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Revista Economia & Tecnologia - Universidade Federal do Paraná

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Fazer melhor, e não menos †David Kupfer*É até difícil acreditar que, passa<strong>do</strong>s dez anos, as reservas internacionais <strong>do</strong> Brasil superemhoje a casa <strong>do</strong>s US$ 250 bilhões, quase nove vezes mais que os US$ 29,2 bilhões registra<strong>do</strong>spelo Banco Central em julho de 2000. Tampouco parece crível que o país seja hoje cre<strong>do</strong>rlíqui<strong>do</strong> em divisas quan<strong>do</strong> se relembra que no mesmo julho de 2000 a dívida externa líquida <strong>do</strong>setor público era de US$ 108 bilhões, quase 10% <strong>do</strong> PIB e mais de três vezes o valor das exportações<strong>do</strong> país. Porém, se não há dúvida de que os últimos dez anos representaram uma dádivapara as contas externas da economia brasileira, isso não quer dizer que o país tenha se livra<strong>do</strong>definitivamente da praga da escassez de divisas, que historicamente sempre constituiu um <strong>do</strong>sprincipais entraves ao desenvolvimento econômico. Por isso, é fundamental que os atores governamentaise empresariais não se acomodem durante essa temporada de bonança cambial e,ao contrário, aproveitem o quadro macroeconômico favorável para impulsionar as necessáriastransformações estruturais requeridas para a sua sustentação no longo prazo.Dentre essas transformações, uma primeira questão que precisa ser melhor compreendidae incorporada com a devida ênfase no debate sobre os rumos da indústria brasileirasão as novidades que vêm se desenhan<strong>do</strong> nas formas de organização da produção industrialglobal, particularmente no que diz respeito à distribuição espacial das cadeias produtivas. Achamada especialização vertical, também conhecida como modelo de produção fragmentada,no qual empresas - e países - se dedicam a produzir insumos específicos em etapas sequenciaisde atividades de montagem distribuídas internacionalmente, implica maior interpenetração <strong>do</strong>ssistemas produtivos nacionais, exigin<strong>do</strong> que os países se qualifiquem para participar simultaneamentecomo origem e destino das transações envolven<strong>do</strong> merca<strong>do</strong>rias, capitais e tecnologias.Evidentemente, a difusão desse sistema de especialização vertical traz novos desafios para asempresas brasileiras, fazen<strong>do</strong> da agenda de integração regional algo muito além da busca deparceiros visan<strong>do</strong> meramente obter maior escala de demanda. O que entra em questão é aconstrução de espaços efetivos de compartilhamento de atividades produtivas com o objetivode incrementar a eficiência operacional <strong>do</strong>s empreendimentos.______Um segun<strong>do</strong> foco que necessita ser incorpora<strong>do</strong> à reflexão vem das importantes mu-†Artigo publica<strong>do</strong> no jornal Valor Econômico em 8 de setembro de 2010.*Doutor em economia da indústria e da tecnologia e professor da <strong>Universidade</strong> <strong>Federal</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro (UFRJ),coordena<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Grupo de Indústria e Competitividade (CIG-IE/UFRJ). Endereço eletrônico:gic@ie.ufrj.br.<strong>Economia</strong> & <strong>Tecnologia</strong> - Ano 06, Vol. 22 - Julho/Setembro de 2010187

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