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i seminário do npgau - Escola de Arquitetura - UFMG

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programa <strong>de</strong> pós-graduação em arquitetura e urbanismo da ufmg (org.)das áreas ver<strong>de</strong>s e áreas protegidas <strong>de</strong> Belo Horizonte e <strong>de</strong> sua extensão sul. Para tanto, otrabalho se compõe <strong>de</strong> mais seis seções: origens, em que se apresenta a raiz comum <strong>do</strong>planejamento urbano e da instituição <strong>de</strong> áreas protegidas; áreas ver<strong>de</strong>s/áreas protegidas <strong>de</strong>Belo Horizonte, que remonta a geohistória da capital a partir <strong>de</strong> cinco áreas protegidas e umprojeto <strong>de</strong> parque; consi<strong>de</strong>rações finais, em que a metáfora <strong>do</strong> palimpsesto, recorrente emestu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> urbanismo, é aplicada às áreas protegidas, salientan<strong>do</strong> a imbricação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>istemas; referências; e notas.isbn: 978-85-98261-08-92 ORIGENS: CIDADES INDUSTRIAIS, URBANISMO E ÁREAS VERDES/PROTEGIDAS“Esta audiência po<strong>de</strong>ria ter si<strong>do</strong> realizada lá, na Serra da Moeda, que tem lugares maravilhosos. Vocêspo<strong>de</strong>riam ver <strong>de</strong> perto o natural próximo a Belo Horizonte”.A fala <strong>do</strong> vice‐presi<strong>de</strong>nte da ONG Associação <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>de</strong> Moeda, proferida em numaaudiência pública promovida pela Assembleia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Minas Gerais – ALMG –,para <strong>de</strong>bater os usos <strong>do</strong> solo na Serra da Moeda, em 18/11/2008, sistematiza a representação<strong>do</strong> espaço urbano como o espaço artificial, <strong>do</strong> qual a natureza foi completamente excluída/<strong>de</strong>struída , on<strong>de</strong> não mais haveria processos ecológicos.Trata‐se <strong>de</strong> uma representação recorrente, que figura também com frequência em materialpublicitário <strong>de</strong> empreendimentos imobiliários situa<strong>do</strong>s no Eixo Sul <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a classes <strong>de</strong>média e alta renda da zona sul <strong>de</strong> Belo Horizonte, como no caso <strong>do</strong> Loteamento Gran RoyalleCasa Branca, que anuncia que “a natureza nunca esteve tão perto <strong>de</strong> você”.Embora essa oposição cida<strong>de</strong> x natureza – variação da oposição homem x natureza, em que asocieda<strong>de</strong> (Sujeito) é vista como o agente externo <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição <strong>do</strong> meio (objeto) – possa parecercontemporânea, ela remete às transformações socioespaciais vivenciadas na Inglaterra a partir <strong>do</strong>século XVII.Segun<strong>do</strong> Keith Thomas (1988 apud DIEGUES, 1996; CAMARGOS, 2006), as atitu<strong>de</strong>s cada vez maisafetuosas <strong>do</strong>s ingleses com os animais, as plantas e os espaços abertos e silvestres estiveramrelacionadas ao intenso processo <strong>de</strong> urbanização associa<strong>do</strong> à Revolução Industrial, que promoverasensíveis alterações no uso e na ocupação <strong>do</strong> solo, escassez <strong>de</strong> recursos naturais e modificações nopadrão <strong>de</strong> consumo 3 . Como que em repúdio a essas transformações, na medida em que as fábricas sedispersavam pelo país e as cida<strong>de</strong>s cresciam em número e em <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional, instensificavasea afinida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong> com o meio rural, o que se traduzia na criação <strong>de</strong> jardins e na busca porcasas <strong>de</strong> campo – sobretu<strong>do</strong> pelas classes sociais não diretamente envolvidas na produção agrícola,como a aristocracia e as classes médias burguesas (THOMAS apud CAMARGOS, 2006, p. 11).Contribuíram também para a valorização <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> selvagem o avanço da História Natural e adivulgação <strong>do</strong>s relatos <strong>do</strong>s “viajantes pitorescos”, em especial daqueles que buscavam a singularida<strong>de</strong>das praias isoladas, <strong>do</strong>s costões e das ilhas. Esses <strong>do</strong>is fatores – a admiração pelo ambiente naturalexótico e a negação da cida<strong>de</strong> – se refletiram na literatura romântica <strong>do</strong> século XIX, que aproximava “oque restava” <strong>de</strong> natureza selvagem na Europa <strong>do</strong> imaginário <strong>do</strong> paraíso perdi<strong>do</strong>, <strong>do</strong> refúgio, dainocência, da beleza e <strong>do</strong> sublime, exercen<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> influência sobre as elites norte‐americanas, que,mais tar<strong>de</strong>, se valeriam da constituição <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s parques como estratégia para a construção dai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da nova nação (DIEGUES, 1996b, CAMARGOS, 2006).15

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