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opinião<br />
alexandragl1/iStock<br />
Você conhece (mesmo)<br />
o seu cliente?<br />
Renato PelissaRo<br />
Não se engane: o futuro é, <strong>de</strong>finitivamente,<br />
people based e customer centered.<br />
Calcada no aumento do acesso à<br />
informação pelos consumidores, no crescimento<br />
das re<strong>de</strong>s sociais e no fato <strong>de</strong> que,<br />
hoje em dia, grupos <strong>de</strong> interesse se formam<br />
com muito mais rapi<strong>de</strong>z do que em décadas<br />
passadas, a verda<strong>de</strong> é que o perfil psicológico<br />
do “público-alvo” das marcas tem mudado<br />
substancialmente nos últimos anos.<br />
Segundo a psicanálise, as pessoas são movidas<br />
por pulsões, um cal<strong>de</strong>irão <strong>de</strong> impulsos<br />
energéticos internos que direcionam o<br />
comportamento <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós. Não,<br />
não tem nada a ver com instinto. Trata-<br />
-se daqueles elementos psicológicos mais<br />
fundamentais do indivíduo, que formam<br />
a base do seu comportamento. E é quando<br />
a empresa consegue capturar as nuances<br />
<strong>de</strong>sses elementos psicológicos que surge<br />
a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se extrair o tão falado<br />
“consumer insight”.<br />
O consumer insight é<br />
o que permite a uma empresa<br />
compreen<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s<br />
mais profundas<br />
<strong>de</strong> seu público-alvo e, principalmente,<br />
aponta caminhos<br />
para que ela construa<br />
um plano <strong>de</strong> ação que conecte<br />
<strong>de</strong> forma mais efetiva<br />
seu produto ou proposta<br />
<strong>de</strong> valor ao consumidor. Hoje, mais do que<br />
administrar mercados, os profissionais<br />
<strong>de</strong> marketing estão familiarizados com a<br />
importância <strong>de</strong> se i<strong>de</strong>ntificar, mapear, interpretar,<br />
acompanhar e antever os novos<br />
códigos culturais e comportamentais que<br />
regem nossas vidas. E essas novas formas<br />
<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r como o público pensa, sente,<br />
se comporta e se organiza, em um contexto<br />
cada vez mais dinâmico e plural, criou<br />
alguns <strong>de</strong>safios teóricos e metodológicos.<br />
Afinal, como acompanhar e compreen<strong>de</strong>r<br />
a complexida<strong>de</strong> do pensamento humano?<br />
Para tanto, você <strong>de</strong>ve se ater a quatro pontos,<br />
que são fundamentais:<br />
“Como<br />
aCompanhar e<br />
Compreen<strong>de</strong>r a<br />
Complexida<strong>de</strong><br />
do pensamento<br />
humano?”<br />
1 - Levante todos os dados possíveis sobre<br />
o que seu público-alvo anda pensando<br />
e fazendo. Aqui é preciso investir em big<br />
data, em serviços que mapeiem as re<strong>de</strong>s<br />
sociais em busca <strong>de</strong> informações comportamentais<br />
relevantes para o seu negócio.<br />
Não se trata, meramente, <strong>de</strong> uma reunião<br />
gigante <strong>de</strong> números, embora eles sejam<br />
importantes. Um consumer insight é a conclusão<br />
a que se chega após a análise, crítica,<br />
das estatísticas <strong>de</strong> que se dispõe.<br />
2 - De posse <strong>de</strong>sses dados, tente enten<strong>de</strong>r<br />
por que seus consumidores (ou o público-alvo<br />
<strong>de</strong> seu produto/serviço) pensam o<br />
que pensam e agem como agem. Imagine o<br />
que norteia esses clientes, quais as suas aspirações<br />
(pessoais, sociais e profissionais) e<br />
facetas da vida cotidiana estão aptos a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />
ou a criticar.<br />
3 - Feito isso, o terceiro ponto é i<strong>de</strong>ntificar<br />
as várias pulsões presentes nesse público-alvo<br />
e selecionar aquela pulsão que<br />
representa o maior potencial para a sua<br />
marca (ou por não estar sendo trabalhada<br />
<strong>de</strong>vidamente pela concorrência ou por ser<br />
mais próxima do DNA da sua empresa<br />
etc.).<br />
4 - E, enfim, <strong>de</strong>senvolva, com<br />
sua equipe <strong>de</strong> marketing, o consumer<br />
insight (ou, o que seria ainda<br />
melhor, os consumer insights, no<br />
plural) <strong>de</strong> sua empresa: <strong>de</strong>screva<br />
as pulsões percebidas do modo<br />
mais preciso e profundo possível,<br />
i<strong>de</strong>ntificando as origens e suas<br />
consequências nos comportamentos funcionais<br />
e emocionais <strong>de</strong> seu público-alvo.<br />
Dito assim até parece fácil, mas não se<br />
<strong>de</strong>ixe iludir. Um consumer insight mal<br />
percebido por uma empresa po<strong>de</strong> não apenas<br />
limitar suas opções <strong>de</strong> mercado como<br />
<strong>de</strong>rrubar as chances <strong>de</strong> cativar ainda mais<br />
clientes. Já a força por trás <strong>de</strong> um consumer<br />
insight genuíno resi<strong>de</strong> em fazer <strong>de</strong> seu<br />
produto/serviço um complemento natural<br />
das necessida<strong>de</strong>s do consumidor, algo tão<br />
importante e próximo das verda<strong>de</strong>s por ele<br />
<strong>de</strong>fendidas que o convença, por exemplo,<br />
a postar um testemunho positivo em uma<br />
re<strong>de</strong> social – ou se tornar ativista <strong>de</strong> suas<br />
ações. Eis o tipo <strong>de</strong> marketing que, como<br />
você já <strong>de</strong>ve saber, é o pote <strong>de</strong> ouro no fim<br />
do arco-íris.<br />
Renato Pelissaro é diretor <strong>de</strong> marketing<br />
do PayPal para a América Latina<br />
rpelissaro@paypal.com<br />
32 3 <strong>de</strong> <strong>outubro</strong> <strong>de</strong> <strong>2016</strong> - jornal propmark