construção de um modelo para que o natural, o verdadeiro, o legítimotivessem seu lugar.Esse paradigma construído é um mecanismo que inclui ou exclui o quepode ou não pode ser. Como modelo construído, como qualquer máquina,deve funcionar sem entraves. O uso do paradigma vai requerer, entretanto,mais do que funcionar bem, vai requerer funcionar legitimamente,ser natural, e é através dessa legitimidade que o paradigma vai procurarsuperar a artificialidade de sua construção. Produzir o outro foi ocaminho encontrado para a legitimação do paradigma. O outro possibilitaao paradigma uma identidade e também o naturaliza porque lhe permitea produção dessa identidade. Em uma operação paradigmática, em qualquersistema, o outro será sempre o não, o excluído, o que precisa estarà margem para dar legitimidade ao centro. Como o louco que legitima aRazão, o Desvio que justifica o Padrão, o Erro que torna eficaz o Certo, oDeficiente que amedronta o Homem.Nomeou-se no outro uma ameaça ao sistema, cuja funcionalidade oparadigma garantia, e é dessa ameaça presente e invisível que vai serconcluída a construção do paradigma. O Não presente no outro, a desordeme o perigo nele representados, são necessários para a produçãodo sistema, para sua coesão, porque todo sistema precisa do excluído,da marginalidade.O outro construído, garantindo por sua presença e invisibilidade afuncionalidade do paradigma, impede a revelação da artificialidade desua construção, dá à construção do outro, à construção da alteridade eda identidade uma natureza legitimada. É nesse sentido que a construçãoda alteridade, a construção do outro, é possibilitar a manutençãodo mesmo, a revelação da identidade, o conhecimento do idêntico.Como parte imprescindível desse sistema singular, o diferente é ooutro, é a alteridade, é o excluído e marginalizado, cuja presença osistema tolera. Citando Baudrillard: “No decorrer dos últimos séculostodas as formas de alteridade violenta foram inscritas, por vontade oupor força, no discurso da diferença, que implica simultaneamente inclusãoe exclusão, o reconhecimento e a discriminação.” 722
Ao diferente foi sempre reservado o lugar da margem e da negação, epor muitos séculos o lugar do semi-homem tem sido ocupado tambémpelo deficiente. Os últimos tempos, porém, trouxeram ao deficienteuma permissão de passagem onde a sua posição de alteridade vai, aospoucos, sendo atenuada por uma marginalidade menos radical mas,ainda assim, excludente.É a idéia da diferença, que reconhece e afasta, e que continua vigorando.O deficiente, uma vez reconhecido seu direito à não-discriminação,é mantido segregado e discriminado. O deficiente, afirmado o direitoà integração, estará perigosamente próximo, e é necessário que adiscriminação o coloque de lado até que o surgimento da idéia de um“direito universal à diferença” estabeleça uma eficaz medidadiscriminatória.O paradigma mesmo-outro pode perpetuar-se através da lógica dodireito à diferença, a integridade do sistema fica garantida e a estruturamantém-se irretorquível. Porque o direito à diferença discrimina a diferençae nega o direito de não ser diferente, garantindo o espaço dadiscriminação e negando o direito à igualdade.A discriminação manterá o diferente à distância, o deficiente longe,segregado. Respeitar a diferença do deficiente, negando-lhe a igualdade,segundo Baudrillard: “É a forma de incompreensão a mais radical.“ 8Local escolhido desde sempre pela sociedade, está reservado ao diferente,ao deficiente, o lugar do preconceito e do estigma, mantido duranteséculos através das posições assumidas de protecionismo e depaternalismo, que na verdade conservam o deficiente distante, perpetuama discriminação, negam a igualdade. Mais próximo de nós, corroborandoa idéia de que a aproximação é permitida mas deve ser colocadaem seus limites, mantém-se o deficiente, o diferente, longe, investidodo direito à diferença.Reafirmando o sistema, existe uma espécie de cumplicidade, assimdefinida por Goffman: “Também está implícita uma forma de cooperaçãotácita entre os normais e os estigmatizados: aquele que se desviapode continuar preso à norma porque os outros mantêm cuidadosa-23
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