Turbinado pelo motor elétrico, Pedro se move no labirinto da Universidadedo Estado do Rio de Janeiro (UERJ) como se estivesse em casa.Nas salas esvaziadas pelo recesso de julho, se precisa de lugar parauma reunião, ele mesmo arruma o espaço, empurrando cadeiras emvolta da mesa como se manobrasse uma pequena empilhadeira silenciosa.A plataforma em que apóia os pés funciona nessas horas comopás. Com a ponta dos dedos, comanda uma alavanca que o torna espantosamenteágil, capaz de conversar enquanto acompanha os passosdo interlocutor pelas rampas e corredores da universidade.Há seis anos, é professor de Física na UERJ. Seu celular toca comfreqüência e, quando chama, geralmente é para tratar de problemasalheios, como mobilizar a associação para arranjar um aparelho deventilação artificial para um portador de distrofia em perigo de colapsocardiorrespiratório. Cuida de si mesmo e dos outros. “Quando posso,vou com a cadeira à Saens Peña, pego o metrô e saio onde quero.Em certas estações, o segurança tem que me carregar nas escadas.Essa é uma velha luta nossa. Pela lei, o metrô tem de ser adaptadopara cadeira de rodas. Mas até agora isso só aconteceu em algunsterminais. Em todo caso, eu ando sozinho de metrô: vou paraCopacabana, Botafogo, escolho aonde quero ir ao cinema. Costumodizer que faço mais coisas assim do que se fosse pobre demais paracomprar o ingresso.” Para ele, o Rio de Janeiro tem em geral a extensãodas linhas do metrô. A Barra da Tijuca, por exemplo, Pedro malconhece.Nunca foi ao exterior, apesar da insistência dos colegas. Sua especialidadeacadêmica é território de nômades. A tal ponto que a Internet,como ele comenta, nasceu nos laboratórios de física de partículas pelanecessidade de integrar pesquisadores ao redor do planeta. Mas elenunca se animou a viajar muito. Conhece um pouco do Brasil, mas nadado Nordeste, de onde veio sua família. Mas um dia ainda pretendevisitar Timbaúba. Ao estádio do Maracanã, quase na sua porta, já foialgumas vezes. Estreou num Fla x Flu. Estacionou na arquibancadadisposto a torcer pelo Flamengo, como seu pai. Saiu do jogo Fluminense.A torcida do Flamengo pareceu-lhe acima de suas condições físicas.64
Para a vida de professor e pesquisador, considera sua adaptação quasecompleta. “Aqui, estar ou não numa cadeira de rodas não faz muitadiferença”, diz ele. “Principalmente, se você é um físico teórico e nãoexperimental. Sua vida é ir da frente do computador para a bibliotecae da biblioteca para a sala de aula. Só precisa de uma mesa para trabalhar.Dou aula num retroprojetor, em vez de usar o quadro-negro. Éclaro que não é a mesma coisa. Mas dá para o gasto. E gosto muito dedar aula. Foi uma coisa que acabou com minha inibição.”Já pensou em ter filho? “Ainda não, mas não descarto essa hipótese.Meu irmão, que também é portador de distrofia, tem uma menina. Elaestá com oito anos e é normal. Só não fico é correndo atrás de casamento.Estou namorando há dois anos. Ela se chama Cláudia, éadvogada, tem seqüela de pólio nas duas pernas, ainda no tempo dauniversidade praticou natação a sério.” Cláudia trabalha há 15 anosem defesa dos direitos dos deficientes físicos. Foi ela, aliás, quem redigiuos estatutos da associação que Pedro criou a partir de um rascunhofeito “aqui mesmo, numa sala da UERJ”.A aprovação no concurso da CNEN veio desarrumar essa rotina. Paracomeço de conversa, a cidade onde sempre viveu vai ganhar no mínimoquarenta quilômetros. O laboratório da comissão fica nos confins daZona Oeste, para lá da Barra da Tijuca. “Um colega já está me chamandode emergente da Barra”, ele confessa. Pela primeira vez na vida,aos quarenta anos, começou a olhar com certo interesse para os automóveis.Antes, “nem sabia a diferença entre uma marca e outra. Derepente, com a perspectiva concreta de viajar todo dia lá para longe,comecei a notar que existe o Kangoo, o Berlingo...” São modelos defurgão. Seu olho, quando “bate” num carro, a primeira coisa que enxergaé o lugar da cadeira de rodas.Mas para lidar com dificuldades de locomoção, o que não falta aPedro é tarimba. Desde menino, ele trata dessa matéria com atenção emétodo. “No colégio secundário, eu já acordava pensando: ‘vou terque me levantar, ir até o ponto de ônibus, subir no ônibus cheio, pegara escada.’ Nos intervalos das aulas, calculava: ‘vou ter que chegar aopátio, descer a escada, atravessar o corredor, tudo isso sem cair.’” Um65
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