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OUTUBRO 2017 - nº 234

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20 Lusitano<br />

OPINIÃO<br />

A DEVASSA E OS DEVASSOS<br />

AMADEU HOMEM<br />

PROFESSOR (*)<br />

(*) Ciências Comunicacionais em<br />

Instituto Superior Miguel Torga<br />

University of Coimbra e Faculdade<br />

de Letras da Universidade de<br />

Coimbra - FLUC<br />

O Alexandre, mais o Rosário, mais o resto dos<br />

mordomos que devassam Sócrates, cumprem<br />

metodicamente o desiderato de converter<br />

este Senhor, seja ele inocente ou culpado,<br />

seja ele herói ou bandido - ou até, mais provavelmente<br />

bandido-herói - num caso típico de<br />

imortalidade jurídico-mediática.<br />

Um dia, quando correr o tempo sobre esta palhaçada<br />

mega- ridícula e híper-vergonhosa, sobretudo<br />

para quem deveria apenas julgar serenamente, as<br />

actuais crianças irão dizer aos netos que viveram<br />

no tempo do processo do Senhor Sócrates, do<br />

mesmo modo que, no passado, houve quem dissesse<br />

à descendência que tinha vivido nos tempos<br />

do Emiliano Zapata ou do Arsène Lupin. O aparelho<br />

judicial português, esmiuçando Sócrates até à<br />

molécula, converte-o em bandeira, em hino, em<br />

“pin” de lapela, em figura icónica. O último desenvolvimento<br />

do caso já assume foros de inelutável<br />

demência noticiosa : quem comprou os livros do<br />

Sócrates? É a curiosidade convertida em tique e o<br />

barulho mudado em traque. Vamos imaginar que<br />

o Imortal em causa tenha pedido ao Santos Silva, à<br />

Fava, a todos os trabalhadores do Grupo Lena, aos<br />

penitenciários de todas as cadeias portuguesas,<br />

aos antigos camaradas do PS, aos pitos aos saltos<br />

que o acham bonito, aos calmeirões de duvidosa<br />

sexualidade que não o acham feio, vamos imaginar<br />

por um breve instante que isto ocorreu e que todos<br />

receberam o mandato de adquirirem, às “palettes”,<br />

o livro do dito herói. Ocorreu? E depois? Sócrates<br />

vendeu o seu papel e, supostamente, financiou a<br />

operação. E depois ? Mas qual é a consistente relevância<br />

deste facto num processo que, segundo<br />

a má língua, já vai em mais de NOVENTA grossos<br />

tomos, QUE NENHUM JUIZ IRÁ LER LINHA POR<br />

LINHA?Este dito Imortal acabará por ser julgado E<br />

CONDENADO, porque aquilo que bizantinamente<br />

dá pelo nome de Justiça lusitana necessitará imperativamente<br />

de uma condenação “exemplar”, para<br />

que ela própria não desabe , a golpe de gargalhadas.<br />

Daqui a muitos anos, ninguém saberá quem<br />

foi Rosário, quem deu pelo nome de Alexandre e<br />

quem se disse Vidal, na chefia da banda. Mas haverá<br />

pouca gente razoavelmente informada que não<br />

saiba quem foi um tal José Sócrates Pinto de Sousa,<br />

conduzido ao Olimpo da relevância pública por<br />

uma dúzia de togas malparadas.<br />

Cartão de Cidadão<br />

tem novas regras<br />

As mudanças na renovação do Cartão de Cidadão foram<br />

publicadas e entraram em vigor na segunda-feira dia 2 de<br />

Outubro.<br />

A maior novidade reside na validade do documento que<br />

passa dos cinco anos actuais ,para 10 anos, para cidadãos<br />

com mais de 25 anos. Quem ainda não tiver completado a<br />

idade continua sujeito ao sistema de renovação de cinco<br />

em cinco anos.<br />

Outra novidade positiva, porque ninguém gosta de perder<br />

tempo em lojas do cidadão e afins, é que a partir de 4 de<br />

Dezembro, já poderá renovar o documento de identificação<br />

a partir de casa.<br />

Esta medida estará disponível para cidadãos com idades<br />

entre os 25 e os 59 anos, que podem fazer a renovação a<br />

partir do Portal do Cidadão, desde que o documento ainda<br />

tenha, pelo menos, 60 dias de validade. Nesta forma de renovação<br />

apenas é possível alterar os apelidos ou a morada.<br />

Quem optar por esta via de renovação terá um desconto de<br />

10% no valor do documento.

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