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. “O professor deve acrescentar gentileza em as suas aulas e, por meio de<br />
uma certa ternura em sua atitude, deixar perceber à criança que ela é amada”.<br />
Fundamentos<br />
Histórico-<br />
Filosóficos<br />
da Educação<br />
JONH LOCKE apud GADOTTI, 20<strong>02</strong>, p. 86<br />
3.<br />
Leia atentamente o texto abaixo e em seguida responda ao que se pede:<br />
A ESCOLA E A DIVISÃO CAPITALISTA DO TRABALHO<br />
Tudo o que acontece dentro da escola - incluindo a escola primária – só pode ser explicado através<br />
do que ocorre fora dos muros escolares, isto é, pela divisão social do trabalho.<br />
A divisão capitalista do trabalho caracteriza-se hoje por uma crescente dissociação o trabalho<br />
manual e o trabalho intelectual. De um lado, há uma massa de trabalhadores manuais e empregados<br />
subalternos (operários, funcionários do comércio de escritórios, pessoal de serviços), condenados a realizar<br />
tarefas fragmentadas e rotineiras. De outro, uma minoria de quadros intelectuais, encarregados das tarefas<br />
de criação e planejamento.<br />
A escola capitalista contribui, por sua vez, para reproduzir e aprofundar essa polarização das<br />
qualificações. De fato, a escola alimenta os dois pólos do mercado de trabalho, através de dois fluxos bem<br />
distintos. Em uma extremidade, ela forma um pequeno número de quadros intelectuais nas melhores<br />
escolas secundárias, desembocando nas universidades. Na outra ponta, a escola orienta a formação de<br />
massas trabalhadoras mais ou menos qualificadas e condenadas a vender-se por um salário irrisório aos<br />
donos das grandes corporações industriais, das cadeias de lojas ou dos escritórios.<br />
Eis por que a escola não é única, mas dividida em duas redes de ensino: a rede primária/<br />
profissionalizante e a secundária/superior. Essas redes são estanques, heterogêneas, devido a seu programa<br />
de ensino diferenciado, assim como o estrato social de seus alunos.<br />
Visíveis com clareza a partir da escola secundária com sua preparação de fato, essas duas redes<br />
existem, no entanto, desde a escola primária. É justamente ali, em meio à obscuridade de uma escola<br />
aparentemente única e igual para todos, que a diferenciação se forma e deita raízes. De fato, é a escola<br />
primária que assegura, sob o manto da unidade e da democracia, o essencial da polarização social de uma<br />
geração escolar.<br />
Ora, tudo ocorre como se fosse absolutamente natural... Afinal, sabe-se que há enormes diferenças<br />
entre uma e outra escola; sabe-se ainda que os filhos de operários terão mais dificuldades que os outros<br />
alunos. Mas daí a admitir de forma exata e positiva que a escola primária é local onde se processa a<br />
polarização de classes e compreender as relações entre a escola e a exploração capitalista é dar um salto<br />
grande demais. Entre o curso preparatório e a linha de montagem, o caminho é longo...<br />
( ... ) A divisão capitalista do trabalho; a exploração dos trabalhadores; a extração da mais-valia; a<br />
desqualificação do trabalho; o vai-e-vem do desemprego; o exército industrial de reserva; a crescente<br />
dissociação entre o trabalho manual e o trabalho intelectual: eis as verdadeiras causas que possibilitam<br />
explicar a estrutura e o funcionamento da escola capitalista. E é preciso procurar na organização capitalista,<br />
isto é fora da escola, as razões de sua divisão em duas redes de ensino, com a conseqüente polarização<br />
operada entre as crianças.<br />
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