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Dezembro <strong>2015</strong><br />
Opinião<br />
Lusitano de Zurique<br />
27<br />
Os bárbaros estão a chegar<br />
“Um governo de esquerda vai levar-nos a um<br />
novo resgate” - João Salgueiro<br />
“Prefiro mil vezes os credores aos comunistas” -<br />
António Barreto<br />
“Anticomunista, obrigada!” – Clara Ferreira Alves<br />
Carlos de Matos Gomes<br />
Li, não sei onde, nem quando,<br />
talvez a propósito das<br />
invasões francesas, quando<br />
investigava para “A Estrada<br />
dos Silêncios”, uma história<br />
muito interessante sobre a<br />
necessidade do medo. De<br />
ter medo e de transmitir o<br />
medo. De uma sociedade<br />
cujos sacerdotes não sabem,<br />
nem podem viver sem<br />
o medo. Sem pregarem o<br />
medo.<br />
Num local e num tempo<br />
que já não recordo, ao receberem<br />
a notícia de que<br />
um bando de bárbaros estava<br />
a preparar-se para invadir<br />
a sua cidade, ou vila,<br />
os habitantes entraram em<br />
pânico. “Os bárbaros estão<br />
a chegar! E agora? O que faremos?!”<br />
Tocaram os sinos<br />
a rebate. Parou tudo e as<br />
pessoas passaram a viver<br />
desaustinadamente, alimentando-se<br />
desse pânico.<br />
Nada valia a pena, porque<br />
os bárbaros estavam para<br />
chegar e seria um caos. Só<br />
que os anunciados invasores<br />
não apareceram. Era<br />
boato, ou desistiram de invadir<br />
aquela cidade. E o que<br />
antes era pânico tornou-se<br />
perplexidade: “Mas então<br />
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Provavelmente o mais rápido da suíça<br />
Apenas falando português não se resolvem as coisas...<br />
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os bárbaros não estão a<br />
chegar? E agora? O que<br />
faremos?”<br />
O verdadeiro medo não<br />
está no novo, mas naquilo<br />
que deixamos para trás<br />
quando somos obrigados<br />
a mudar. É este o medo<br />
da direita representada<br />
pela PAF.<br />
E, quando não somos<br />
obrigados a mudar, demoramos<br />
muito a decidir,<br />
ou a aceitar a mudança.<br />
É o caso de Cavaco Silva,<br />
perdido no seu labirinto<br />
de incapacidades e de<br />
congénita mesquinhez,<br />
sem saber o que fazer se<br />
os bárbaros estiverem<br />
a chegar, nem se, afinal,<br />
não houver bárbaros.<br />
O que os textos destes<br />
representantes da intelligentsia<br />
nacional revelam<br />
é que eles vivem do<br />
medo. Nada de extraordinário<br />
numa civilização<br />
em que o poder assenta<br />
no convencimento da<br />
existência de um pecado<br />
original que diferencia ricos<br />
dos pobres, senhores<br />
e servos, no castigo terreno<br />
em nome de Deus<br />
para os recalcitrantes<br />
e no temor do Inferno<br />
após a morte.<br />
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Dornacherstrasse 119<br />
4053 Basel