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Novembro/2016 - Revista VOi 136

Grupo Jota Comunicação

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convite para uma formatura. Era da sobrinha de<br />

Virgilina que morava em Curitiba. Junto com a<br />

correspondência estava a foto de Cidália. Nerval<br />

ficou encantado pela beleza da formanda. Precisava<br />

conhecê-la pessoalmente. Ele foi para a capital<br />

paranaense e o destino mais uma vez sorriu<br />

para ele. Os dois se conheceram, casaram-se e<br />

foram morar em Morretes (PR). Enquanto Nerval<br />

atendia em seu consultório de odontologia, Cidália<br />

ensinavam crianças na sala de aula improvisada<br />

com caixotes e bancos de madeira. Uma<br />

vez por semana o dentista da cidade montava<br />

em seu cavalo e atendia gratuitamente pacientes<br />

em Antonina (PR), cidade vizinha.<br />

O baiano com raízes paranaenses era mesmo<br />

acima da média. Escrevia para jornais, lutava<br />

em favor dos trabalhadores, era anarquista, deputado<br />

classista e maçônico, além de divulgar<br />

o espiritismo com livros escritos em espanhol e<br />

alemão, dois idiomas que dominava. Por volta<br />

de 1925, a família, que acabara de ganhar mais<br />

um integrante, Nerval Silva Filho, mudou-se<br />

novamente para Curitiba. Compraram uma casa<br />

na rua Vicente Machado, onde tiveram mais dois<br />

filhos Nélia e Nercival.<br />

Parece que o gene que controla a sorte e<br />

a sagacidade aflorou no filho mais velho, algo<br />

que foi determinante para consolidar de vez a<br />

família Silva em Curitiba. Nerval Filho se formou<br />

engenheiro químico e, com um sócio, montou<br />

uma fábrica de sabão na época da Segunda<br />

Guerra Mundial. Não teve êxito com esse negócio,<br />

porém, assim como a seu pai, a sorte o<br />

presenteou. Após ser convocado pelo Exército<br />

Brasileiro, um pouco antes de sua apresentação<br />

oficial, a guerra chegou ao fim.<br />

Sem a fábrica para cuidar e a obrigação<br />

de defender o país no exterior, Nerval decidiu<br />

visitar seu tio Álvaro, que era gerente em uma<br />

importadora de carros no Rio de Janeiro. Trabalhava<br />

também na empresa Eleosina Martinez,<br />

Foto: acervo pessoal<br />

Eleosina Martinez Silva, esposa de Nerval<br />

Silva Filho, com um dos cinco filhos e<br />

quatro netos na década de 80<br />

uma baiana assim como o pai de Nerval que se<br />

mudou para a Cidade Maravilhosa. Os dois se<br />

apaixonaram, namoraram e casaram.<br />

Logo após o nascimento do segundo filho, a<br />

família tinha uma importante decisão a tomar.<br />

Para que Eleosina, então datilógrafa do Senado<br />

Federal, permanecesse no emprego todos deveriam<br />

mudar para Brasília, cidade construída por<br />

ordem do Presidente Juscelino Kubitschek para<br />

ser a nova capital do Brasil, local onde o Congresso<br />

Nacional seria instalado. Sem qualquer<br />

vínculo por lá e com toda a família de Nerval<br />

vivendo em Curitiba, novamente a capital paranaense<br />

recebeu os Silva. Desta vez vieram para<br />

ficar. Nerval Filho já nos deixou, porém Eleosina<br />

vive o maior legado construído pelo casal: cinco<br />

filhos, dez netos e sete bisnetos.<br />

NOVEMBRO 35

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