09.01.2017 Views

MOBILIDADE URBANA NO BRASIL

mobilidade_urbana_boll_brasil_web_

mobilidade_urbana_boll_brasil_web_

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

20<br />

QUAL O ESTADO DA <strong>MOBILIDADE</strong> <strong>URBANA</strong><br />

<strong>NO</strong> <strong>BRASIL</strong>?<br />

mobilidade urbana, é fundamental explanar<br />

que algumas dessas ações não foram<br />

concluídas antes do início da Copa,<br />

enquanto outros 19 projetos inicialmente<br />

previstos foram simplesmente<br />

abandonados ou excluídos da Matriz de<br />

Responsabilidade.<br />

A maioria dos projetos que envolve<br />

a implantação de serviços de transporte<br />

coletivo é do modelo Bus Rapid Transit<br />

(BRT) e, em todos os casos, os projetos incluem<br />

a implantação de infraestrutura rodoviária,<br />

com a construção e alargamento<br />

de vias que acompanham o leito segregado<br />

dos ônibus e de viadutos e trincheiras<br />

que visam essencialmente aumentar a capacidade<br />

ou dar maior fluidez ao tráfego<br />

de veículos particulares.<br />

Constata-se que muitas intervenções<br />

não possuem papel estruturante no transporte<br />

urbano. São projetos que não partem<br />

de uma visão de planejamento global das<br />

metrópoles onde estão sendo implantados,<br />

não seguem recomendações e diretrizes<br />

dos planos diretores participativos, cujos<br />

objetivos integram as políticas de transporte<br />

e de moradia, por exemplo. São os casos<br />

de muitas obras executadas no entorno de<br />

estádios, que visavam apenas melhorar o<br />

acesso viário a esses locais. São ações que<br />

estão longe das reais necessidades da população<br />

dessas grandes cidades, que se desloca<br />

cada vez mais a longas distâncias em movimentos<br />

diários, inclusive entre municípios.<br />

Outro aspecto importante é que essas<br />

políticas também seguiram padrões seletivos<br />

de localização. As ações nas doze<br />

cidades-sedes da Copa, por exemplo, estão<br />

majoritariamente concentradas em<br />

determinadas regiões, em primeiro em<br />

seus municípios núcleos e, em segundo,<br />

em regiões específicas e, ao intervir<br />

em corredores específicos de transporte<br />

abrem novas frentes imobiliárias.<br />

A amostra oferecida pelas intervenções<br />

para a Copa do Mundo indica, portanto,<br />

que muitas das soluções propostas obedecem<br />

à mesma lógica que deu forma ao modelo<br />

de mobilidade urbano brasileiro vigente<br />

desde a metade do século XX.<br />

A primeira característica que reforça<br />

essa ideia é a possibilidade real da reprodução<br />

do modelo rodoviarista, que<br />

orientou historicamente as políticas de<br />

mobilidade urbana no Brasil desde a década<br />

de 1950, priorizando os automóveis<br />

e atendendo um importante setor da<br />

economia nacional.<br />

A segunda está mais diretamente relacionada<br />

à reestruturação dos espaços<br />

urbanos e aponta que as políticas de mobilidade,<br />

ao privilegiar grandes projetos<br />

urbanos, também atendem aos interesses<br />

do mercado imobiliário e não às reais<br />

necessidades de circulação da população.<br />

Um exemplo é a implantação dos BRTs<br />

que, como foi dito, inclui a implantação<br />

de uma generosa infraestrutura rodoviária,<br />

com a construção e alargamento de<br />

vias que acompanham o leito segregado<br />

dos ônibus e de viadutos e trincheiras<br />

que visam essencialmente aumentar<br />

a capacidade ou dar maior fluidez ao tráfego<br />

de veículos particulares. São estruturas<br />

urbanas implantadas para atender<br />

o público que consome o tipo de empreendimento<br />

imobiliário onde estão sendo<br />

implantadas. Portanto, além de atender

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!