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edição de 13 de fevereiro de 2017

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marketing & negóCios<br />

Scyther5/iStock<br />

Conquistar novos<br />

consumidores<br />

é essencial<br />

Ativida<strong>de</strong>s para ganhar novos clientes<br />

continuam sendo insubstituíveis para<br />

assegurar o futuro dos negócios<br />

Rafael Sampaio<br />

Há cerca <strong>de</strong> três décadas começou no<br />

marketing e na publicida<strong>de</strong> um movimento<br />

<strong>de</strong> valorização da fi<strong>de</strong>lização dos<br />

consumidores, que teve gran<strong>de</strong> ímpeto<br />

com o advento do digital e suas ferramentas,<br />

capazes <strong>de</strong> monitorar as relações <strong>de</strong><br />

consumo, alavancar o cross-selling e outras<br />

ativida<strong>de</strong>s que já existiam, mas que<br />

ganharam maior operacionalida<strong>de</strong>.<br />

Houve, em paralelo, um movimento <strong>de</strong><br />

busca <strong>de</strong> precisão das ações mercadológicas<br />

e <strong>de</strong> comunicação, <strong>de</strong> modo a perseguir<br />

com maior intensida<strong>de</strong> o “santo graal” da<br />

eliminação dos <strong>de</strong>sperdícios nessas áreas.<br />

Tudo isso foi necessário, teve e tem seus<br />

méritos, mas os limites foram ultrapassados<br />

e se minimizaram as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conquista<br />

<strong>de</strong> novos consumidores, especialmente<br />

aqueles que fugiam do “core target”<br />

(o alvo principal) dos produtos, serviços e<br />

marcas. Esse erro ocorreu pela combinação<br />

<strong>de</strong> várias ilusões: <strong>de</strong> que as empresas sabem<br />

com gran<strong>de</strong> precisão qual é o perfil <strong>de</strong><br />

seus consumidores e seus prospects mais<br />

valiosos; que a regra dos 80/20 podia ser<br />

superada concentrando todos os esforços<br />

naqueles 20% do mercado que respon<strong>de</strong>m<br />

por 80% dos negócios; e que se po<strong>de</strong>ria<br />

cortar o investimento em publicida<strong>de</strong> que<br />

garante o “efeito halo” (o impacto sobre o<br />

entorno dos consumidores alvo, que exercem<br />

influência sobre eles).<br />

Na prática, nada disso foi ou é possível.<br />

O perfil real dos consumidores <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />

produto ou serviço não é assim<br />

tão preciso, salvo raríssimas exceções <strong>de</strong><br />

ultranicho, e muito menos seus prospects<br />

(que antes disso são suspects).<br />

Consequentemente, as estratégias <strong>de</strong><br />

marketing e os briefings <strong>de</strong> comunicação<br />

não conseguem chegar a uma precisão que<br />

sustente o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações e<br />

campanhas com essa característica.<br />

O segundo problema é que os tais 20%<br />

que produzem os 80% são móveis. Eles<br />

po<strong>de</strong>m ser 15% ou 30% e po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>saparecer<br />

por uma ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> motivos,<br />

<strong>de</strong> razões econômicas à morte física <strong>de</strong><br />

clientes, passando pela mudança <strong>de</strong> seu<br />

interesse e necessida<strong>de</strong>s. Razão pela qual<br />

é preciso “alimentar” os 80% (ou 85% ou<br />

70%) para eles entrarem no grupo dos 20. E<br />

como esse grupo maior e menos relevante<br />

para os negócios também não é estático, as<br />

marcas têm <strong>de</strong> “pescar” fora <strong>de</strong>sse grupo,<br />

ou seja, transformar prospects em clientes<br />

e suspects em prospects.<br />

Daí a relevância e a força da publicida<strong>de</strong><br />

e das mídias <strong>de</strong> massa, que cumprem a tarefa<br />

<strong>de</strong> falar com o “núcleo duro” dos melhores<br />

clientes, com os públicos que os influenciam,<br />

com clientes menos relevantes<br />

e com pessoas que um dia po<strong>de</strong>m passar a<br />

ser clientes – por razões <strong>de</strong> mudanças econômicas,<br />

<strong>de</strong> hábito <strong>de</strong> vida, necessida<strong>de</strong>s,<br />

<strong>de</strong>sejos e aspirações. É uma ótima maneira<br />

<strong>de</strong> manter essa dinâmica permanente do<br />

mercado.<br />

Dois excelentes textos abordam esse<br />

tema e trazem expressivos exemplos. Um<br />

<strong>de</strong>les é uma publicação da IPA, a entida<strong>de</strong><br />

dos publicitários e agências do Reino Unido,<br />

que se chama Equilibrando estratégias<br />

<strong>de</strong> marketing <strong>de</strong> curto e longo prazo. Nesse<br />

livro, fundamentado na análise <strong>de</strong> anos <strong>de</strong><br />

campanhas publicitárias <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> sucesso,<br />

fica evi<strong>de</strong>nte que campanhas visando o<br />

longo prazo e um público mais amplo são<br />

mais efetivas <strong>de</strong> que aquelas focadas no<br />

curto prazo e num target mais <strong>de</strong>finido.<br />

O outro texto é recente e é o tema <strong>de</strong> capa<br />

da Harvard Business Review <strong>de</strong> janeiro/<strong>fevereiro</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>2017</strong>. A partir da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que “a lealda<strong>de</strong><br />

do consumidor é ‘over’ valorizada”,<br />

A.G. Lafley, ex-CEO da Procter&Gamble, e<br />

Roger L. Martin, professor <strong>de</strong> Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Toronto, <strong>de</strong>senvolvem o raciocínio a<br />

partir <strong>de</strong> dados concretos <strong>de</strong> mercado, que<br />

<strong>de</strong>monstram a importância do hábito e da<br />

“vantagem cumulativa” das marcas lí<strong>de</strong>res,<br />

que sempre precisam estar se renovando<br />

e agregando novos consumidores para<br />

manter justamente sua vantagem.<br />

Rafael Sampaio é consultor em propaganda<br />

rafael.sampaio@uol.com.br<br />

jornal propmark - <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> 15

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