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i seminário do npgau - Escola de Arquitetura - UFMG

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programa <strong>de</strong> pós-graduação em arquitetura e urbanismo da ufmg (org.)Benedict An<strong>de</strong>rson em seu livro Comunida<strong>de</strong>s Imaginadas discute a questão da nação naMo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Constrói seu argumento a partir <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> imaginação que vem atrela<strong>do</strong> asnações surgidas a partir <strong>do</strong> século XVII nos países não‐europeus: imagina<strong>do</strong> porque muitastornam‐se parte <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> nações outras que nem mesmo conhecem – e se é que elasexistem. Ou seja, nações, grupos, comunida<strong>de</strong>s são fundadas segun<strong>do</strong> uma noção <strong>de</strong>pertencimento a um outro que po<strong>de</strong>, em última instância, não existir ou existir enquantoproduto imaginário.Ao passar pelos viadutos Senegal e Congo, questões emergem ligadas ao senti<strong>do</strong> e sentimento<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> que tais nomeações imaginam a respeito <strong>de</strong> si mesmas. Se o po<strong>de</strong>r públicoassim nomeou, sem consulta a população ou qualquer outra entida<strong>de</strong> próxima <strong>do</strong> local, pensasesobre a cooptação que tal simbolismo ou homenagem africana po<strong>de</strong> trazer. Se a escolha foi<strong>de</strong> alguma forma partilhada ou vinda exclusivamente da população local, questiona‐se porquereferenciar a países que explo<strong>de</strong>m em conflitos arma<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s por uma influência exterior queaté hoje se faz sentir junto a brigas internas que tentam explodir justamente esta unida<strong>de</strong>nacional.Mas tais imagens são tão passageiras como os próprios veículos em alta velocida<strong>de</strong> que pelosviadutos passam. Imagens <strong>de</strong> uma África fragilizada pela história que a explica como colônia <strong>de</strong>exploração européia que até hoje paga com seu sub<strong>de</strong>senvolvimento tal passa<strong>do</strong>.Na verda<strong>de</strong>, pouco se sabe o que é a África. Enigma que ainda carrega imaginações passadas,hoje é lugar cinematográfico <strong>de</strong> campanhas humanitárias empreendidas por astrosinternacionais ou contexto <strong>de</strong> filmes sobre contraban<strong>do</strong> <strong>de</strong> pedras preciosas. A pergunta é oque significa como opera<strong>do</strong>r conceitual o termo “África” para o urbanismo e planejamentourbano.Se a África é conceito que ambiguamente implica unida<strong>de</strong> e fragmentação, ironicamente dizem<strong>do</strong>s viadutos também. Uma parte <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> que serve <strong>de</strong> passagem masreconhecida como lugar.Como ligação, por outro la<strong>do</strong>, o que os viadutos ligam são justamente territorialida<strong>de</strong>s vizinhasque pouco tem a ver exceto o fato <strong>de</strong> serem divididas por uma gran<strong>de</strong> avenida. O viaduto comopassagem o é porque não é um ou outro bairro, não é África pobre, nem África rica, mascompossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s estes lugares ao mesmo tempo que negação <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. Assim sãolimiares ou zonas <strong>de</strong> transição.Senegal e Congo são zonas <strong>de</strong> passagem e assim o são permanentemente, tal como os viadutosque cortam a imagem <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> produtiva da Avenida Presi<strong>de</strong>nte Antônio Carlos ecorroboram para seus ares <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.isbn: 978-85-98261-08-9120

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