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Revista Economia & Tecnologia - Universidade Federal do Paraná

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Agentes Sociais no Paranásen<strong>do</strong> feito há décadas, a política de colonização baseava-se na concessão de grandes extensõesde terras públicas a empresas privadas, que as revendiam em lotes aos colonos, além de abrirpicadas e organizar a fundação de cidades. Esta fora não só a maneira como se processara quasetoda a colonização da região cafeeira, como também uma das formas preferidas de acumulaçãode capital por parte da burguesia local, associada ou não a grupos de outros esta<strong>do</strong>s. Aqui omecanismo funcionou bem de início, mas logo defrontou-se com alguns problemas específicos:a intensidade <strong>do</strong> fluxo migratório, o interesse das empresas na exploração da madeira existentena enorme floresta que recobria a quase totalidade da área, as irregularidades na cessão e demarcaçãodas terras públicas, e a superposição de títulos de propriedade.Nesse emaranha<strong>do</strong> de pleitos conflitantes, alguns grupos e empresas utilizavam-sede grileiros e jagunços para garantir as terras, pressionar e expulsar posseiros, muitas vezescompra<strong>do</strong>res legítimos de lotes. Por outro la<strong>do</strong>, a maior parte <strong>do</strong>s produtores provinha de umaclasse de pequenos e médios proprietários já consolidada há gerações, e portanto muito maispolitizada e consciente de seus direitos. São esses pequenos produtores que se organizam e searmam para resistir aos jagunços e, quan<strong>do</strong> a polícia estadual intervém, reagem e, com o apoioda pequena burguesia e das classes médias das pequenas cidades da região, como Francisco Beltrãoe Pato Branco, parte da qual migrara no mesmo processo, invadem e ocupam esses centrose desafiam o governo estadual.Ainda que tenha surgi<strong>do</strong> como movimento social espontâneo, logo se dá sua articulaçãocom os parti<strong>do</strong>s de oposição ao governo de Lupion, principalmente o PTB e a UDN. Oresulta<strong>do</strong> é a presença federal que, por meio <strong>do</strong> Exército, desarma o movimento, mas tambémaos jagunços, coíbe a ação das companhias de terra e depois inicia, em conjunto com o governoestadual, um longo processo de revisão, anulação e revalidação <strong>do</strong>s títulos de propriedade. Nolongo prazo, além de consolidar e ampliar a politização das classes envolvidas, o movimentoservirá de exemplo para futuras mobilizações, como as <strong>do</strong>s sem-terra, décadas depois.Antes de encerrar a análise desse perío<strong>do</strong>, vale lembrar outro tipo de movimento social,só que das classes <strong>do</strong>minantes: a “Marcha <strong>do</strong> Café”. Sua origem localiza-se no que entãoera chama<strong>do</strong> de “confisco cambial”, mecanismo pelo qual, por meio das políticas cambial, decomércio exterior e de fixação <strong>do</strong>s preços de aquisição <strong>do</strong> café aos produtores, parte da rendagerada pelo setor cafeeiro era apropriada pelo governo federal, forman<strong>do</strong> um fun<strong>do</strong> de defesa<strong>do</strong> produto. Decorrente da necessidade de dispor de recursos para a aquisição de estoques regula<strong>do</strong>rese de restringir a oferta de café, em face das condições em que então se encontrava omerca<strong>do</strong> mundial desse produto, esse fun<strong>do</strong> significava também uma crescente massa de recursosfinanceiros à disposição <strong>do</strong> Tesouro, o que reforçava a capacidade de realizar investimentospúblicos e de financiar a expansão industrial, duas das principais linhas de ação da política dedesenvolvimento seguida pelo governo Kubitschek.<strong>Economia</strong> & <strong>Tecnologia</strong> - Ano 06, Vol. 22 - Julho/Setembro de 201017

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