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Revista Economia & Tecnologia - Universidade Federal do Paraná

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Irineu de Carvalho Filho, Renato Perim ColisteteDo descompasso entre as expectativas <strong>do</strong>s imigrantes e a realidade nas fazendas, háevidências de que os imigrantes mobilizaram-se para pressionar por escolas públicas ou organizarsuas próprias escolas comunitárias desde o final <strong>do</strong> século XIX. No bairro <strong>do</strong>s Pires, nacidade de Limeira, ex-colonos alemães da Fazenda Ibicaba e outras fazendas organizaram-se,compraram um terreno e abriram uma escola em 1874. Em Indaiatuba, imigrantes italianos esuíços reuniram-se para instalar uma escola primária. Nessa cidade, uma colônia de imigrantessuíços, a Colônia Helvetia, organizou uma escola rural em 1893. Mais tarde, a Câmara Municipalconsistentemente votou para melhorar os salários <strong>do</strong>s professores e garantir subsídio público àsescolas rurais comunitárias (como aquela da Colônia Helvetia), apesar da pequena disponibilidadede recursos. Em 1906, Indaiatuba gastou 17,3% de seu orçamento com educação, enquantosua vizinha Itu, com uma população bem maior, gastou somente 2,3% das receitas municipais.Quan<strong>do</strong> uma pesquisa levada a campo pela Câmara Municipal de Indaiatuba concluiu quemuitas crianças pobres não iam à escola porque suas famílias não tinham sequer recursos paravestí-las adequadamente, a Câmara aprovou uma lei instituin<strong>do</strong> um fun<strong>do</strong> de assistência escolardistribuin<strong>do</strong> dinheiro para as famílias pobres mandarem suas crianças para a escola (note a similaridadecom programas de transferências condicionais modernos, como o Bolsa Escola/BolsaFamília). O fun<strong>do</strong> foi fixa<strong>do</strong> em 1,5% <strong>do</strong> orçamento municipal, complementa<strong>do</strong> por <strong>do</strong>açõesda população da cidade (ALVES, 2007, p. 73-134; GRININGER, 1991, cap. 6). 11Ou seja, onde não havia escolas públicas estabelecidas, os imigrantes organizaramsuas próprias escolas comunitárias, pressionaram por financiamento público para essas escolasou, ainda, reivindicaram a abertura de escolas públicas. Um século mais tarde e várias décadasdepois <strong>do</strong> café ter perdi<strong>do</strong> sua importância relativa para a economia <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, os municípiosque foram líderes no financiamento da instrução pública pelo governo local ainda estão emvantagem em termos de desempenho escolar no ensino secundário assim como em renda percapita no esta<strong>do</strong> de São Paulo.Esses resulta<strong>do</strong>s têm implicações amplas, pois sugerem uma interpretação alternativapara os processos que diferenciaram as Novas Europas (EUA, Canadá, Austrália e NovaZelândia) <strong>do</strong> resto das ex-colônias: a imigração em massa de europeus durante o século XIX______pode ter trazi<strong>do</strong> as instituições educacionais para o Novo Mun<strong>do</strong>. Essa interpretação ajudanosa entender também o declínio relativo (e às vezes, absoluto) de áreas como o Caribe e o11 Sobre Limeira, ver Maria Cristina S. Bezerra, Imigração, Educação e Religião: um Estu<strong>do</strong> Histórico-Sociológico<strong>do</strong> Bairro <strong>do</strong>s Pires de Limeira, uma Comunidade Rural de Maioria Teuto-Brasileira (Dissertação de Mestra<strong>do</strong>,<strong>Universidade</strong> Estadual de Campinas, 2001). Para Indaiatuba, Silvane R. L. Alves, A Instrução Pública em Indaiatuba:1854-1930. Contribuição para a História da Educação Brasileira (Dissertação de Mestra<strong>do</strong>, <strong>Universidade</strong>Estadual de Campinas, 2007) e Valdemar Grininger, Imigração Suíça em São Paulo: A História da Colônia Helvetia(Dissertação de Mestra<strong>do</strong>, <strong>Universidade</strong> Estadual de Campinas, 1991).108<strong>Economia</strong> & <strong>Tecnologia</strong> - Ano 06, Vol. 22 - Julho/Setembro de 2010

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