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Revista Economia & Tecnologia - Universidade Federal do Paraná

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Agentes Sociais no ParanáNo plano econômico, a centralização se manifesta em múltiplas formas. O Paranáescapou de golpes diretos drásticos, como a cassação <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r de São Paulo, Adhemarde Barros, que parece ter si<strong>do</strong> causada principalmente por sua utilização de seu banco estadualpara contrarrestar a política recessiva a<strong>do</strong>tada para derrubar a inflação. Mas sucessivas medidas<strong>do</strong> governo federal afetam diretamente os interesses das frações da burguesia local que o apoiavam,enfraquecen<strong>do</strong>-as, como a drástica redução <strong>do</strong>s preços de aquisição <strong>do</strong> café pelo IBC em1966, ou o dispositivo, incluí<strong>do</strong> na Constituição de 1967, que ve<strong>do</strong>u aos esta<strong>do</strong>s o lançamentode empréstimos compulsórios. Essa medida praticamente liqui<strong>do</strong>u o principal instrumento deexecução da política de desenvolvimento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, o FDE, com cujos recursos financiava-sea acumulação da burguesia industrial local, e seguiu-se a uma decisão local, mas decorrente dacrescente hegemonia ideológica <strong>do</strong> bloco no poder nacional, a de revogar o dispositivo quevedava a concessão de financiamentos a empresas estrangeiras. Com essas medidas, a burguesiaindustrial local se enfraqueceu, e não apenas pela redução de seu ritmo de expansão, mas, também,por ter de ceder espaços ao grande capital, tanto nacional quanto estrangeiro, à medidaque, com a redução <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FDE, a CODEPAR cada vez mais passou a depender dacaptação, via avais, de recursos externos.Outro aspecto da centralização foi a criação de organizações sistêmicas <strong>do</strong>s aparelhosde esta<strong>do</strong> federais e estaduais em grande parte das áreas dependentes de políticas públicas, sobo coman<strong>do</strong> centraliza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s primeiros, que detinham a maior parte <strong>do</strong>s recursos financeiros e<strong>do</strong> poder normativo. Apenas como exemplo, isso ocorreu no caso <strong>do</strong> saneamento urbano, dastelecomunicações, <strong>do</strong> sistema elétrico, <strong>do</strong>s portos, <strong>do</strong>s aparelhos de segurança e até no modeloorganizacional das burocracias estaduais. A forma como essa centralização funcionou significou,entre outras consequências, a perda de espaços políticos para muitas das frações de classelocais e as facções políticas que as representavam.Esse aspecto <strong>do</strong> primeiro fenômeno referi<strong>do</strong> sobrepõe-se ao segun<strong>do</strong>, isto é, a valorização<strong>do</strong>s critérios técnicos, pois foi em nome da “eficiência” que as estruturas sistêmicas forammontadas. A falsa aporia entre a racionalidade das decisões técnicas e o imediatismo interesseirodas decisões políticas foi aqui claramente utilizada para deslegitimar os reclamos e reivindicações<strong>do</strong>s agentes sociais afeta<strong>do</strong>s ou prejudica<strong>do</strong>s por decisões e políticas que beneficiavam outrosagentes. Dois casos marcantes desse fenômeno mereceriam maiores estu<strong>do</strong>s: a a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong>projeto de Itaipu para o aproveitamento hidroelétrico <strong>do</strong> desnível <strong>do</strong> Paraná abaixo de Guaírae a escolha <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul para a implantação <strong>do</strong> terceiro pólo petroquímico. Ambas asdecisões foram tomadas sem o debate aberto entre os interessa<strong>do</strong>s, justificadas tecnicamente, efortemente influenciadas por considerações políticas que sequer foram publicizadas.<strong>Economia</strong> & <strong>Tecnologia</strong> - Ano 06, Vol. 22 - Julho/Setembro de 201023

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