MOBILIDADE URBANA NO BRASIL
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<strong>MOBILIDADE</strong> <strong>URBANA</strong> <strong>NO</strong> <strong>BRASIL</strong>:<br />
DESAFIOS E ALTERNATIVAS<br />
79<br />
O lançamento das diretrizes destas<br />
grandes avenidas antecedeu o Plano Agache<br />
de 1943, primeiro plano urbanístico<br />
formalmente instituído em Curitiba<br />
como Plano Diretor de Desenvolvimento<br />
Urbano da Cidade. O Plano Agache assumiu<br />
formalmente grande parte destas<br />
diretrizes criando o Plano de Avenidas<br />
e atribuindo a estas vias o papel de elemento<br />
de ligação entre os diversos centros<br />
funcionais estabelecidos pelo Plano.<br />
Ao mesmo tempo, o Plano Agache criou<br />
um sistema complementar de vias radioconcêntricas<br />
associadas a um conjunto<br />
de anéis viários.<br />
O plano consolidou também o planejamento<br />
viário preexistente e estabeleceu<br />
novas funções para os espaços viários<br />
já consolidados como o conjunto de<br />
vias radiais, formado pelos antigos caminhos<br />
de acesso de Curitiba, dando-lhes o<br />
status de vias arteriais urbanas e propondo<br />
o seu alargamento, o que vem sendo<br />
implantado até os dias de hoje.<br />
O terceiro grupo de espaços viários,<br />
bem distinto, foi definido através de inúmeros<br />
parcelamentos do solo, iniciados<br />
com maior intensidade na década de<br />
1930, que se deram preponderantemente<br />
no sentido sul respeitando as direções<br />
dadas pelo Plano das Avenidas e mantendo<br />
a tendência de paralelismo ou de<br />
continuidade em relação a elas. Na direção<br />
norte, tivemos processo semelhante,<br />
mas que utilizou como referência as diretrizes<br />
dos antigos caminhos rurais radiais<br />
em relação ao centro de Curitiba.<br />
O quarto grupo de vias foi definido<br />
dentro dos novos princípios de<br />
planejamento urbano adotado pelo Plano<br />
Preliminar de Urbanismo de 1965<br />
(PPU 1965), que abandonou definitivamente<br />
a linha mecanicista do planejamento<br />
orientado pela Carta de Atenas 1<br />
para adotar um modelo de ocupação fundamentado<br />
no uso mais adensado e diversificado<br />
do solo, deixando isolado em<br />
áreas mais periféricas somente os usos<br />
industriais.<br />
Um dos principais objetivos do PPU<br />
de 1965 era expandir as funções de comércio<br />
e serviços e habitações coletivas,<br />
na época altamente concentrados no<br />
centro, para um eixo linear que se prolongaria<br />
na direção norte sul sobre linhas<br />
viárias já bastante consolidadas.<br />
O legado deixado pelo PPU de 1965<br />
e as revisões efetuadas até 1975, assim<br />
como pelo Plano Agache, foi muito mais<br />
de estabelecer ou atribuir novos usos<br />
a espaços viários já existentes do que<br />
compor novos espaços viários. A maior<br />
quantidade de espaços viários do PPU<br />
de 1965 deu-se a partir da definição das<br />
1<br />
Carta de Atenas: Documento texto produzido<br />
no IV Congresso Internacional de Arquitetura<br />
Moderna (CIAM), realizado na cidade de Atenas<br />
em 1933, que estabeleceu princípios gerais para<br />
a organização das cidades a partir de observações<br />
efetuadas em 33 cidades de vários continentes.<br />
Constituiu-se em um referencial para o<br />
urbanismo moderno e tinha como ideia central<br />
a criação de cidades em escala mais humanizada.<br />
Entretanto, o documento orientou a organização<br />
do uso do solo e os modos de circulação<br />
dentro de princípios que acabariam por ampliar<br />
a necessidade de deslocamentos das pessoas<br />
no interior das cidades, por promover a expansão<br />
e as baixas densidades dos tecidos urbanos<br />
e por criar vastas redes de vias expressas, o<br />
que entrou em confronto com a ideia central do<br />
próprio documento.