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DEZEMBRO 2015

Edição 213 - Dezembro 2015

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24 Lusitano de Zurique Actualidade<br />

Dezembro <strong>2015</strong><br />

III Guerra Mundial<br />

Carlos Ademar<br />

mcademar@gmail.com<br />

Pois é, estamos em<br />

guerra! Lamento, mas<br />

não o admitir é fechar<br />

os olhos à realidade e<br />

essa atitude nunca ajudou<br />

a resolver problemas.<br />

Não é uma guerra<br />

convencional, em que as<br />

tropas de um e do outro<br />

lado se confrontam uma<br />

e outra vez até o assumir<br />

da derrota por uma das<br />

partes. Podemos dizer<br />

que se ajusta mais ao que<br />

se convencionou chamar<br />

guerra de guerrilha, em<br />

que uma das partes, reconhecendo<br />

não ter força<br />

suficiente para se confrontar<br />

directamente em<br />

campo de batalha com o<br />

inimigo, o vai atacando de<br />

surpresa em variadíssimas<br />

frentes. O objectivo é<br />

produzir o maior número<br />

de vítimas possível, sem<br />

que isso implique meios<br />

humanos e materiais de<br />

elevada monta, provocando,<br />

contudo, um desgaste<br />

generalizado nas<br />

sociedades pela instabilidade<br />

que a ameaça constante<br />

gera.<br />

Nesta perspectiva, esta<br />

guerra mundial é muito<br />

diferente das duas que a<br />

antecederam. Nas primeiras,<br />

sabia-se onde estava<br />

o inimigo, sabia-se onde<br />

lhe ir dar luta. Na guerra<br />

que vivemos o inimigo<br />

não tem um poiso; tem<br />

o mundo ou grande parte<br />

dele à sua disposição.<br />

Em qualquer lugar pode<br />

ser gerada uma célula de<br />

pequenas dimensões, 3,<br />

4 ou 5 pessoas, que pode<br />

atuar uma, duas ou mais<br />

vezes em função da luta<br />

que lhe for dada ou não,<br />

por incúria ou incompetência.<br />

Se esta célula for<br />

eliminada, outras nascerão<br />

noutros locais, prontas<br />

a semear o terror na<br />

sua zona de actuação<br />

e, devido aos meios de<br />

comunicação social, em<br />

qualquer lugar do planeta.<br />

Trata-se, por isso, verdadeiramente,<br />

de uma guerra<br />

mundial, não poupemos<br />

nas palavras, porque<br />

a abrangência é global e<br />

o que move quem actua<br />

maleficamente em Paris,<br />

Mali, Madrid, Londres, ou<br />

em Nova Iorque, é o mesmo.<br />

E o mesmo nada tem<br />

que ver com um conflito<br />

civilizacional, como alguns<br />

defendem. A guerra<br />

não é do mundo contra o<br />

islamismo, a guerra é do<br />

mundo contra o extremismo<br />

islâmico. E é preciso<br />

que este aspecto fique<br />

bem claro e que por todos<br />

seja entendido, porque,<br />

analisando rapidamente<br />

o passado recente, verificamos<br />

que o fundamentalismo<br />

islâmico tem<br />

vindo em crescendo nas<br />

últimas dezenas de anos.<br />

Quem, há dez anos, pensaria<br />

ser possível a existência<br />

de um vasto território<br />

dominado pelos<br />

mais extremistas do fundamentalismo<br />

islâmico, o<br />

autoproclamado «Estado<br />

Islâmico», ou mais propriamente<br />

Daesh? Poucos<br />

iriam tão longe e se o<br />

idealizassem, tal não poderia<br />

ser levado muito a<br />

sério, porque os elementos<br />

existentes na altura<br />

não o deixavam antever.<br />

No entanto, ele existe em<br />

território da Síria e do Iraque,<br />

com a Líbia disponível<br />

ali tão perto; vive da<br />

venda do petróleo que ali<br />

se explora e que alguém<br />

compra, e irradia o fervor<br />

radical, os ensinamentos<br />

e os meios para que as<br />

tais células floresçam nas<br />

grandes capitais do mundo<br />

e em muitos países<br />

africanos e asiáticos.<br />

As intervenções militares<br />

no mundo islâmico,<br />

independentemente das<br />

razões, não cuidaram de<br />

vincar devidamente a diferença<br />

entre crentes islâmicos<br />

e terroristas islâmicos<br />

e deviam tê-lo feito.<br />

Era mesmo fundamental<br />

que o fizessem. De facto,<br />

são quase sempre os<br />

interesses económicos,<br />

embora disfarçados com<br />

valores elevados (a defesa<br />

dos direitos humanos<br />

e alegadamente para im-

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