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Dezembro <strong>2015</strong><br />
Opinião<br />
Lusitano de Zurique<br />
9<br />
Integração é uma obrigação, ou um direito?<br />
Para o trabalhador emigrante se estabelecer aqui na Suíça, “come o pão que o diabo amaçou”.<br />
Por sua vez, dois pilares importantes da sociedade (autoridades governamentais, sociais e patronato)<br />
promovem e assistem á obrigatoriedade de integração aos trabalhadores emigrantes<br />
sendo o único caminho a língua local.<br />
Os sindicatos são os que assistem. Tendo eles a obrigação, o melhor meio, que são os contratos<br />
colectivos para regulamentar a integração do trabalhador emigrante.<br />
Domingos Pereira<br />
Nos últimos meses o<br />
tema integração tem vindo<br />
a ter um destaque privilegiado<br />
nas conversas<br />
diárias e nos meios de comunicação.<br />
Nos dois sistemas<br />
de comunicação,<br />
algumas comunidades<br />
(principalmente a nossa)<br />
são repetidamente motivo<br />
de chacota.<br />
Fala-se muito sem conhecimento<br />
de causa,… é<br />
esta a verdade. Porque ao<br />
analisarmos o “ranking da<br />
integração”, no topo existem<br />
comunidades que entraram<br />
na Suíça com um<br />
estatuto que não sendo<br />
o de trabalhador (emigrante)<br />
recebem hoje os<br />
elogios das autoridades<br />
locais. A emigração, que<br />
foi, e é recrutada como<br />
mão-de-obra (necessária)<br />
é ultrajada por constarem<br />
no fundo da tabela.<br />
Talvez os números revelados<br />
correspondam à<br />
seriedade da matemática,<br />
mas a razão, a realidade<br />
de quem tem olhos para<br />
ver, analisa desta forma:<br />
A força de mão-de-obra<br />
(o trabalhador emigrante)<br />
para se estabelecer<br />
aqui na Suíça, “come o<br />
pão que o diabo amaçou”.<br />
Pelos próprios meios tem<br />
de encontrar emprego,<br />
habitação, aprender, hábitos,<br />
regras e deveres<br />
de cidadão. Da sociedade<br />
(autoridades e patronato)<br />
“recebem” a obrigação de<br />
se integrar, a constante<br />
difamação de “bichos-de-<br />
-buraco que não falam<br />
a língua local”. Quer isto<br />
dizer, que para estes dois<br />
pilares importantes da<br />
sociedade (autoridades,<br />
patronato) os emigrantes<br />
trabalhadores têm a obrigatoriedade<br />
de integração<br />
sendo o único caminho<br />
a língua local.<br />
Por sua vez, os estrangeiros<br />
que vêm de outras<br />
proveniências (e outros<br />
motivos) a situação se<br />
inverte, para estes, existe<br />
o direito á habitação,<br />
saúde, aprendizagem da<br />
língua, gratuita e remuneração<br />
diária para os vícios<br />
e outras necessidades.<br />
Para estes a integração na<br />
sociedade é um direito!<br />
Fica claro que aqui existe<br />
“dois pesos duas medidas”.<br />
E usam umas comunidades<br />
como bodes<br />
expiatórios para justificarem<br />
serviços e arranjinhos.<br />
Repartição estatal<br />
local<br />
O departamento para a<br />
integração da cidade de<br />
Zurique faz muitas coisas,<br />
financia muitas outras,<br />
desde que sejam direccionados<br />
para o voluntariado<br />
(de emigrantes)<br />
e de preferência em esquema<br />
de pirâmide. Os<br />
cursos de língua alemã é<br />
um bom exemplo. Tudo e<br />
todos optem um financiamento,<br />
sendo igual, onde<br />
e como, as aulas podem<br />
ser realizadas, no meio de<br />
um centro comercial, num<br />
restaurante self-service<br />
e em horário de grande<br />
movimento como no caso<br />
actual (Cetro comercial Letzipark<br />
e no restaurante Migros<br />
Limmatplatz).<br />
Os trabalhadores emigrantes<br />
beneficiam imensamente<br />
com este trabalho<br />
sério, desta repartição<br />
estatal local?!<br />
Sindicatos<br />
A integração no mundo<br />
profissional é necessariamente<br />
obrigatória, mas<br />
não reconhecida pelas<br />
autoridades estatais. Os<br />
sindicatos reconhecem-<br />
-na, mas por conveniência<br />
e não por contribuição<br />
directa. Estes, têm feito<br />
muito na defesa dos direitos<br />
dos trabalhadores,<br />
mas esquecem-se dos<br />
seus deveres de reivindicação<br />
pelos direitos dos<br />
trabalhadores emigrantes<br />
na integração nesta sociedade.<br />
Os sindicatos têm o dever<br />
de lutar pela estabilidade<br />
social do trabalhador<br />
local e estrangeiro, criar<br />
meios (paralelos) diferentes<br />
na formação, na<br />
aprendizagem, na defesa<br />
dos seus direitos laborais,<br />
sociais e de cidadania no<br />
país de acolhimento.<br />
Estes têm a obrigação, o<br />
melhor meio para regulamentar<br />
da integração do<br />
trabalhador emigrante,<br />
mas nada tem sido feito.<br />
Os contratos colectivos<br />
profissionais existentes<br />
(às dezenas) são a melhor<br />
forma para que os três intervenientes<br />
(trabalhador,<br />
patronato e autoridades<br />
governamentais) possam<br />
regulamentar e por em<br />
prática, métodos sérios,<br />
meios financeiros, horários<br />
compatíveis para que<br />
o trabalhador tenha uma<br />
vida social estável, digna<br />
á qual tem direito.<br />
Porque os cidadãos estrangeiros<br />
(emigrantes)<br />
não têm só obrigações<br />
mas também direitos!