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DEZEMBRO 2015

Edição 213 - Dezembro 2015

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Dezembro <strong>2015</strong><br />

Opinião<br />

Lusitano de Zurique<br />

9<br />

Integração é uma obrigação, ou um direito?<br />

Para o trabalhador emigrante se estabelecer aqui na Suíça, “come o pão que o diabo amaçou”.<br />

Por sua vez, dois pilares importantes da sociedade (autoridades governamentais, sociais e patronato)<br />

promovem e assistem á obrigatoriedade de integração aos trabalhadores emigrantes<br />

sendo o único caminho a língua local.<br />

Os sindicatos são os que assistem. Tendo eles a obrigação, o melhor meio, que são os contratos<br />

colectivos para regulamentar a integração do trabalhador emigrante.<br />

Domingos Pereira<br />

Nos últimos meses o<br />

tema integração tem vindo<br />

a ter um destaque privilegiado<br />

nas conversas<br />

diárias e nos meios de comunicação.<br />

Nos dois sistemas<br />

de comunicação,<br />

algumas comunidades<br />

(principalmente a nossa)<br />

são repetidamente motivo<br />

de chacota.<br />

Fala-se muito sem conhecimento<br />

de causa,… é<br />

esta a verdade. Porque ao<br />

analisarmos o “ranking da<br />

integração”, no topo existem<br />

comunidades que entraram<br />

na Suíça com um<br />

estatuto que não sendo<br />

o de trabalhador (emigrante)<br />

recebem hoje os<br />

elogios das autoridades<br />

locais. A emigração, que<br />

foi, e é recrutada como<br />

mão-de-obra (necessária)<br />

é ultrajada por constarem<br />

no fundo da tabela.<br />

Talvez os números revelados<br />

correspondam à<br />

seriedade da matemática,<br />

mas a razão, a realidade<br />

de quem tem olhos para<br />

ver, analisa desta forma:<br />

A força de mão-de-obra<br />

(o trabalhador emigrante)<br />

para se estabelecer<br />

aqui na Suíça, “come o<br />

pão que o diabo amaçou”.<br />

Pelos próprios meios tem<br />

de encontrar emprego,<br />

habitação, aprender, hábitos,<br />

regras e deveres<br />

de cidadão. Da sociedade<br />

(autoridades e patronato)<br />

“recebem” a obrigação de<br />

se integrar, a constante<br />

difamação de “bichos-de-<br />

-buraco que não falam<br />

a língua local”. Quer isto<br />

dizer, que para estes dois<br />

pilares importantes da<br />

sociedade (autoridades,<br />

patronato) os emigrantes<br />

trabalhadores têm a obrigatoriedade<br />

de integração<br />

sendo o único caminho<br />

a língua local.<br />

Por sua vez, os estrangeiros<br />

que vêm de outras<br />

proveniências (e outros<br />

motivos) a situação se<br />

inverte, para estes, existe<br />

o direito á habitação,<br />

saúde, aprendizagem da<br />

língua, gratuita e remuneração<br />

diária para os vícios<br />

e outras necessidades.<br />

Para estes a integração na<br />

sociedade é um direito!<br />

Fica claro que aqui existe<br />

“dois pesos duas medidas”.<br />

E usam umas comunidades<br />

como bodes<br />

expiatórios para justificarem<br />

serviços e arranjinhos.<br />

Repartição estatal<br />

local<br />

O departamento para a<br />

integração da cidade de<br />

Zurique faz muitas coisas,<br />

financia muitas outras,<br />

desde que sejam direccionados<br />

para o voluntariado<br />

(de emigrantes)<br />

e de preferência em esquema<br />

de pirâmide. Os<br />

cursos de língua alemã é<br />

um bom exemplo. Tudo e<br />

todos optem um financiamento,<br />

sendo igual, onde<br />

e como, as aulas podem<br />

ser realizadas, no meio de<br />

um centro comercial, num<br />

restaurante self-service<br />

e em horário de grande<br />

movimento como no caso<br />

actual (Cetro comercial Letzipark<br />

e no restaurante Migros<br />

Limmatplatz).<br />

Os trabalhadores emigrantes<br />

beneficiam imensamente<br />

com este trabalho<br />

sério, desta repartição<br />

estatal local?!<br />

Sindicatos<br />

A integração no mundo<br />

profissional é necessariamente<br />

obrigatória, mas<br />

não reconhecida pelas<br />

autoridades estatais. Os<br />

sindicatos reconhecem-<br />

-na, mas por conveniência<br />

e não por contribuição<br />

directa. Estes, têm feito<br />

muito na defesa dos direitos<br />

dos trabalhadores,<br />

mas esquecem-se dos<br />

seus deveres de reivindicação<br />

pelos direitos dos<br />

trabalhadores emigrantes<br />

na integração nesta sociedade.<br />

Os sindicatos têm o dever<br />

de lutar pela estabilidade<br />

social do trabalhador<br />

local e estrangeiro, criar<br />

meios (paralelos) diferentes<br />

na formação, na<br />

aprendizagem, na defesa<br />

dos seus direitos laborais,<br />

sociais e de cidadania no<br />

país de acolhimento.<br />

Estes têm a obrigação, o<br />

melhor meio para regulamentar<br />

da integração do<br />

trabalhador emigrante,<br />

mas nada tem sido feito.<br />

Os contratos colectivos<br />

profissionais existentes<br />

(às dezenas) são a melhor<br />

forma para que os três intervenientes<br />

(trabalhador,<br />

patronato e autoridades<br />

governamentais) possam<br />

regulamentar e por em<br />

prática, métodos sérios,<br />

meios financeiros, horários<br />

compatíveis para que<br />

o trabalhador tenha uma<br />

vida social estável, digna<br />

á qual tem direito.<br />

Porque os cidadãos estrangeiros<br />

(emigrantes)<br />

não têm só obrigações<br />

mas também direitos!

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