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edição de 20 de novembro de 2017

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eyond the line<br />

Quando a propaganda<br />

é a atração<br />

É inegável a eficácia <strong>de</strong> uma comunicação <strong>de</strong><br />

marketing que “persegue” as pessoas<br />

Alexis Thuller PAgliArini<br />

esperado comercial <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> ano da<br />

O John Lewis, loja <strong>de</strong> <strong>de</strong>partamentos britânica,<br />

chegou e já virou trend topic nas<br />

re<strong>de</strong>s sociais. Depois que resolveu tratar o<br />

Natal como motivo para uma superprodução<br />

comercial, a empresa tem conseguido<br />

gerar uma enorme expectativa em torno<br />

da sua campanha natalina, sempre com<br />

temas emotivos, envolvendo sonhos infantis<br />

e personagens que caem nas graças do<br />

público.<br />

Foi assim com o Monty The Pengin,<br />

campanha <strong>de</strong> <strong>20</strong>14, ganhadora <strong>de</strong> Grand<br />

Prix no Cannes Lions <strong>20</strong>15. Além <strong>de</strong> encantar<br />

a todos, o simpático pinguim presente<br />

no comercial acabou se tornando<br />

tema <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> produtos, com excelente<br />

resultado comercial.<br />

De lá para cá, as campanhas natalinas<br />

da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> lojas, carregadas <strong>de</strong> emoção,<br />

fazem muito sucesso e são ansiosamente<br />

aguardadas pelo consumidor.<br />

Em <strong>20</strong>15, o tema foi Man on The Moon,<br />

com a interação imaginária <strong>de</strong> uma garotinha<br />

com um simpático velhinho, morador<br />

da lua.<br />

No ano passado, foi Busterthe Boxer,<br />

tendo como personagem principal um<br />

cachorro boxer, que se <strong>de</strong>licia na cama<br />

elástica comprada como presente <strong>de</strong> Natal<br />

para a garotinha da história. E, agora,<br />

o personagem é Moz the Monster, um simpático<br />

monstro que habita os sonhos <strong>de</strong><br />

um garotinho.<br />

Não tenho dúvida <strong>de</strong> que o monstrão<br />

vai virar um novo personagem <strong>de</strong> sucesso,<br />

inspirando mais uma linha <strong>de</strong> produtos<br />

da John Lewis. Acompanhando essa<br />

história <strong>de</strong> sucesso, foi inevitável a minha<br />

reflexão sobre campanhas publicitárias<br />

que se tornam talk of the town e se multiplicam<br />

em espontâneos compartilhamentos<br />

pelas re<strong>de</strong>s sociais.<br />

A propaganda brasileira e mundial têm<br />

um monte <strong>de</strong> cases como esses na sua<br />

história. Personagens como o Garoto Bom<br />

Bril, protagonizado por Carlos Moreno, ou<br />

o Baixinho da Kaiser, por exemplo, sempre<br />

viravam tema <strong>de</strong> papos entre amigos,<br />

e não só entre publicitários. As suas histórias<br />

eram comentadas como se fossem<br />

novelas seguidas pelas pessoas.<br />

Os mais velhos se lembrarão dos filmes<br />

da Varig, retratando japoneses, portugueses,<br />

em torno <strong>de</strong> músicas que ficavam<br />

na nossa cabeça. Isso é propaganda! Esse<br />

buzz e a consequente potencialização do<br />

efeito <strong>de</strong> uma campanha são impagáveis!<br />

E não precisa ser uma campanha ou um<br />

belo comercial. É só nos lembrarmos dos<br />

dois cases mais premiados em Cannes este<br />

ano.<br />

Embora não sejam percebidos naturalmente<br />

como “propaganda”, a Fearless<br />

Girl e o Graham, ambas esculturas, tiveram<br />

o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> gerar ampla repercussão<br />

nas re<strong>de</strong>s sociais, pelo inusitado das suas<br />

formas, mas também pela i<strong>de</strong>ia por trás<br />

<strong>de</strong>sses cases.<br />

Acho essa reflexão pertinente nesses<br />

tempos em que se sobrevaloriza os algoritmos<br />

e a matemática por trás <strong>de</strong> campanhas.<br />

Entendo perfeitamente a reação<br />

do lendário John Hegarty, uns três anos<br />

atrás, no Cannes Lions, quando se contrapunha<br />

ferozmente ao excesso <strong>de</strong> valorização<br />

dada ao uso massivo <strong>de</strong> dados<br />

e do chamado “matemarketing”. “Fuck<br />

programatic! Fuck mathematics!”, vociferou<br />

o criativo, ao ser questionado sobre a<br />

força da propaganda baseada em dados.<br />

De fato, é inegável a eficácia <strong>de</strong> uma comunicação<br />

<strong>de</strong> marketing que “persegue”<br />

as pessoas – uma a uma – usando recursos<br />

que permitem acompanhar com precisão<br />

a jornada <strong>de</strong> cada potencial consumidor,<br />

“atacando-o” <strong>de</strong> forma precisa e preditiva,<br />

coerente com seus hábitos e atitu<strong>de</strong>s.<br />

Mas, que me <strong>de</strong>sculpem os <strong>de</strong>fensores<br />

<strong>de</strong>sses processos matemáticos da comunicação,<br />

não dá para tirar o valor <strong>de</strong> uma<br />

propaganda que vira conversa do dia seguinte,<br />

que impacta as pessoas mais pela<br />

emoção do que pela razão.<br />

Infelizmente não é fácil fazer uma propaganda<br />

com esse po<strong>de</strong>r. Talvez por isso,<br />

alguns marqueteiros, como uma reconhecida<br />

profissional que ouvi em evento<br />

recente, admitam que muitas vezes “se<br />

escon<strong>de</strong>m atrás dos dados”.<br />

É uma atitu<strong>de</strong> mais segura, mais <strong>de</strong>fensável.<br />

Mas não gera peças memoráveis como<br />

as campanhas da John Lewis.<br />

lizzyhayman/iStock<br />

Alexis Thuller Pagliarini é superinten<strong>de</strong>nte<br />

da Fenapro (Fe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong> Agências<br />

<strong>de</strong> Propaganda)<br />

alexis@fenapro.org.br<br />

32 <strong>20</strong> <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>20</strong>17 - jornal propmark

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