MOBILIDADE URBANA NO BRASIL
mobilidade_urbana_boll_brasil_web_
mobilidade_urbana_boll_brasil_web_
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
102<br />
SEGURANÇA PÚBLICA, <strong>MOBILIDADE</strong> <strong>URBANA</strong><br />
E GÊNERO <strong>NO</strong> <strong>BRASIL</strong><br />
Metrô de Brasília.<br />
FOTO: FÁBIO RODRIGUES<br />
POZZEBOM/AGÊNCIA<br />
<strong>BRASIL</strong>, 2014. SOB<br />
LICENÇA CC BY<br />
3.0 BR (HTTPS://<br />
CREATIVECOMMONS.<br />
ORG/LICENSES/BY/3.0/<br />
BR/)<br />
O VAGÃO ROSA<br />
Em 2006, foi promulgada uma lei<br />
que obriga as empresas que administram<br />
o sistema ferroviário e metroviário<br />
do Rio de Janeiro a destinar vagões exclusivos<br />
para mulheres nos horários de<br />
maior movimento – das 6h às 9h e das<br />
17h às 20h, de segunda a sexta-feira. A<br />
intenção da lei era coibir a ação de alguns<br />
homens que se aproveitavam da<br />
superlotação dos vagões para assediar<br />
as mulheres, e assim dar opção às mulheres<br />
de viajar em vagões exclusivos.<br />
Desde 2014 o “vagão rosa” existe também<br />
em São Paulo. Em Curitiba/Paraná<br />
foi discutida a inauguração de um ônibus<br />
exclusivo para mulheres. No Rio de<br />
Janeiro, o deputado autor da lei esperou<br />
que a criação de um espaço específico<br />
para mulheres, a partir da separação<br />
de um vagão por composição, poderia<br />
contribuir para resolver o problema sem<br />
causar transtorno operacional. A diretora<br />
comercial do Metrô Rio, Regina Amélia,<br />
considerou o vagão um privilégio: “Poderemos<br />
andar no vagão que quisermos,<br />
os homens é que não poderão andar no<br />
nosso. Considero a medida como um benefício,<br />
e todo benefício é bem-vindo” 4 .<br />
Apoiadores também enfatizam que mulheres<br />
têm necessidades diferentes na<br />
vida cotidiana que homens.<br />
Mas embora a intenção por trás do<br />
transporte exclusivo seja a necessidade<br />
de diminuir a violência, o que todos<br />
concordam, o vagão rosa divide opiniões.<br />
Ativistas do movimento de mulheres não<br />
veem que a solução para o problema esteja<br />
no transporte exclusivo. Segundo<br />
elas, o vagão rosa não está colocando a<br />
mulher em segurança, mas protegendo o<br />
direito do homem de assediar.<br />
Segundo Patrícia Rodrigues e Léa<br />
Marques, ambas da Marcha Mundial<br />
das Mulheres, o vagão feminino reafirma<br />
o espaço público como o espaço dos<br />
homens. Elas criticam alegando que “a<br />
medida abre a possibilidade para que se<br />
adotem vagões para gays, negros, e por aí<br />
vai, reforçando a ideologia e a prática de<br />
que machismo, racismo e homofobia não<br />
4<br />
MENDES, Luciana. Nos trilhos, os vagões corde-rosa.<br />
Jornal da ALERJ. Ano IV, nº 123, de 25<br />
de abril a 1º de maio de 2006. Rio de Janeiro,<br />
ALERJ. Disponível em https://www.google.<br />
com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&c-<br />
d=1&ved=0ahUKEwjzyoWGxenMAhXMEZAKHb-<br />
T6C7sQFggdMAA&url=http%3A%2F%2Fwww2.<br />
alerj.rj.gov.br%2Fjornalalerj%2Fjornalalerj123a.<br />
pdf&usg=AFQjCNF94sr7B0O73OQulAKOsX7osbQeHQ&cad=rja.<br />
Acesso em 20 de jan. 2016.