Francisco Magalhães Filhoobriga<strong>do</strong>s a reacomodar-se em duas legendas criadas artificialmente e, o que pode ser um fatorexplicativo de peso, onde, mesmo na ARENA, sua capacidade de interferir efetivamente na formulação,execução e crítica às políticas e ações governamentais era muito limitada, com o quese descolaram <strong>do</strong>s grupos e camadas que representavam, ganhan<strong>do</strong> uma autonomia pessoalincompatível com a coesão partidária.Além disso houve uma clara determinação <strong>do</strong> governo ao final <strong>do</strong> regime autoritáriode impedir a reconstituição <strong>do</strong>s antigos parti<strong>do</strong>s: até os <strong>do</strong>is parti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> bipartidarismo oficialtiveram de mudar de nome, e foi montada uma manobra jurídica para impedir que Brizolaliderasse um PTB renasci<strong>do</strong>. E mais, as facilidades posteriormente estabelecidas para a fundaçãode parti<strong>do</strong>s levaram à proliferação de legendas sem representatividade, algumas das quaisvieram a desempenhar o papel de legendas “de aluguel”, ou de venda de espaço na propagandagratuita.É interessante observar que ao romper-se o PDS, em face da disputa interna pela candidaturaàs eleições indiretas de 1985, o corte se deu aproximadamente entre o que haviam si<strong>do</strong>PSD e UDN. O primeiro já não tinha possibilidade de reconstituição real, em face das mudançasocorridas em sua base social, o segun<strong>do</strong> praticamente renasce no PFL, incorporan<strong>do</strong> liderançassobreviventes de outros parti<strong>do</strong>s pré-1965. Essa transposição quase completa faz com que oPFL venha sen<strong>do</strong> o mais coeso e homogêneo <strong>do</strong>s atuais parti<strong>do</strong>s burgueses na esfera nacional,ainda que não no Paraná.O PMDB foi gradativamente perden<strong>do</strong> facções, primeiro como consequência naturalde sua condição de “frente”, depois por um processo de desintegração decorrente das lutasentre facções de caráter pre<strong>do</strong>minantemente local e personalista. Por outro la<strong>do</strong>, incorporou oPP, que ao ser funda<strong>do</strong> parecia destina<strong>do</strong> a tornar-se o parti<strong>do</strong> nacional das frações burguesasopostas ao pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> grande capital, o que aconteceu no Paraná, onde incorporou a facçãoliderada por Jaime Canet, um pouco na linha <strong>do</strong> antigo PR, mas que desapareceu ao fundir-se aoPMDB como resposta à obrigatoriedade <strong>do</strong> voto vincula<strong>do</strong> nas eleições estaduais de 1982.Após a eleição de Sarney, o PMDB, tanto no plano nacional quanto nos esta<strong>do</strong>s, sofreuo primeiro grande “inchaço” de adesões de políticos motivadas apenas pelo acesso direto àsfontes <strong>do</strong> poder, fenômeno que se tornou comum a partir de 1985, atingin<strong>do</strong> depois o PRN deCollor e, agora, o PSDB de Car<strong>do</strong>so. Esse comportamento, que enfraquece a coesão partidária,descaracteriza os parti<strong>do</strong>s e debilita sua representatividade, ainda que não seja novo na políticabrasileira, jamais tinha alcança<strong>do</strong> a intensidade que vem apresentan<strong>do</strong> agora.A única exceção significativa a essa descaracterização <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s é o PT. Surgi<strong>do</strong> daunião <strong>do</strong> movimento sindical operário mais bem embasa<strong>do</strong> socialmente no país com diversos30<strong>Economia</strong> & <strong>Tecnologia</strong> - Ano 06, Vol. 22 - Julho/Setembro de 2010
Agentes Sociais no Paraná<strong>do</strong>s fortes movimentos sociais <strong>do</strong>s anos setenta, e apesar de seus conflitos internos, é o único<strong>do</strong>s grandes parti<strong>do</strong>s com fortes mecanismos de manutenção de sua coesão interna, efetivamentevincula<strong>do</strong> a linhas programáticas, e efetivamente preocupa<strong>do</strong> em saber e publicizar aquem representa. No Paraná, dada a base social já tantas vezes referida, seu peso é limita<strong>do</strong> àsáreas de atuação de alguns <strong>do</strong>s movimentos sociais que participaram em sua formação.O outro parti<strong>do</strong> nasci<strong>do</strong> <strong>do</strong>s movimentos sociais, o <strong>do</strong>s ecologistas, ao contrário <strong>do</strong>ocorri<strong>do</strong> em alguns outros países, não conseguiu transferir para si o apoio da multiplicidade degrupos que defendem os mesmos objetivos.No que se refere ao Paraná, a dificuldade de análise das vinculações de classes e fraçõesde classe com parti<strong>do</strong>s é ainda maior. Em parte, e esse é um tema ainda não estuda<strong>do</strong>,talvez isso se deva à crescente integração de sua economia com as <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s vizinhos, notadamenteSão Paulo, apagan<strong>do</strong> as diferenças regionais entre as mesmas frações de classe. Não hádúvida de que a burguesia industrial e financeira, associada ou não ao grande capital nacionalou estrangeiro, aí incluí<strong>do</strong>s grupos paranaenses que já ingressaram na esfera <strong>do</strong> grande capital,reforçada pela burguesia <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s complexos agroindustriais, que por sua vez interagecom a burguesia rural, formam um tipo de “bloco no poder”, ainda que tenha si<strong>do</strong> difícil identificarsua participação na cena política pela via partidária durante os três perío<strong>do</strong>s sucessivosde governos <strong>do</strong> PMDB.Esse parti<strong>do</strong> manteve no Paraná as características de “frente”, incluin<strong>do</strong> facções representativas<strong>do</strong> capital local, segmentos da pequena burguesia e das classes médias novas etradicionais, bem como representantes de muitos <strong>do</strong>s movimentos sociais anteriormente analisa<strong>do</strong>s.Ao mesmo tempo abriu-se a representantes de muitas das frações de classe <strong>do</strong> “bloco nopoder” referi<strong>do</strong>, principalmente no que se refere à agroindústria e às cooperativas. Sucessivasdefecções e cisões vêm alteran<strong>do</strong> esse quadro e, ao enfraquecer o parti<strong>do</strong>, abriram caminhopara sua derrota em 1994.Enquanto isso, é possível, grosso mo<strong>do</strong>, encontrar facções políticas que representamos componentes <strong>do</strong> hipotético “bloco no poder” no Paraná, em parti<strong>do</strong>s programaticamentetão díspares quanto PDT, PSDB, PTB e PFL.Por outro la<strong>do</strong>, apesar <strong>do</strong> níti<strong>do</strong> crescimento das relações de trabalho capitalistas nocampo, <strong>do</strong> aumento <strong>do</strong> número de trabalha<strong>do</strong>res na indústria no seu senti<strong>do</strong> amplo, da crescenteurbanização, acompanhada da expansão da população marginalizada, os parti<strong>do</strong>s quepretendem representar as classes trabalha<strong>do</strong>ras continuam eleitoralmente limita<strong>do</strong>s. Mesmo oPT, que inclui uma base entre trabalha<strong>do</strong>res e pequenos produtores rurais, principalmente noSu<strong>do</strong>este, só recentemente apresentou crescimento significativo, principalmente com sua vitó-<strong>Economia</strong> & <strong>Tecnologia</strong> - Ano 06, Vol. 22 - Julho/Setembro de 201031
- Page 3 and 4: ECONOMIA & TECNOLOGIAPublicação d
- Page 5 and 6: ECONOMIA & TECNOLOGIAPublicação d
- Page 7 and 8: Índice............................
- Page 9 and 10: EditorialCom grande satisfação, c
- Page 11 and 12: IN MEMORIAM DE FRANCISCO MAGALHÃES
- Page 13 and 14: Agentes Sociais no Paraná †Franc
- Page 15 and 16: Agentes Sociais no Paranáprimeiro
- Page 17 and 18: Agentes Sociais no Paranáoperária
- Page 19 and 20: Agentes Sociais no Paranácontínua
- Page 21 and 22: Agentes Sociais no Paranálo e, con
- Page 23 and 24: Agentes Sociais no Paranásendo fei
- Page 25 and 26: Agentes Sociais no Paranáem parte
- Page 27 and 28: Agentes Sociais no Paranáram os co
- Page 29 and 30: Agentes Sociais no ParanáNo plano
- Page 31 and 32: Agentes Sociais no ParanáEssas con
- Page 33 and 34: Agentes Sociais no Paranátornarão
- Page 35: Agentes Sociais no Paranáexportado
- Page 39: Agentes Sociais no ParanáMAGALHÃE
- Page 42 and 43: Igor Zanoni Constant Carneiro Leão
- Page 45 and 46: MACROECONOMIA E CONJUNTURADéficits
- Page 47: Déficits, câmbio e crescimento: u
- Page 50 and 51: Luiz Carlos Bresser-Pereira1994-199
- Page 53 and 54: Recessões e recuperações na ativ
- Page 55 and 56: Recessões e recuperações na ativ
- Page 57 and 58: Recessões e recuperações na ativ
- Page 59 and 60: A teoria e a prática dos regimes c
- Page 61 and 62: A teoria e a prática dos regimes c
- Page 63 and 64: A teoria e a prática dos regimes c
- Page 65 and 66: A teoria e a prática dos regimes c
- Page 67 and 68: A teoria e a prática dos regimes c
- Page 69 and 70: A teoria e a prática dos regimes c
- Page 71 and 72: A teoria e a prática dos regimes c
- Page 73 and 74: A teoria e a prática dos regimes c
- Page 75: A teoria e a prática dos regimes c
- Page 78 and 79: Luma de Oliveira, Marina Silva da C
- Page 80 and 81: Luma de Oliveira, Marina Silva da C
- Page 82 and 83: Luma de Oliveira, Marina Silva da C
- Page 85 and 86: Relações entre câmbio e mudança
- Page 87 and 88:
Relações entre câmbio e mudança
- Page 89 and 90:
Relações entre câmbio e mudança
- Page 91 and 92:
Relações entre câmbio e mudança
- Page 93 and 94:
Relações entre câmbio e mudança
- Page 95 and 96:
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E REGION
- Page 97 and 98:
Felicidade, casamento e choques pos
- Page 99 and 100:
Felicidade, casamento e choques pos
- Page 101 and 102:
Felicidade, casamento e choques pos
- Page 103 and 104:
Felicidade, casamento e choques pos
- Page 105 and 106:
Felicidade, casamento e choques pos
- Page 107:
Felicidade, casamento e choques pos
- Page 110 and 111:
Irineu de Carvalho Filho, Renato Pe
- Page 112 and 113:
Irineu de Carvalho Filho, Renato Pe
- Page 114 and 115:
Irineu de Carvalho Filho, Renato Pe
- Page 117 and 118:
Impactos da inflação sobre a desi
- Page 119 and 120:
Impactos da inflação sobre a desi
- Page 121 and 122:
Impactos da inflação sobre a desi
- Page 123 and 124:
Impactos da inflação sobre a desi
- Page 125:
Impactos da inflação sobre a desi
- Page 128 and 129:
Maria Dolores Montoya Diazexemplo,
- Page 130 and 131:
Maria Dolores Montoya DiazOnde corr
- Page 132 and 133:
Maria Dolores Montoya Diazrealizada
- Page 134 and 135:
Maria Dolores Montoya DiazFERREIRA,
- Page 136 and 137:
Igor Zanoni Constant Carneiro Leão
- Page 138 and 139:
Igor Zanoni Constant Carneiro Leão
- Page 140 and 141:
Igor Zanoni Constant Carneiro Leão
- Page 142 and 143:
Igor Zanoni Constant Carneiro Leão
- Page 144 and 145:
Marcos Paulo Fuck, Maria Beatriz Bo
- Page 146 and 147:
Marcos Paulo Fuck, Maria Beatriz Bo
- Page 148 and 149:
Marcos Paulo Fuck, Maria Beatriz Bo
- Page 150 and 151:
Marcos Paulo Fuck, Maria Beatriz Bo
- Page 152 and 153:
Marcos Paulo Fuck, Maria Beatriz Bo
- Page 154 and 155:
Carlos Roberto Alves de Queiroz, Fe
- Page 156 and 157:
Carlos Roberto Alves de Queiroz, Fe
- Page 158 and 159:
Carlos Roberto Alves de Queiroz, Fe
- Page 160 and 161:
Carlos Roberto Alves de Queiroz, Fe
- Page 163 and 164:
O perfil tecnológico das exportaç
- Page 165 and 166:
O perfil tecnológico das exportaç
- Page 167 and 168:
O perfil tecnológico das exportaç
- Page 169 and 170:
O perfil tecnológico das exportaç
- Page 171 and 172:
O perfil tecnológico das exportaç
- Page 173 and 174:
O perfil tecnológico das exportaç
- Page 175 and 176:
O perfil tecnológico das exportaç
- Page 177:
O perfil tecnológico das exportaç
- Page 180 and 181:
Armando Dalla Costa, Elson Rodrigo
- Page 182 and 183:
Armando Dalla Costa, Elson Rodrigo
- Page 184 and 185:
Armando Dalla Costa, Elson Rodrigo
- Page 186 and 187:
Armando Dalla Costa, Elson Rodrigo
- Page 188 and 189:
Armando Dalla Costa, Elson Rodrigo
- Page 191 and 192:
OPINIÃOBrasil vive desindustrializ
- Page 193 and 194:
Fazer melhor, e não menos †David
- Page 195:
Fazer melhor, e não menosveiculado
- Page 198 and 199:
Demian Castroto maior do que é obt
- Page 200 and 201:
Demian Castroeventos nos obrigarão
- Page 202 and 203:
Índices de PreçosIGP-MIGP-DIPerí
- Page 204 and 205:
Índice do Volume de Vendas Reais n
- Page 206 and 207:
Finanças PúblicasDescrição 2004
- Page 208 and 209:
Consumo de EnergiaCarga de energia
- Page 210 and 211:
Taxa de Juros e Reservas Internacio
- Page 212 and 213:
Taxa de CâmbioPeríodoTaxa de câm
- Page 216:
ECONOMIA & TECNOLOGIAPublicação d