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Revista Economia & Tecnologia - Universidade Federal do Paraná

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Francisco Magalhães FilhoAinda que muitas outras decisões, tanto <strong>do</strong> governo federal quanto <strong>do</strong> estadual, que apartir de 1970 assume o discurso da superioridade <strong>do</strong> técnico sobre o político (que transparecetambém, com toda a clareza, no discurso e nas ações de Jaime Lerner quan<strong>do</strong> de sua primeiragestão como prefeito de Curitiba, por exemplo), também tenham si<strong>do</strong> assim justificadas, aconsequência mais importante para os objetivos deste estu<strong>do</strong> foi a incorporação e valorizaçãopelos aparelhos de esta<strong>do</strong> de quadros de técnicos e de especialistas de formação universitáriaem nível jamais antes alcança<strong>do</strong> no Brasil ou no Paraná, o que, por sua vez, trouxe seus órgãose associações de classe ao primeiro plano como agentes sociais.Quanto ao terceiro fenômeno, o esvaziamento e deslegitimação <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>scanais partidários, merece uma análise mais aprofundada, principalmente pelas consequênciasde médio e longo prazos que disso adviriam. Antes, porém, é necessário fazer algumas reflexõessobre <strong>do</strong>is pontos importantes relativos às características <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s brasileiros e ao papel <strong>do</strong>sparti<strong>do</strong>s na atual fase de evolução social e política <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.Ainda é frequente encontrar referências e opiniões relativas aos parti<strong>do</strong>s brasileiros <strong>do</strong>passa<strong>do</strong>, como sempre ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> meras legendas acomodatícias de interesses de pessoas ougrupos que pouco teriam em comum além de objetivos imediatos no jogo <strong>do</strong> poder político.Ainda que opiniões desse tipo sempre fossem pre<strong>do</strong>minantes em cada época, e que a legislaçãoeleitoral sempre permitisse parti<strong>do</strong>s que em determina<strong>do</strong>s momentos ou regiões desempenhassemesse papel, alguns <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s e pesquisas mais completos e aprofunda<strong>do</strong>s que vêm sen<strong>do</strong>produzi<strong>do</strong>s e publica<strong>do</strong>s permitem questionar essa visão. O que transparece dessas análises éque, principalmente no perío<strong>do</strong> de generalização de práticas democráticas, entre 1945 e 1965,os grandes parti<strong>do</strong>s de âmbito nacional, como PSD, UDN e PTB, os que cresceram a partir debases regionais, ou a elas ficaram limita<strong>do</strong>s, como PSP, o PDC e o PR, e mesmo alguns que serestringiram inicialmente a bases regionais limitadas, como o PL, foram realmente parti<strong>do</strong>s nosenti<strong>do</strong> atribuí<strong>do</strong> ao termo nas ciências sociais, ou seja, representantes e porta-vozes <strong>do</strong>s interessesconcretos de classes, frações de classe ou camadas da população, defenden<strong>do</strong> e vocalizan<strong>do</strong>suas reivindicações na cena política, não muito diferentes de seus congêneres europeuse, principalmente, norte-americanos. E isso sem falar nos parti<strong>do</strong>s de cunho nitidamente ideológico,como o PCB, o PRP e o PSB.Por outro la<strong>do</strong>, a literatura mais recente vem de há algum tempo frisan<strong>do</strong> a diminuição<strong>do</strong> papel <strong>do</strong>s parti<strong>do</strong>s nas sociedades democráticas desenvolvidas, partin<strong>do</strong> de análises que secentram na perda relativa de relevância <strong>do</strong> conceito de classe nas lutas políticas, ou da constataçãoda crescente presença de movimentos sociais poli ou transclassistas que, mesmo quan<strong>do</strong> seorganizam em parti<strong>do</strong>s, agem para além <strong>do</strong>s limites partidários ou inteiramente fora deles.24<strong>Economia</strong> & <strong>Tecnologia</strong> - Ano 06, Vol. 22 - Julho/Setembro de 2010

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