Revista Elas por elas 2016
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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e desmistificam a tese da suposta “ideologia<br />
de gênero”. “A escola, historicamente,<br />
vem ensinando o que se instituiu<br />
como com<strong>por</strong>tamento de meninos<br />
e meninas e organiza um conteúdo curricular<br />
com base em conceitos heteronormativos<br />
que grande parte das vezes<br />
não reconhecem a diversidade de desejos<br />
e de relações sexuais e afetivas.<br />
Há modelos de com<strong>por</strong>tamentos atribuídos<br />
a homens e mulheres que, embora<br />
não instituídos <strong>por</strong> nenhuma diretriz<br />
pedagógica, são recorrentemente<br />
reforçados, produzindo a reiteração de<br />
desigualdades e, em casos mais extremos,<br />
de discriminações e violências”,<br />
diz a nota elaborada <strong>por</strong> técnicos do<br />
www.cartaeducacao.com.br<br />
ministério no ano passado, quando a<br />
pasta estava sob o comando do ministro<br />
Aloizio Mercadante.<br />
Na mesma linha, a Associação Brasileira<br />
de Antropologia (ABA) publicou<br />
um manifesto, assinado <strong>por</strong> 113 pesquisadores<br />
e grupos de estudos, no<br />
qual aponta que o conceito de gênero<br />
está baseado em parâmetros científicos<br />
de produção de saberes sobre o mundo.<br />
“Uma identidade masculina baseada<br />
na agressividade e na indisciplina tem<br />
cada vez mais afastado os meninos<br />
dos bancos escolares, negando-lhes<br />
seu direito à educação e reproduzindo<br />
uma cultura da violência. Professoras<br />
são vítimas de agressões em sala de<br />
aula, meninas são estupradas <strong>por</strong> seus<br />
colegas de turma e meninos são afastados<br />
das escolas neste ciclo de desigualdade<br />
perpetuado <strong>por</strong> noções hierarquizadas<br />
do que é ser homem ou<br />
mulher. Também são notáveis, <strong>por</strong><br />
outro lado, as pesquisas que mostram<br />
o quanto a discriminação de gênero<br />
contra as pessoas que fogem dos padrões<br />
socialmente estabelecidos de<br />
identidade ou sexualidade tem desencadeado<br />
processos institucionalizados<br />
de discriminação, agressões e exclusão<br />
escolar”, afirma o manifesto.<br />
“<br />
Boa parte da resistência<br />
ao tema poderia<br />
ser superada<br />
com mais investimento<br />
na formação<br />
dos docentes<br />
Para Adla Betsaida, o assunto deve<br />
ser trabalhado nas diversas disciplinas,<br />
e boa parte da resistência ao tema poderia<br />
ser superada com mais investimento<br />
na formação dos docentes, para<br />
que eles pudessem explicar à comunidade<br />
escolar como a questão seria<br />
abordada na escola e qual a im<strong>por</strong>tância<br />
dela. “O problema é que muitos professores<br />
não têm tempo de se preparar.<br />
É injusto exigir isso. Eles estão exaustos<br />
com o excesso de atividades, de provas<br />
e avaliações. Há um grau de exigência<br />
enorme. Mas muitos docentes também<br />
têm de aceitar que existe discriminação.<br />
Na escola da minha filha, um professor<br />
disse que mulher que pinta as unhas<br />
de vermelho está pedindo para ser assediada”,<br />
afirma Betsaida, chamando<br />
a atenção para que o assunto não<br />
fique sob responsabilidade apenas da<br />
escola, mas de toda a sociedade. “Há<br />
certo receio dos pais, sobretudo em<br />
relação às filhas, em discutir o tema<br />
em outros espaços”.<br />
Mesmo com todos os desafios e a<br />
pressão de grupos conservadores, a<br />
discussão em torno do assunto, dentro<br />
ou fora dos muros da escola, é inevitável.<br />
O caminho, apontam os pesquisadores<br />
da área, é de fato criar, no ambiente<br />
escolar, um espaço mais acolhedor,<br />
que respeite as diferenças.<br />
“Acho que se tem uma palavra que vai<br />
se aproximar da nossa noção de democracia<br />
é respeito. A escola precisa<br />
criar esse ambiente de convivência,<br />
harmonioso, desde a mais tenra idade.<br />
Acho que se desde criança você ensinar<br />
que o coleguinha pode ser diferente,<br />
que isso não é errado, que ele não<br />
precisa ser atacado, perseguido <strong>por</strong><br />
isso, você colabora para criar um ambiente<br />
de mais respeito na sociedade”,<br />
destaca Thiago Costa.ø<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Junho <strong>2016</strong><br />
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