificação completa(espécie, sexo, idade, raça, nome), suspeitas diagnósticas,laudo anatomopatológico e informes clínicos.Devem ser enviados resfriados (em gelo) ou congelados,sempre no interior de sacos plásticos ou recipientes secose limpos.A história de exposição, sinais clínicos e lesões compatíveis,além do tempo de protrombina prolongado, e a respostaao tratamento com vitamina K1, fornecem o diagnósticopresuntivo da intoxicação por cumarínicos (Rennó,Sacco e Barbosa, 2007).As anormalidades nos resultados de teste de coagulaçãoabrangem prolongamento do tempo de protrombina (TP),do tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) e proteínasinduzidas pela ausência ou antagonismo da vitaminaK (PIAVK). Nenhum destes testes é específico pararodenticidas anticoagulantes (Gfeller e Messonier, 2006).Segundo Damon e Dye (2005), os dados laboratoriais emum animal intoxicado são: aumentos significantes dos temposde coagulação, de protrombina ativado, de tromboplastinaparcial ativada, hematócrito baixo, hipoproteinemiae detecção dos compostos anticoagulantes no plasma,no sangue não coagulado, fígado e conteúdo gastrointestinal.Animais intoxicados exibindo dispneia devem ser radiografadospara estabelecer a presença de fluido pleural,mediastinal ou pericardial.2.4- TRATAMENTOO rápido reconhecimento de intoxicação e seu tratamentoadequado são essenciais para o prognóstico favorável quandohá intoxicação por organofosforados ou carbamatos. A-lém disso, o atendimento precoce do animal é fundamentalpara aumentar suas chances de sobrevida (Andrade, 2008).Para o tratamento da intoxicação por organofosforados ecarbamatos, a atropina é o antagonista de escolha, mesmonão inibindo o efeito muscarínico, permanecendo as fasciculaçõesmusculares e paralisia muscular (Gfeller e Messonier,2006). Deve ser administrada em cães e gatos nadose de 0,2 a 2 mg/kg endovenoso (EV) ou intramuscular(IM) ou subcutâneo (SC). Administrar um quarto da dosepor via EV e o restante IM ou SC, repetindo conforme a necessidade(Xavier e Spinosa, 2008). Como marcador clínicoda atropinização efetiva, pode-se ter a redução da sialorreiae do alívio das alterações respiratórias (ausência de dispnéiae de secreções respiratórias), já que o diâmetro pupilarnão é um indicador confiável em gatos e em alguns cães(Andrade, 2008). Nos casos de dispnéia grave associadacom toxicidade por organofosforados ou carbamatos, é importanteadministrar oxigênio antes de fornecer atropina.A falta deste pode resultar em taquicardia em paciente quenão pode se deparar com demandas aumentadas de consumode oxigênio do miocárdio (Melo, Oliveira e Lago, 2002).O uso de oximas no tratamento de intoxicações por organofosforadosé amplamente aceito e usa-se a pralidoxima(2-PAM) na dose de 15 a 40mg/kg por via EV ou IM. Nocaso de ocorrerem convulsões, pode ser feito o uso de benzodiazepínicoscomo o diazepam, 0,5 a 1mg/kg, via EV. Deveser utilizada o mais precocemente possível pois não sãoeficientes após o envelhecimento enzimático. Diversos estudose experiências clínicas mostraram que há aumentoda toxicidade ao carbamato quando alguma oxima é utilizadano tratamento (Andrade, 2008).Em medicina humana, relata-se que o uso de tiamina é recomendadopara tratamento da polineuropatia tardia poralguns autores mas aparentemente não altera o curso dapatologia, mas a hiperestesia pode ser controlada por amitriptilina,carbamazepina e capsaicina, associados ou não.A fisioterapia é indicada em tratamentos de humanos acometidos(Vasconcellos, Leite e Nascimento, 2002).Pode-se tentar o tratamento com difenidramina na dose de4mg/kg a cada 8 horas por via oral até a recuperação doanimal, na neuropatia tardia (Bardin, 1994).O tratamento da intoxicação por cumarínicos envolve a utilizaçãoda vitamina K1. O fármaco injetável deve ser administradoapenas pela via subcutânea ou, em pacientesmuito pequenos, pela via oral (Gfeller e Messonier, 2006).A dose utilizada é 5mg/kg, devendo ser aplicada em diversossítios. Após 6 a 12 horas, deve-se administrar mais 1,5– 2,5mg/kg por via oral ou subcutâneo, dando continuidadepor via oral a intervalos de 12 horas por no mínimo 14dias (Damon e Dye, 2005).O tratamento de suporte deve incluir medidas gerais e específicas:• Ingestão: recomenda-se a lavagem gástrica até duas horasapós a exposição, bem como a administração de carvãoativado. O xarope de ipeca pode ser utilizado para induzirêmese em pacientes conscientes e alertas, embora algunsautores contra-indiquem sua indução pela possibilidadede ocorrência de posterior depressão de SNC e de convulsões.Contribui para a contra-indicação o fato de que algunspesticidas são formulados juntamente com solventesorgânicos cujos vapores, quando inalados ou aspirados,podem causar pneumonite química. A terapia com carvãoativado deve ser mantida por pelo menos 12 horas nas intoxicaçõespor carbamatos e por 48 horas nas intoxicaçõespor organofosforados (Andrade, 2008). A lavagem estomacalcom água bicarbonatada e suspensão de carvão ativadoa 20% é sempre mais indicado (Fikes, 1990).• Inalação: o paciente deve ser imediatamente retirado nolocal de exposição e os sinais de dificuldade respiratóriarevertidos (Andrade, 2008).• Contato ocular: os olhos devem ser lavados abundantementecom água morna por pelo menos 15 minutos (Andrade,2008).• Exposição dérmica: a pele deve ser lavada com sabão eARTIGO TÉCNICO 3V&Z EM MINAS23