Revista Elas por elas 2016
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
A revista sobre gênero Elas por Elas foi criada, em 2007, com o objetivo de dar voz às mulheres e incentivar a luta pela emancipação feminina. A revista enfatiza as questões de gênero e todos os temas que perpassam por esse viés. Elas por Elas traz reportagens sobre mulheres que vivenciam histórias de superação e incentivam outras a serem protagonistas das mudanças, num processo de transformação da sociedade. A revista aborda temas políticos, comportamentais, históricos, culturais, ambientais, literatura, educação, entre outros, para reflexão sobre a história de luta de mulheres que vivem realidades diversas.
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sino público e quando vislumbrei a<br />
Universidade Federal de Ouro Preto<br />
(UFOP), vi que era impossível. Teria<br />
que morar em uma república, sendo<br />
que nem a masculina nem a feminina<br />
me caberiam. Preferi, então, desistir<br />
de estudar”, conta.<br />
Raul achava que estava sozinho no<br />
mundo e fadado a sofrer para sempre.<br />
“Não podia nem optar <strong>por</strong> morrer, pois<br />
minha avó dizia que quem tira sua própria<br />
vida vai para o inferno. Preferi<br />
viver sofrendo minha vida. Foi assim<br />
até quando vi em um programa de TV<br />
um homem trans. Me identifiquei e vi<br />
que tinha uma saída, que não estava<br />
condenado a ter que viver naquele corpo<br />
que não me representava. Eu me entristecia<br />
desde a hora que eu acordava<br />
até a hora que dormia todos os dias,<br />
não conseguia nem me olhar no espelho.<br />
Descobrir que podia deixar de viver<br />
assim foi um dos melhores momentos<br />
da minha vida”, conta Raul ao lamentar<br />
ter compreendido isso depois de adulto.<br />
Uma das suas primeiras e tristes<br />
descobertas, durante sua transição, foi<br />
que pessoas trans são classificadas como<br />
uma patologia, e na área de doenças<br />
mentais. “Estranho, mas usei isso como<br />
arma. Se o SUS considera isso como<br />
patologia precisa ter tratamento e eu<br />
tenho o direito. Mas descubro, então,<br />
que o SUS só tem isso no papel, um<br />
absurdo. Tenho seis anos de transição<br />
e não tive nenhum acompanhamento<br />
psicológico, o que é im<strong>por</strong>tantíssimo,<br />
pois de repente passei a ser homem<br />
para a sociedade, uma coisa forte. Hoje<br />
não preciso mais de um acompanhamento<br />
básico de questão da minha transexualidade,<br />
mas tudo isso afetou minha<br />
vida. Fiz um curso de informática e trabalhei<br />
durante 15 anos em uma empresa.<br />
Depois de 13 anos lá, comecei a<br />
“<br />
“Não podia nem<br />
optar <strong>por</strong> morrer,<br />
pois minha avó<br />
dizia que quem<br />
tira sua própria<br />
vida vai para o<br />
inferno.<br />
MARK FLOREST<br />
38 <strong>Revista</strong> <strong>Elas</strong> <strong>por</strong> <strong>Elas</strong> - Junho <strong>2016</strong>