Francisco Magalhães Filhonhoz da Rocha – derrota<strong>do</strong> por Moysés Lupion, <strong>do</strong> PSD, que obtém 59% <strong>do</strong>s votos, contraapenas 29% <strong>do</strong> adversário.Três anos depois o quadro se inverte, e, após duas décadas, essas frações voltam aopoder, ainda que não mais com a força hegemônica <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, principalmente porque suasalianças na esfera nacional não têm a mesma permanência das que caracterizavam o perío<strong>do</strong>anterior a trinta. A vitória de Bento em 1950 (com 63% <strong>do</strong>s votos) é em parte consequência denão ter hostiliza<strong>do</strong> a candidatura Vargas, enquanto o PSD local apoia Cristiano Macha<strong>do</strong>.Cinco anos depois, quan<strong>do</strong> as eleições ocorrem apenas um ano após o suicídio deVargas, Lupion volta a eleger-se, principalmente em face da divisão entre os parti<strong>do</strong>s que lheopunham. Mas obtém apenas 41% <strong>do</strong>s votos, contra 29% de Mario de Barros, <strong>do</strong> PTB, com oqual o PR se coligara, enquanto Othon Mader, da UDN, fica com 15%. Essas eleições assinalamo final de uma era, a da longa disputa pela hegemonia no Esta<strong>do</strong> entre as duas frações burguesasque se revezaram no poder desde a Emancipação. A base econômica <strong>do</strong> Paraná estava emrápida mudança; o mesmo ocorria com o Brasil, ainda que os <strong>do</strong>is processos não apontassemnecessariamente na mesma direção, como veremos adiante.Enquanto os principais agentes sociais agiam preferente e preponderantemente pelavia partidária, e isso não significa somente os processos eleitorais, mas todas as redes de influência,pressão, clientela, negociações e compromissos, alguns segmentos que hoje chamaríamosde “excluí<strong>do</strong>s” desse processo reuniam-se em movimentos sociais que, apesar de precariamenteorganiza<strong>do</strong>s e de curta permanência em cena, marcaram significativamente o perío<strong>do</strong>.Como não podia deixar de ser, por tratar-se de camadas que, além de majoritárias, haviampermaneci<strong>do</strong> efetivamente excluídas de qualquer tipo de participação ou beneficio na formulaçãoe execução das políticas econômicas e sociais <strong>do</strong> bloco <strong>do</strong> poder forma<strong>do</strong> no Brasil apartir de 1930, com pouco ou nenhum acesso aos canais partidários devi<strong>do</strong> a seu limita<strong>do</strong> pesoeleitoral, esses movimentos surgiram entre os trabalha<strong>do</strong>res e pequenos produtores rurais.O primeiro desses movimentos surgiu com a resistência de pequenos produtores, queocupavam e trabalhavam terras não tituladas nos limites ocidentais <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> Norte Velho, àsua expulsão por grandes fazendeiros de café e cana-de-açúcar. Centrou-se em Porecatu e Arapoti,produzin<strong>do</strong> inclusive conflitos arma<strong>do</strong>s com a polícia estadual, entre o final da década dequarenta e o início da seguinte. Chegou a contar com apoio organizacional de membros <strong>do</strong> PCB,já na ilegalidade, mas, como seria de esperar, esgotou-se a partir das derrotas infligidas pelosjagunços e pela polícia. De uma certa forma sobreviveu em termos da experiência adquirida,que foi mais tarde utilizada na formação de sindicatos rurais em toda a região cafeeira.Mais amplo, e com repercussões muito maiores, foi o movimento <strong>do</strong>s pequenos produtores<strong>do</strong> Su<strong>do</strong>este no final da década de cinquenta. Mais uma vez o problema principal eraa questão da legitimação da posse da terra. Desde a extinção <strong>do</strong> Território <strong>do</strong> Iguaçu, e dianteda crescente migração proveniente <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, o governo estadual passara a agirdiretamente no ordenamento da ocupação da área, por meio de seus aparelhos específicos,principalmente o Departamento <strong>do</strong> Oeste, depois Departamento de Fronteira. Como já vinha16<strong>Economia</strong> & <strong>Tecnologia</strong> - Ano 06, Vol. 22 - Julho/Setembro de 2010
Agentes Sociais no Paranásen<strong>do</strong> feito há décadas, a política de colonização baseava-se na concessão de grandes extensõesde terras públicas a empresas privadas, que as revendiam em lotes aos colonos, além de abrirpicadas e organizar a fundação de cidades. Esta fora não só a maneira como se processara quasetoda a colonização da região cafeeira, como também uma das formas preferidas de acumulaçãode capital por parte da burguesia local, associada ou não a grupos de outros esta<strong>do</strong>s. Aqui omecanismo funcionou bem de início, mas logo defrontou-se com alguns problemas específicos:a intensidade <strong>do</strong> fluxo migratório, o interesse das empresas na exploração da madeira existentena enorme floresta que recobria a quase totalidade da área, as irregularidades na cessão e demarcaçãodas terras públicas, e a superposição de títulos de propriedade.Nesse emaranha<strong>do</strong> de pleitos conflitantes, alguns grupos e empresas utilizavam-sede grileiros e jagunços para garantir as terras, pressionar e expulsar posseiros, muitas vezescompra<strong>do</strong>res legítimos de lotes. Por outro la<strong>do</strong>, a maior parte <strong>do</strong>s produtores provinha de umaclasse de pequenos e médios proprietários já consolidada há gerações, e portanto muito maispolitizada e consciente de seus direitos. São esses pequenos produtores que se organizam e searmam para resistir aos jagunços e, quan<strong>do</strong> a polícia estadual intervém, reagem e, com o apoioda pequena burguesia e das classes médias das pequenas cidades da região, como Francisco Beltrãoe Pato Branco, parte da qual migrara no mesmo processo, invadem e ocupam esses centrose desafiam o governo estadual.Ainda que tenha surgi<strong>do</strong> como movimento social espontâneo, logo se dá sua articulaçãocom os parti<strong>do</strong>s de oposição ao governo de Lupion, principalmente o PTB e a UDN. Oresulta<strong>do</strong> é a presença federal que, por meio <strong>do</strong> Exército, desarma o movimento, mas tambémaos jagunços, coíbe a ação das companhias de terra e depois inicia, em conjunto com o governoestadual, um longo processo de revisão, anulação e revalidação <strong>do</strong>s títulos de propriedade. Nolongo prazo, além de consolidar e ampliar a politização das classes envolvidas, o movimentoservirá de exemplo para futuras mobilizações, como as <strong>do</strong>s sem-terra, décadas depois.Antes de encerrar a análise desse perío<strong>do</strong>, vale lembrar outro tipo de movimento social,só que das classes <strong>do</strong>minantes: a “Marcha <strong>do</strong> Café”. Sua origem localiza-se no que entãoera chama<strong>do</strong> de “confisco cambial”, mecanismo pelo qual, por meio das políticas cambial, decomércio exterior e de fixação <strong>do</strong>s preços de aquisição <strong>do</strong> café aos produtores, parte da rendagerada pelo setor cafeeiro era apropriada pelo governo federal, forman<strong>do</strong> um fun<strong>do</strong> de defesa<strong>do</strong> produto. Decorrente da necessidade de dispor de recursos para a aquisição de estoques regula<strong>do</strong>rese de restringir a oferta de café, em face das condições em que então se encontrava omerca<strong>do</strong> mundial desse produto, esse fun<strong>do</strong> significava também uma crescente massa de recursosfinanceiros à disposição <strong>do</strong> Tesouro, o que reforçava a capacidade de realizar investimentospúblicos e de financiar a expansão industrial, duas das principais linhas de ação da política dedesenvolvimento seguida pelo governo Kubitschek.<strong>Economia</strong> & <strong>Tecnologia</strong> - Ano 06, Vol. 22 - Julho/Setembro de 201017
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