MOBILIDADE URBANA NO BRASIL
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<strong>MOBILIDADE</strong> <strong>URBANA</strong> <strong>NO</strong> <strong>BRASIL</strong>:<br />
DESAFIOS E ALTERNATIVAS<br />
A segunda, também de ordem econômica,<br />
é que a renda tributária não permitiu<br />
a administração municipal um nível<br />
de intervenção que pudesse reverter o<br />
quadro de expansão desestruturada que<br />
se avizinhava, tanto pelo lado da oferta<br />
de infraestrutura urbana quando pela incapacidade<br />
de subsidiar a habitação de<br />
interesse social.<br />
A terceira, e não menos poderosa, é<br />
a da especulação sobre as terras urbanas<br />
onde qualquer movimento de estruturação<br />
urbana feito pelo poder público era<br />
imediatamente incorporado pelos proprietários<br />
das terras urbanas através da<br />
valorização imobiliária, o que acaba por<br />
construir uma perversa transferência de<br />
renda na direção dos mais ricos e empurrar<br />
os mais pobres para áreas cada vez<br />
mais distantes dos centros estruturados.<br />
A combinação destes fatores não só<br />
levou a rápida ocupação das terras a leste<br />
da BR-02, hoje BR-476, (Linha Verde)<br />
ainda na década de 1960, como à expansão<br />
para territórios de todos os municípios<br />
vizinhos a Curitiba. A população dos<br />
municípios limítrofes a Curitiba cresceu<br />
entre os anos de 1960 a 2010 de 136 mil<br />
habitantes para 1.241 mil habitantes, enquanto<br />
a de Curitiba cresceu de 361 mil<br />
para 1.751 mil habitantes.<br />
A população que deveria estar concentrada<br />
num território de 27.052 ha<br />
(PPU-1965) está dispersa por um território<br />
de 145.403 ha,(PDI-2006). A densidade<br />
média de ocupação das áreas urbanas<br />
da cidade metropolitana cresceu<br />
muito pouco de uma média de 23,8 hab./<br />
ha em 1960 para 42,54 hab./ha em 2010,<br />
“<br />
A maioria da população<br />
que foi atraída pelas luzes<br />
da cidade de Curitiba foi<br />
morar em áreas periféricas<br />
e desestruturadas, seja no<br />
território curitibano ou nos<br />
municípios limítrofes ao polo<br />
metropolitano”<br />
muito distante do que pretendia o PPU<br />
de 1965 que eram valores variando entre<br />
200 hab./ha a 400 hab./ha.<br />
O PPU de 1965 e o PDI RMC de<br />
1978 tinham entre as suas estratégias básicas<br />
de ordenamento territorial a ideia<br />
da contenção da expansão urbana desenfreada.<br />
O PPU-1965 propunha a limitação<br />
a uma porção do território curitibano<br />
enquanto o PDU-1978 propunha a<br />
manutenção em Curitiba das populações<br />
atraídas para a cidade. Os dois Planos foram<br />
vencidos pelas contingências econômicas<br />
adversas que acima relatamos.<br />
O resultado foi diferente do esperado,<br />
tanto pelo PPU e seus sucedâneos<br />
como pelo PDI 1978; a maioria da população<br />
que foi atraída pelas luzes da cidade<br />
de Curitiba foi morar em áreas periféricas<br />
e desestruturadas, seja no território<br />
curitibano ou nos municípios limítrofes<br />
ao polo metropolitano. Esta tendência de<br />
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