MOBILIDADE URBANA NO BRASIL
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O estado da acessibilidade<br />
para portadores de deficiência nas cidades brasileiras<br />
105<br />
JUCIA<strong>NO</strong> MARTINS RODRIGUES<br />
No Brasil, segundo apontou<br />
o último censo demográfico,<br />
realizado em 2010, existem<br />
em torno de 13,2 milhões<br />
de pessoas com alguma<br />
dificuldade de caminhar<br />
ou subir escadas, o que<br />
representa aproximadamente<br />
7% da população do país. Tal<br />
variável pode ser tomada<br />
como um indicador das<br />
pessoas com mobilidade<br />
reduzida. Embora seja um<br />
pouco mais complicado<br />
assumir diretamente que<br />
são pessoas portadoras de<br />
deficiência, é possível que o<br />
número também represente<br />
boa parte das pessoas<br />
nessas condições.<br />
Desse total, 32% estão nas 15 principais<br />
regiões metropolitanas. São nesses<br />
locais que se concentram muitos dos<br />
problemas gerais de mobilidade e que<br />
se acentuam para essa parcela da população.<br />
São também lugares onde hoje<br />
se constroem BRTs, VLTs e teleféricos,<br />
ações que envolvem não só grandes volumes<br />
de recursos públicos, mas tecnologias<br />
de construção e operação sofisticadas<br />
e modernas, muitas vezes copiadas<br />
de países desenvolvidos.<br />
Essas soluções, atualmente vendidas<br />
como as saídas para todos os problemas<br />
de mobilidade mais conhecidos, e que<br />
afetam milhares de trabalhadores diariamente,<br />
se contrastam com um enorme<br />
déficit de infraestrutura e serviços adaptados<br />
à acessibilidade não só de pessoas<br />
com alguma deficiência, mas também<br />
dos usuários que optam pelo modo a pé<br />
e pela bicicleta. Em se tratando das cidades<br />
brasileiras, não são apenas as ausências<br />
e as inadequações que dificultam a<br />
mobilidade de pessoas com deficiência.<br />
Existem barreiras urbanísticas, arquitetônicas<br />
e nos transportes que geram<br />
condições bastante desiguais de acesso a<br />
espaços públicos, aos equipamentos urbanos,<br />
edificações e meios de transporte.<br />
No Rio de Janeiro, segunda maior metrópole<br />
do país, desde antes da realização<br />
dos jogos paraolímpicos, notícias já alertavam<br />
para as dificuldades que atletas e<br />
público enfrentariam durante o evento<br />
de setembro de 2016. Naquele momento,<br />
chamava-se a atenção para o fato de que<br />
sequer os grandes equipamentos esportivos<br />
possuíam adaptação necessária.<br />
A título de exemplo, no Estádio Mario<br />
Filho (Maracanã), palco das cerimônias<br />
de abertura e encerramento dos<br />
Jogos Paraolímpicos, apesar dos investimentos<br />
que somam mais de 1 bilhão de<br />
reais desde o Pan-americano de 2007, os<br />
acessos são inadequados, até para quem<br />
não possui nenhum tipo de deficiência.<br />
Em reportagem sobre os desafios da<br />
acessibilidade na cidade, a Agência Brasil,<br />
da Empresa Brasileira de Comunicação<br />
destaca, por exemplo, que a rampa