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wE<br />
Mkt<br />
Filipe Birck<br />
Prêt-à-porter<br />
“Às vezes eu penso <strong>de</strong>mais, e não tomo atitu<strong>de</strong>”.<br />
Clarice Lispector<br />
Francisco alberto Madia <strong>de</strong> souza<br />
Não retornaremos aos tempos da alfaiataria.<br />
Mas não mais nos interessa a vida<br />
<strong>de</strong> gado. Zé Ramalho, “Êh, oô, vida <strong>de</strong> gado.<br />
Povo marcado. Êh, povo feliz!”.<br />
Carlos Araujo Souza, meu saudoso pai,<br />
era o secretário municipal da Prefeitura <strong>de</strong><br />
Bauru. Chegou nessa importante posição<br />
jovem, por competência e merecimento.<br />
Terno, gravata e chapéu. Chapéus encomendados<br />
nas Lojas Cury. Prada ou Ramenzoni.<br />
E ternos, <strong>de</strong> casimira, sob medida,<br />
com “seo” Avelino.<br />
A Deloitte divulgou semanas atrás os<br />
resultados <strong>de</strong> sua pesquisa mundial GMCS<br />
– Global Mobile Consumer Survey –, feita<br />
em 31 países, incluindo o Brasil, on<strong>de</strong> foram<br />
entrevistadas 2.005 pessoas <strong>de</strong> todas<br />
as regiões. Se possível fosse contar para as<br />
pessoas, 20 anos atrás, como se comportariam,<br />
exclamariam: “nem por um cacete!”<br />
Sem precisar <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong> cacete,<br />
37% dos entrevistados acordam <strong>de</strong> noite<br />
para verificar mensagens em seus smartphones<br />
– <strong>de</strong>vidamente engatilhados e ao<br />
lado <strong>de</strong> suas camas. 48%, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fazerem<br />
o último xixi e <strong>de</strong> escovar os <strong>de</strong>ntes,<br />
dão uma última olhadinha. 12% dirigem<br />
olhando para o para-brisa e para o smartphone;<br />
smartphone, para-brisa. 15% atravessam<br />
a rua conferindo as mensagens.<br />
48% <strong>de</strong>ixam o smartphone à vista durante<br />
o trabalho. 51% veem TV e smartphones;<br />
smartphones e TV...<br />
Mas, <strong>de</strong> todo o estudo, o que mais me<br />
impressionou é que, se não estamos, ainda,<br />
retornando aos tempos da alfaiataria<br />
– talvez esse seja o final –, agora em nossos<br />
hábitos e preferências caminhamos<br />
inexoravelmente para o prêt-à-porter no<br />
tocante às fontes <strong>de</strong> conteúdo e <strong>de</strong> informação.<br />
Retomamos – já era tempo – o<br />
controle do o quê, como, quando, quanto<br />
e on<strong>de</strong>. Em 2030, salvo raríssimas exce-<br />
ções em que respeitaremos o momento<br />
do fato pela sua importância, relevância e<br />
significado, tudo o mais <strong>de</strong>correrá <strong>de</strong> nossa<br />
conveniência.<br />
Mas, vamos à informação da pesquisa da<br />
Deloitte. No estudo divulgado em 2016, nos<br />
Estados Unidos, 55% do que se viu na TV foi<br />
“on <strong>de</strong>mand” – na hora em que cada pessoa<br />
quer e não mais na hora em que a atração<br />
ou programa é realizado. Quando se diminui<br />
ou se estreita o foco e concentra-se<br />
nos millennials, esse percentual salta para<br />
72%. Ou seja, para a galerinha, 72% dos<br />
“ao vivo” são vistos “on <strong>de</strong>mand” – horas,<br />
dias, semanas e até mesmo meses <strong>de</strong>pois.<br />
E, quase sempre, saltando ou sem os comerciais.<br />
Trazendo especificamente tudo isso para<br />
o território que mais nos interessa – o do<br />
Marketing e do Branding –, comunicar-se –<br />
condição essencial <strong>de</strong> ser e sobreviver – é<br />
cada vez mais sensível e <strong>de</strong>safiador. Mas,<br />
por outro lado, e nesse comportamento,<br />
<strong>de</strong>fine-se a receita.<br />
ON DEMAND!<br />
Tornar e <strong>de</strong>ixar todas as informações sobre<br />
a empresa, produtos e serviços “avaiable”<br />
disponíveis. Preferencialmente nos<br />
lugares certos <strong>de</strong> total e plena acessibilida<strong>de</strong>.<br />
Para que as pessoas se sirvam confortavelmente<br />
quando sentirem vonta<strong>de</strong>.<br />
Como a natureza proce<strong>de</strong> com os pássaros.<br />
No marketing e no branding não há mais<br />
lugar para uniformes. Aproximamo-nos da<br />
alfaiataria.<br />
Assim, se sua empresa alimenta qualquer<br />
esperança <strong>de</strong> realizar a comunicação,<br />
esmere-se na preparação. Mas, nunca mais,<br />
nem por mil cacetes, interrompa. Deixe suas<br />
mensagens e sempre “avaiable” e “prêt-<br />
-à-porter”. Como nos ensinou Quintana,<br />
“todos esses que aí estão atravancando<br />
meu caminho, eles passarão, eu passarinho”.<br />
Ou, se preferir, Luiz Vieira, “menino-<br />
-passarinho, com vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> voar”.<br />
Francisco Alberto Madia <strong>de</strong> Souza<br />
é consultor <strong>de</strong> marketing<br />
famadia@madiamm.com.br<br />
32 <strong>13</strong> <strong>de</strong> <strong>fevereiro</strong> <strong>de</strong> <strong>2017</strong> - jornal propmark