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edição de 13 de fevereiro de 2017

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wE<br />

Mkt<br />

Filipe Birck<br />

Prêt-à-porter<br />

“Às vezes eu penso <strong>de</strong>mais, e não tomo atitu<strong>de</strong>”.<br />

Clarice Lispector<br />

Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />

Não retornaremos aos tempos da alfaiataria.<br />

Mas não mais nos interessa a vida<br />

<strong>de</strong> gado. Zé Ramalho, “Êh, oô, vida <strong>de</strong> gado.<br />

Povo marcado. Êh, povo feliz!”.<br />

Carlos Araujo Souza, meu saudoso pai,<br />

era o secretário municipal da Prefeitura <strong>de</strong><br />

Bauru. Chegou nessa importante posição<br />

jovem, por competência e merecimento.<br />

Terno, gravata e chapéu. Chapéus encomendados<br />

nas Lojas Cury. Prada ou Ramenzoni.<br />

E ternos, <strong>de</strong> casimira, sob medida,<br />

com “seo” Avelino.<br />

A Deloitte divulgou semanas atrás os<br />

resultados <strong>de</strong> sua pesquisa mundial GMCS<br />

– Global Mobile Consumer Survey –, feita<br />

em 31 países, incluindo o Brasil, on<strong>de</strong> foram<br />

entrevistadas 2.005 pessoas <strong>de</strong> todas<br />

as regiões. Se possível fosse contar para as<br />

pessoas, 20 anos atrás, como se comportariam,<br />

exclamariam: “nem por um cacete!”<br />

Sem precisar <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> cacete,<br />

37% dos entrevistados acordam <strong>de</strong> noite<br />

para verificar mensagens em seus smartphones<br />

– <strong>de</strong>vidamente engatilhados e ao<br />

lado <strong>de</strong> suas camas. 48%, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazerem<br />

o último xixi e <strong>de</strong> escovar os <strong>de</strong>ntes,<br />

dão uma última olhadinha. 12% dirigem<br />

olhando para o para-brisa e para o smartphone;<br />

smartphone, para-brisa. 15% atravessam<br />

a rua conferindo as mensagens.<br />

48% <strong>de</strong>ixam o smartphone à vista durante<br />

o trabalho. 51% veem TV e smartphones;<br />

smartphones e TV...<br />

Mas, <strong>de</strong> todo o estudo, o que mais me<br />

impressionou é que, se não estamos, ainda,<br />

retornando aos tempos da alfaiataria<br />

– talvez esse seja o final –, agora em nossos<br />

hábitos e preferências caminhamos<br />

inexoravelmente para o prêt-à-porter no<br />

tocante às fontes <strong>de</strong> conteúdo e <strong>de</strong> informação.<br />

Retomamos – já era tempo – o<br />

controle do o quê, como, quando, quanto<br />

e on<strong>de</strong>. Em 2030, salvo raríssimas exce-<br />

ções em que respeitaremos o momento<br />

do fato pela sua importância, relevância e<br />

significado, tudo o mais <strong>de</strong>correrá <strong>de</strong> nossa<br />

conveniência.<br />

Mas, vamos à informação da pesquisa da<br />

Deloitte. No estudo divulgado em 2016, nos<br />

Estados Unidos, 55% do que se viu na TV foi<br />

“on <strong>de</strong>mand” – na hora em que cada pessoa<br />

quer e não mais na hora em que a atração<br />

ou programa é realizado. Quando se diminui<br />

ou se estreita o foco e concentra-se<br />

nos millennials, esse percentual salta para<br />

72%. Ou seja, para a galerinha, 72% dos<br />

“ao vivo” são vistos “on <strong>de</strong>mand” – horas,<br />

dias, semanas e até mesmo meses <strong>de</strong>pois.<br />

E, quase sempre, saltando ou sem os comerciais.<br />

Trazendo especificamente tudo isso para<br />

o território que mais nos interessa – o do<br />

Marketing e do Branding –, comunicar-se –<br />

condição essencial <strong>de</strong> ser e sobreviver – é<br />

cada vez mais sensível e <strong>de</strong>safiador. Mas,<br />

por outro lado, e nesse comportamento,<br />

<strong>de</strong>fine-se a receita.<br />

ON DEMAND!<br />

Tornar e <strong>de</strong>ixar todas as informações sobre<br />

a empresa, produtos e serviços “avaiable”<br />

disponíveis. Preferencialmente nos<br />

lugares certos <strong>de</strong> total e plena acessibilida<strong>de</strong>.<br />

Para que as pessoas se sirvam confortavelmente<br />

quando sentirem vonta<strong>de</strong>.<br />

Como a natureza proce<strong>de</strong> com os pássaros.<br />

No marketing e no branding não há mais<br />

lugar para uniformes. Aproximamo-nos da<br />

alfaiataria.<br />

Assim, se sua empresa alimenta qualquer<br />

esperança <strong>de</strong> realizar a comunicação,<br />

esmere-se na preparação. Mas, nunca mais,<br />

nem por mil cacetes, interrompa. Deixe suas<br />

mensagens e sempre “avaiable” e “prêt-<br />

-à-porter”. Como nos ensinou Quintana,<br />

“todos esses que aí estão atravancando<br />

meu caminho, eles passarão, eu passarinho”.<br />

Ou, se preferir, Luiz Vieira, “menino-<br />

-passarinho, com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> voar”.<br />

Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />

é consultor <strong>de</strong> marketing<br />

famadia@madiamm.com.br<br />

32 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> - jornal propmark

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